Timidez nas crianças
A revista Veja deste domingo publica a matéria chamada Antídoto contra a timidez, dando destaque à informação de que "o comportamento da mãe é decisivo para evitar que a inibição natural das crianças se transforme em fobia".
Na matéria, é dito que, nos primeiros anos de vida, a mãe é o modelo de socialização da criança. Penso que isso não deva levar à conhecida tendência de alguns homens de se desonerar de sua responsabilidade. Se é a mãe o modelo, o marido é o companheiro dela, com o qual pode ela dialogar, ser incentivada, melhorar suas atitudes com o filho. A família é sempre uma comunidade de vida e amor, não podendo o pai se ausentar também nesse aspecto.
Também me parece interessante a seguinte informação: "Exigir de uma criança o que ela não pode dar só aumenta a sua angústia e reforça o seu comportamento retraído" (afirmação do psiquiatra infantil Francisco Assumpção Júnior, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo). Isso significa que não podemos querer que nosos filhos sejam extrovertidos de uma hora para a outra. Seria uma violência, por exemplo, puxá-los à força em uma festa junina para que participem de uma brincadeira com o restante dos colegas na escola. Há pais e, principalmente, mães que fazem isso. Por um lado, está o desejo de ver a criança bem integrada em seu meio; mas também existe aquele espírito competitivo que nos leva a querer exibir nossos filhos, mostrar como são os melhores, etc. Devemos estar atentos à pureza de nossas intenções com nossos filhos.
Muitas vezes, a timidez está acompanhada do medo de errar, da vergonha, de uma espécie de "intuição" de que se falarem alguma coisa estarão dizendo bobagem. Quem será que as levou a acreditar nisso?
Não estou aqui para atirar a primeira pedra, mas se a timidez for decorrência da baixa autoestima, os pais devem se perguntar com muita seriedade qual sua parte na visão negativa que a criança tem de si mesma. Destacar apenas o lado negativo ("você não faz nada direito", "você não presta", "ai, que saco, você só sabe me irritar"...) é uma violência muito grande, porque a criança não tem a capacidade de olhar as coisas com objetividade e perceber que tais palavras são, acima de tudo, injustas. Todo rótulo é injustiça! Ela acredita piamente no que lhe dizem a mãe e o pai. Uma variante disso é a superexigência que certos pais impõem aos filhos. Tais pessoas têm menos de pais do que de tiranos. Acinzentar a infância com exigências descabidas para a idade é também uma maneira de violentá-las.
Tais atitudes são uma espécie de abandono das crianças. Porque o abandono é mais do que deixá-las fisicamente sozinhas. É ser-lhes indiferente, é não reconhecer sua mesmidade e sua vocação. É, antes de tudo, não reconhecer que pertencem a Deus. Nunca me esquecerei das terríveis palavras que ouvi de João Paulo II no Maracanã, na festa testemunho por ocasião do encontro com as famílias: "Os lares que não educam integralmente seus filhos, que os abandonam, cometem uma gravíssima injustiça de que deverão prestar contas diante do tribunal de Deus". Diante do tribunal do Pai, aliás, tribunal daquele que é a paternidade por excelência, nós deveremos prestar contas de nossa própria paternidade.
Uma maneira inteligente de ajudar as crianças a vencer a timidez é apontar o lado positivo de seus feitos, elogiar suas conquistas, incentivá-las positivamente. Isso não significa passar a mão sobre suas cabeças quando cometem seus erros. As crianças precisam ser educadas, precisam de limites e aprender a viver na liberdade dos filhos de Deus. Não se trata, portanto, de não educar, mas ajudá-las a ter um conhecimento integral de si mesmas (naquilo que é bom -para reforçá-lo- e naquilo que é ruim -para melhorá-lo).
Para terminar, queria destacar uma informação que, na metéria mencionada, aparece de maneira muito passageira. No quadro abaixo, retirado da revista, há o seguinte conselho: "Encoraje seu filho a ajudar os outros. O altruísmo, dizem os especialistas, é um antídoto contra a timidez".
A palavra altruísmo é pobre quando comparada com essa outra: caritas. Caridade! Ensiná-los a amar, por exemplo ajudando a praticar as obras de misericórdia. Você se lembra quais são elas? Vale a pena relembrá-las, e pensar em como levar seu filho a praticá-las (começando, claro, pelo seu exemplo). São elas:
Obras de misericórdia espirituais: ensinar ao que não sabe (por exemplo, ensinando a uma criança menor que não se deve pôr o dedo na tomada), dar bons conselhos ao que necessita (a um amiguinho que não gosta de estudar, por exemplo), corrigir aquele que erra, perdoar as injustiças, consolar quem está triste, tolerar os defeitos do próximo e rezar pelos falecidos.
Obras de misericórdia corporais: visitar os doentes, dar comida a quem tem fome, dar bebida a quem tem sede, dar assistência a quem está preso (por exemplo, um coleguinha que está de castigo), vestir quem está nu, dar abrigo ao peregrino, enterrar os mortos (aqui vale também enterrar os bichinhos).
Claro que a vida cotidiana traz um sem-número de ocasiões para educar os filhos na bondade com os demais. O importante é estarmos espiritualmente alimentados pela graça, a fim de que nossos olhos estejam sensíveis às oportunidades que Deus nos dá para educarmos nossos filhos dia a dia.
