O aborto é uma concepção de vida humana
Já escrevi aqui sobre o aborto algumas vezes, especialmente no texto Aborto: liberdade ou tirania? e na postagem Preconceito contra a adoção, em que apresentei um vídeo sobre as conseqüências psicológicas do aborto sobre a mulher.
Mais uma vez volto ao tema (e o farei novamente), mas agora apresentando um texto de outro autor. O artigo abaixo é de Ogeni Luiz Dal Cin, advogado e filósofo, membro colaborador da Comissão de Defesa da República e da Democracia da OAB-SP. Recebi através de e-mail por parte do Procurador do Estado de São Paulo, Dr. Cícero Harada, ao qual agradeço.
Do mesmo autor, outro texto interessante é A vida, o planeta e o aborto.
Para quem quer se aprofundar no tema do aborto, vale muito a pena visitar o site Tamar-Matar.
Cada um de nós, por crença ou conveniência, se inclui na concepção de ser humano que adota. E, por ela, concebe e julga os demais. Se adotarmos a concepção cristã de pessoa humana, que fecunda a civilização ocidental há mais de 2.000 anos, a atitude diante da vida humana não pode ser casuística, reducionista e relativa, pois a vida humana transcende todas as possibilidades de apreensão absoluta, de definição “coisificante” e fechada ao imanente, em qualquer situação.
Após 2.000 anos de História, somente nas últimas décadas, sem segurança de qualquer ordem, nem mesmo científica, mas inebriada por promessas paradisíacas, há muitos interesses não revelados, a sociedade ocidental procura relativizar o fundamento ontológico de nossa civilização. Esse processo medra à medida que cresce o hedonismo consumista, sob o suposto de que a única verdade é o relativismo materialista, encimado pela liberdade comprometida com o hedonismo, elevada ao absoluto.
A nova visão que se desenha, sem rosto definido, esvazia todos os valores fundantes da pessoa humana, relativizando-os, para torná-los meros regulamentos positivos e transitórios, sempre sujeitos às vicissitudes dos humores dos de que se julgam investidos de algum Poder. Pouco a pouco, nós, pobres mortais, somos empurrados a reviver, quanto aos direitos fundamentais, modelos pré-cristãos a começar pelo direito à vida.
O que deveria ser valor por si mesmo em razão de constituir a própria pessoa humana, transforma-se em benesse do Poder. À medida que os valores da pessoa humana são relativizados, o Poder do Estado se diviniza.
Assim, uma nova história contra a pessoa humana, encurtando sua vida, relativizando-a, começa a ser desenhada. Bem dizia Heidegger, ao denunciar nossa civilização, que nunca se acumulou tantos e tão diversos conhecimentos a respeito do homem como em nossa época e, paradoxalmente, em nenhuma fase histórica se soube tão pouco como agora o que é ele. Essa a razão da crise que abocanha o humano do ser humano e institui o aborto. O aborto é fruto da decadência, não da evolução e do engrandecimento da pessoa humana.
Mata-se o homem, ao menos no seu início, por enquanto, para trazer mais paz e felicidade a todos, principalmente às mulheres, fonte da vida, como se no nascituro estivesse o problema, sem se aperceber que esse ato é decorrência da perda dos referenciais valóricos transcendentes ao próprio homem e da conseqüente euforia relativista. O que era respeito à vida, tornou-se um direito de morte, pela ação dos agentes do aborto. É imperioso que nasça um grito de alerta para cortar o silêncio da morte. Morte é morte. Morte de vida humana.
Agimos acreditando que conhecemos o suficiente a respeito da vida humana, para defini-la objetivamente, dada a estimativa da quantidade de conhecimentos produzidos, mas não queremos admitir que, ainda, para responder às questões que nascem das mais profundas exigências do nosso ser, a ciência não nos dá a resposta reclamada e digna à vida humana, e, por isso, continua a interrogação existencial – o que somos? -, exigindo o complemento da fé como resposta, ou seja, o apoio de fora de tudo o que o positivismo e o iluminismo alcançam.
