Família de Nazaré: Um Capítulo Perdido...

Um Capítulo Perdido...

Atualização em 28 de outubro de 2008: os links para "A lost chapter..." já não funcionam. Foram tirados do ar. Mas aqui vai um texto da Arquidiocese de Denver, sobre o conto.

C.S. Lewis, o famoso escritor britânico de As Crônicas de Nárnia, escreveu um interessante conto chamado "Xmas and Christmas. A Lost Chapter from Herodotus". Neste conto, ele relata as experiências de um povo bárbaro que vive num reino chamado Niatirb (anagrama de Britain, a Grã-Bretanha), e seus estranhos costumes de fim de ano.

Abaixo segue um ensaio despretensioso que está buscando trazer para o idioma português e também para o contexto do nosso tempo o excelente escrito de C.S. Lewis. Se você for fluente em Inglês, leia o texto no original.

"Muito além do nosso oceano, além do horizonte que podemos ver, existe uma terra distante - de costumes diferentes dos nossos -chamada Sabril. Esta terra é habitada por pessoas de idiomas e roupas mais ou menos similares aos nossos, os sabrileiros.

Mais ou menos no meio do verão, quando o calor começa a incomodar, eles tem uma grande festividade, chamada Latan, para a qual eles se começam a se preparar cerca de cinquenta dias antes. Primeiro de tudo, cada cidadão é obrigado a mandar para seus amigos e conhecidos um pedaço retangular de papel dobrado, com uma figura e com dizeres do lado de dentro, que na língua deles se chama Cartão de Latan. Mas as figuras de ditos papéis tem imagens de pássaros, arvores verdes com frutos brilhantes, ou ainda casas com o telhado coberto de neve, ainda que no Sabril neve praticamente não exista. Mas os sabrileiros insistem que estas figuras tem a ver com a festividade, guardando (como eu suponho) um certo mistério sagrado. Como todos devem mandar este tipo de papel, o mercado está inundado deles, e as pessoas compram e enviam.

Após comprar e enviar tantos quanto eles acreditem suficiente, eles voltam para casa e verificam que receberam papéis similares de outras pessoas. E se eles recebem um papel de alguém que eles também mandaram, eles jogam fora e agradecem os deuses que o seu trabalho está completo até o fim do próximo ano. Mas se eles recebem um Cartão de Latan de alguém que eles não mandaram, eles esbravejam e rogam pragas contra estas pessoas, e novamente saem no calor, enfrentado filas e filas para mandar para estes o seu pedaço de papel.

Eles também mandam presentes uns para os outros, sofrendo mais ou menos o mesmo que os cartões, ou pior. Para cada presente recebido eles precisam tentar adivinhar o valor do presente para poder retribuir com um presente de cifra aproximada, possam eles pagar ou não. E eles compram presentes para os outros que jamais comprariam para si mesmos. Os vendedores, entendendo o costume, colocam a venda todo tipo de tranqueira ridícula e inútil a venda como presente de Latan.

E durante estes cinquenta dias, cada vez mais apressadamente, as pessoas se atropelam nas lojas e lugares de compras, e também ficam cansadas de tantas coisas para carregar. Alguns homens se vestem com barbas postiças e roupas vermelhas, e ficam passeando pelo comércio.

E quando chega o dia da festividade eles dormem até tarde, tentando descansar das confusões do dia anterior. e na noite, comer cinco vezes mais do que comem normalmente e por vezes bebem mais o que durante o ano todo. No final da noite ou no dia seguinte, reconhecem o exagero que fizeram na comida ou nas despesas com os presentes. E estes são os costumes do Latan.

Porém poucos destes sabrileiros também tem um festival separado e para eles chamado Antal, que acontece no mesmo dia do Latan. E estes que guardam o Antal, ao contrário da maioria dos outros, acordam cedo no dia e vao para um templo, onde existe preparado uma cena sobre uma história de uma mulher justa que teve seu Filho numa manjedoura, cercada de animais e de pastores, adorando-O.

Mas eu um dia conversei com um dos sacerdotes destes templos,perguntando por que eles realizavam aquela comemoração no mesmo dia no Latan, o que para mim parecia inconveniente. Foi quando ele me respondeu que as pessoas estavam tão atordoadas pelo Latan que tinham esquecido das coisas sagradas. e que para eles não era possível mudar a data, embora muitos preferissem que o Antal nem existisse."

Quando ele me disse que o Antal e o Latan eram a mesma coisa, eu praticamente não acreditei. Primeiro por que as imagens dos papeis não tinham nada a ver com a história da criança nascida, e segundo por que os sabrileiros, não acreditando na religião da minoria, passariam por tanta confusão, comilança e bebedeira? Nenhum homem, desta ou de outra terra deve sofrer tanto e fazer tantas coisas por causa de uma coisa que ele não acredita".

Feliz Natal para todos!

Um comentário:

  1. Oi! Gostei muito do seu blog! O link que vc indica para o texto do C.S. Lewis eta fora do ar.

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