Família de Nazaré: Poucos filhos: crise do amor e da esperança

Poucos filhos: crise do amor e da esperança

Um dos piores problemas que o mundo enfrenta hoje é a falta de nascimento de crianças. Poucos países têm hoje o índice de natalidade de 2,1 filhos/mulher, o mínimo necessário para a população se manter estável. Todos os paises da Europa estão com índices muito abaixo disso, assim, a população começa a diminuir e faltam braços jovens para o trabalho e para manter a Previdência Social. Cresce assustadoramente o número de velhos e de aposentados, que custam muito ao pais. Isto gera a necessidade de aproveitar os imigrantes no trabalho. Os governos da Europa e do Japão fazem campanhas e pagam os casais para terem mais filhos.

Este controle drástico da natalidade tem uma razão profunda revelada pelo Papa Bento XVI no dia 28 de abril, em uma mensagem dirigida aos participantes da Pontifícia Academia de Ciências Sociais, disse: que “a queda da natalidade é conseqüência de uma crise de amor.”

De fato, somente uma sociedade “doente” não quer mais ter filhos.

Disse o Pontífice que: “Esta situação é o resultado de uma série de causas múltiplas e complexas”, cujas “razões últimas são morais e espirituais; estão relacionadas com uma preocupante perda de fé, de esperança e de amor”.

Em outras palavras podemos dizer que a falta de Deus na vida dos casais é o que gera o medo de ter filhos. Diz o Papa: “Possivelmente a falta de um amor criativo e aberto à esperança é o motivo pelo que muitos casais não se casam, ou explica porquê fracassam tantos matrimônios e porquê os índices de natalidade diminuíram notavelmente”. O Santo Padre afirmou que as crianças e os jovens, “freqüentemente, em vez de sentir carinho e de sentir-se amados, são simplesmente tolerados”. “Em um mundo caracterizado por processos de globalização cada vez mais rápidos, estão expostos unicamente a uma visão materialista do universo, da vida e da realização humana”.

O Catecismo da Igreja ensina que:“A Sagrada Escritura e a prática tradicional da Igreja vêem nas famílias numerosas um sinal da bênção divina e da generosidade dos pais” (CIC, 2373; GS, 50,2).

“A fecundidade é um dom, um fim do matrimônio, porque o amor conjugal tende a ser fecundo... A Igreja ‘está ao lado da vida’, e ensina que qualquer ato matrimonial deve estar aberto à transmissão da vida” (CIC, 2366 ).“Os filhos são o dom mais excelente do Matrimônio e constituem um benefício máximo para os próprios pais” (CIC, 2378). Como cristãos não podemos fechar os olhos para este ensinamento da Igreja.

O renomado historiador francês, professor da Sorbonne, Pierre Chaunu, na entrevista que deu à revista VEJA, de 11.07.84 (há 22 anos!), sob o título “A Caminho do Desastre”, já afirmava, entre tantos outros alertas contra o controle da natalidade, que “estamos no limiar de um mundo de velhos” e que a humanidade corre o risco de ver a “implosão da espécie humana”. E mais:“Há quinze anos entramos num processo catastrófico. As taxas de natalidade caíram tanto nos países industrializados que já não somos capazes sequer de repor a geração atual “. “Na França já se constrói mais ataúdes do que berços”. Mas será que falta alimentação no mundo? Não. O Relatório da ONU intitulado Estado da População Mundial, em 1987, afirmou: “Depois da revolução verde, da biotecnologia, não se duvida mais que haja condições para acabar com a fome no mundo” (Folha de São Paulo, 15/06/87).

O mesmo Relatório da ONU ainda afirmava:“Há 453 milhões de toneladas de trigo, arroz e grãos estocados em todo o mundo, e os agricultores dos Estados Unidos e da Europa Ocidental são pagos para não produzir”.

A Folha de São Paulo, em matéria intitulada “Terra não terá explosão populacional, diz a ONU” (05/02/98, pag.1-14), da jornalista Cláudia Pires, de Nova York, afirma:“Depois de anos de previsões sobre uma possível explosão populacional na Terra, demógrafos e outros especialistas no assunto acabaram concluindo que o risco de um planeta super-habitado está cada vem mais distante. Atualmente existem 5,7 bilhões de pessoas no planeta. De acordo com os especialistas, se os índices populacionais forem mantidos... o total populacional na metade do próximo século deve estar beirando os 9,4 bilhões. A cifra é a metade da prevista no início deste século.”

Malthus afirmava que o crescimento da natalidade era uma “bomba” demográfica e que o mundo chegaria ao ano 2000 com 20 bilhões de pessoas. Não chegou a 6,5 bilhões... Catastrofistas de plantão assustam a humanidade.

A Igreja sempre condenou esse controle drástico da natalidade, desde que a pílula anticoncepcional foi inventada, em 1967. Paulo VI que a combateu na “Humanae Vitae”, dizia que a Igreja é “doutora em humanidade”. Por não querer ouvir a sua voz, o mundo, mais uma vez, começa a chorar a falta de filhos; e vai chorar muito mais ainda; quem viver verá...

Não é justo e nem moral querer resolver os problemas da humanidade impedindo a vida de existir, e de proibir as pessoas de terem filhos. Dizia Paulo VI: “ Não se trata de diminuir o número de comensais, mas de aumentar a comida na mesa ”. A Igreja não aceita soluções fáceis para problemas difíceis, porque sabe que são inócuos.

Não tenho dúvida de que serão muito felizes os casais cristãos de nosso tempo, que tiverem a fé e a coragem de desafiar esta onda contraceptiva e tiver todos os filhos que puder criar, sem medo, sem comodismo e sem egoísmo.

Prof. Felipe Aquino. Doutor em Física, professor universitário, teólogo.

5 comentários:

  1. Experimente responder, a quem te perguntar "Quantos filhos vc quer ter?" um numero maior que 2. Normalmente a pessoa do outro lado ficará escandalizada. :-)

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  2. Belíssimo blog e belíssimo artigo.
    Ainda noiva eu dizia q se pudesse teria no mínimo 4 filhos. Mas o mínimo aceitável é 3. Realmente as pessoas ficam escandalizadas quando falo.

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  3. Estou analisando este ponto de vista da igreja e acho que é muito difícil para uma família de classe média baixa ter mais de um filho e conseguir pagar escola pois a pública não oferece qualidade, ter a casa própria, plano de saúde, etc. Esses bens são direitos básicos de todo cidadão.
    Penso que amar é ser responsável. E como ser responsável tendo muitos filhos sem oferecer as condições dignas de vida. O mercado de trabalho está cada vez mais competitivo. Os ricos que tenham mais filhos. A quem mais foi "dado" que seja cobrado.
    Cristiane Real Ramos
    Assistente Social

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Estou analisando este ponto de vista da igreja e acho que é muito difícil para uma família de classe média baixa ter mais de um filho e conseguir pagar escola pois a pública não oferece qualidade, ter a casa própria, plano de saúde, etc. Esses bens são direitos básicos de todo cidadão.
    Penso que amar é ser responsável. E como ser responsável tendo muitos filhos sem oferecer as condições dignas de vida? O mercado de trabalho está cada vez mais competitivo. Os ricos que tenham mais filhos. A quem mais foi "dado" que seja cobrado.
    Cristiane Real Ramos
    Assistente Social

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