Na matéria, é dito que, nos primeiros anos de vida, a mãe é o modelo de socialização da criança. Penso que isso não deva levar à conhecida tendência de alguns homens de se desonerar de sua responsabilidade. Se é a mãe o modelo, o marido é o companheiro dela, com o qual pode ela dialogar, ser incentivada, melhorar suas atitudes com o filho. A família é sempre uma comunidade de vida e amor, não podendo o pai se ausentar também nesse aspecto.
Também me parece interessante a seguinte informação: "Exigir de uma criança o que ela não pode dar só aumenta a sua angústia e reforça o seu comportamento retraído" (afirmação do psiquiatra infantil Francisco Assumpção Júnior, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo). Isso significa que não podemos querer que nosos filhos sejam extrovertidos de uma hora para a outra. Seria uma violência, por exemplo, puxá-los à força em uma festa junina para que participem de uma brincadeira com o restante dos colegas na escola. Há pais e, principalmente, mães que fazem isso. Por um lado, está o desejo de ver a criança bem integrada em seu meio; mas também existe aquele espírito competitivo que nos leva a querer exibir nossos filhos, mostrar como são os melhores, etc. Devemos estar atentos à pureza de nossas intenções com nossos filhos.
Muitas vezes, a timidez está acompanhada do medo de errar, da vergonha, de uma espécie de "intuição" de que se falarem alguma coisa estarão dizendo bobagem. Quem será que as levou a acreditar nisso?
Não estou aqui para atirar a primeira pedra, mas se a timidez for decorrência da baixa autoestima, os pais devem se perguntar com muita seriedade qual sua parte na visão negativa que a criança tem de si mesma. Destacar apenas o lado negativo ("você não faz nada direito", "você não presta", "ai, que saco, você só sabe me irritar"...) é uma violência muito grande, porque a criança não tem a capacidade de olhar as coisas com objetividade e perceber que tais palavras são, acima de tudo, injustas. Todo rótulo é injustiça! Ela acredita piamente no que lhe dizem a mãe e o pai. Uma variante disso é a superexigência que certos pais impõem aos filhos. Tais pessoas têm menos de pais do que de tiranos. Acinzentar a infância com exigências descabidas para a idade é também uma maneira de violentá-las.
Tais atitudes são uma espécie de abandono das crianças. Porque o abandono é mais do que deixá-las fisicamente sozinhas. É ser-lhes indiferente, é não reconhecer sua mesmidade e sua vocação. É, antes de tudo, não reconhecer que pertencem a Deus. Nunca me esquecerei das terríveis palavras que ouvi de João Paulo II no Maracanã, na festa testemunho por ocasião do encontro com as famílias: "Os lares que não educam integralmente seus filhos, que os abandonam, cometem uma gravíssima injustiça de que deverão prestar contas diante do tribunal de Deus". Diante do tribunal do Pai, aliás, tribunal daquele que é a paternidade por excelência, nós deveremos prestar contas de nossa própria paternidade.
Uma maneira inteligente de ajudar as crianças a vencer a timidez é apontar o lado positivo de seus feitos, elogiar suas conquistas, incentivá-las positivamente. Isso não significa passar a mão sobre suas cabeças quando cometem seus erros. As crianças precisam ser educadas, precisam de limites e aprender a viver na liberdade dos filhos de Deus. Não se trata, portanto, de não educar, mas ajudá-las a ter um conhecimento integral de si mesmas (naquilo que é bom -para reforçá-lo- e naquilo que é ruim -para melhorá-lo).
Para terminar, queria destacar uma informação que, na metéria mencionada, aparece de maneira muito passageira. No quadro abaixo, retirado da revista, há o seguinte conselho: "Encoraje seu filho a ajudar os outros. O altruísmo, dizem os especialistas, é um antídoto contra a timidez".
A palavra altruísmo é pobre quando comparada com essa outra: caritas. Caridade! Ensiná-los a amar, por exemplo ajudando a praticar as obras de misericórdia. Você se lembra quais são elas? Vale a pena relembrá-las, e pensar em como levar seu filho a praticá-las (começando, claro, pelo seu exemplo). São elas:
Obras de misericórdia espirituais: ensinar ao que não sabe (por exemplo, ensinando a uma criança menor que não se deve pôr o dedo na tomada), dar bons conselhos ao que necessita (a um amiguinho que não gosta de estudar, por exemplo), corrigir aquele que erra, perdoar as injustiças, consolar quem está triste, tolerar os defeitos do próximo e rezar pelos falecidos.
Obras de misericórdia corporais: visitar os doentes, dar comida a quem tem fome, dar bebida a quem tem sede, dar assistência a quem está preso (por exemplo, um coleguinha que está de castigo), vestir quem está nu, dar abrigo ao peregrino, enterrar os mortos (aqui vale também enterrar os bichinhos).
Claro que a vida cotidiana traz um sem-número de ocasiões para educar os filhos na bondade com os demais. O importante é estarmos espiritualmente alimentados pela graça, a fim de que nossos olhos estejam sensíveis às oportunidades que Deus nos dá para educarmos nossos filhos dia a dia.
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