COP-15 e a fé
As religiões têm um papel a cumprir na discussão sobre as mudanças climáticas?
A foto que ilustra essa postagem representa a COP-15, a cúpula da ONU reunida na Dinamarca para discutir um acordo juridicamente vinculante para redução de emissões de gases, responsáveis pela mudança climática. Chefes de Estado, cientistas, ONGs, participaram da cúpula, que se encerra de modo decepcionante. A próxima será reunida no México, e parece que há um grande caminho a ser percorrido para que algo concreto seja feito.
Esse não me parece ser apenas um assunto político ou científico. Há também um aspecto religioso em isso tudo. É o que abordei num comentário que acabei de deixar no blog Ciência e Tecnologia. Aí vai meu comentário abaixo. Tchau.
Gostei muito do comentário do Marcell (17/12/2009). Vejo por aí também.
Como sou uma pessoa religiosa, chamo a atenção para as grandes tradições religiosas do mundo (cristianismo, judaísmo, islamismo, budismo). Por que todas elas pregam o jejum? Certamente, cada religião se expressa de modo diferente, mas parece haver uma intuição profundamente humana em todas elas: o homem precisa controlar seus apetites. Há algo em nós desordenado (como católico, chamo de pecado), que nos faz ter pensamentos desordenados e condutas desordenadas. P. ex., sabemos quais são os alimentos saudáveis, mas babamos por tudo aquilo que faz mal à saúde.
Nossa sociedade atual é hedonista e consumista. Vejo uma ligação muito forte entre esses dois fatores. O hedonismo é a busca do prazer desenfreado, em todos os níveis (sexo, comida, bebida, conforto, beleza, tudo isso dá prazer e são os deuses do momento). E se uma pessoa vive buscando sua satisfação, torna-se mais propensa ao consumo desenfreado. Isso não tem fim, porque no fundo nossa busca de prazer é, na verdade, busca de felicidade. E nosso coração tem uma fome infinita de felicidade, porque foi feito para Deus e não descansa enquanto não O encontrar.
O "consumo consciente" é uma necessidade. E o consumo consciente é uma consequencia de algo mais profundo: o "homem consciente", ou seja, que sabe quem é e age conforme a essa verdade. Quem é o homem, quem sou eu, como devo agir para ser feliz? São questões que perpassam os séculos, e que cada geração precisa responder do zero.
Então, vejo um papel muito importante das religiões nesse debate. Elas têm uma chave que os chefes de Estado e os cientistas não têm: elas motivam as pessoas por dentro, elas mudam os hábitos, elas tornam as pessoas convictas. Portanto, elas precisam ser convidadas à mesa de negociação e precisam ser ouvidas sem preconceitos.
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