Com efeito, há uma fé do materialista em encontrar todas as respostas na pura matéria, fé que ultrapassa tudo o que se conhece através da matéria. Ora, da matéria macro e micro, nada conhecemos, a partir de um determinado grau, mas nem por isso deve-se negar a existência dela. Se a vida não é conhecida cientificamente, em si mesma, na sua totalidade, nem por isso podemos dizer que a vida não exista. A insistência nas possibilidades auto-suficientes e onipotentes de a matéria poder dar todas as respostas à vida humana, por meio dos “sagrados cientistas”, leva-nos a um panteísmo cósmico, de retorno, em termos filosóficos e valóricos, ao panteísmo anterior ao nascimento da Filosofia, enquanto ciência do conhecimento produzido pela nossa razão natural a respeito dos fundamentos últimos de tudo o que existe.
Mais uma vez, temos que convir que o que sabemos, apesar de ser muito, é muito pouco para conhecer a vida, mas mesmo assim arriscamos a reduzi-la a este pouco, a torná-la quase nada, e, mais que isso, arvoramo-nos no tirano direito de definir, sem elementos racionais de definição, que a vida tem início quando o homem quer e não desde a ordem natural e ontológica da concepção. Eis o suposto do voluntarismo hedonista, alimentado pelo relativismo, que conduz toda a motivação para o aborto, concebendo a vida humana como uma manifestação que se esgota na matéria, cujos “sacerdotes” são os “cientistas” que professam o materialismo cientificista, não apenas como método, mas como metafísica do fim último de tudo. E há os que, dizendo-se “religiosos”, no agrado aos cientificistas, em nome de uma modernidade que não sabem o que é, fingem compatibilizar o Deus da Vida com o direito de morte ao nascituro, relativizando o “Não Matarás” e destronando o evangélico direito à vida desde a concepção, cuja ação visa, inclusive, a ferir a Igreja Católica. Cada vez mais, quem defende o direito à vida do nascituro é confundido com católico e católico não tem direito de falar porque os donos da vida já decidiram que acabarão por convencer o povo de que o aborto é uma necessidade para salvar os vivos.
Mais uma vez volto ao tema (e o farei novamente), mas agora apresentando um texto de outro autor. O artigo abaixo é de Ogeni Luiz Dal Cin, advogado e filósofo, membro colaborador da Comissão de Defesa da República e da Democracia da OAB-SP. Recebi através de e-mail por parte do Procurador do Estado de São Paulo, Dr. Cícero Harada, ao qual agradeço.
Do mesmo autor, outro texto interessante é A vida, o planeta e o aborto.
Para quem quer se aprofundar no tema do aborto, vale muito a pena visitar o site Tamar-Matar.
O aborto é uma concepção de vida humana
Cada um de nós, por crença ou conveniência, se inclui na concepção de ser humano que adota. E, por ela, concebe e julga os demais. Se adotarmos a concepção cristã de pessoa humana, que fecunda a civilização ocidental há mais de 2.000 anos, a atitude diante da vida humana não pode ser casuística, reducionista e relativa, pois a vida humana transcende todas as possibilidades de apreensão absoluta, de definição “coisificante” e fechada ao imanente, em qualquer situação.
Após 2.000 anos de História, somente nas últimas décadas, sem segurança de qualquer ordem, nem mesmo científica, mas inebriada por promessas paradisíacas, há muitos interesses não revelados, a sociedade ocidental procura relativizar o fundamento ontológico de nossa civilização. Esse processo medra à medida que cresce o hedonismo consumista, sob o suposto de que a única verdade é o relativismo materialista, encimado pela liberdade comprometida com o hedonismo, elevada ao absoluto.
A nova visão que se desenha, sem rosto definido, esvazia todos os valores fundantes da pessoa humana, relativizando-os, para torná-los meros regulamentos positivos e transitórios, sempre sujeitos às vicissitudes dos humores dos de que se julgam investidos de algum Poder. Pouco a pouco, nós, pobres mortais, somos empurrados a reviver, quanto aos direitos fundamentais, modelos pré-cristãos a começar pelo direito à vida.
O que deveria ser valor por si mesmo em razão de constituir a própria pessoa humana, transforma-se em benesse do Poder. À medida que os valores da pessoa humana são relativizados, o Poder do Estado se diviniza.
Assim, uma nova história contra a pessoa humana, encurtando sua vida, relativizando-a, começa a ser desenhada. Bem dizia Heidegger, ao denunciar nossa civilização, que nunca se acumulou tantos e tão diversos conhecimentos a respeito do homem como em nossa época e, paradoxalmente, em nenhuma fase histórica se soube tão pouco como agora o que é ele. Essa a razão da crise que abocanha o humano do ser humano e institui o aborto. O aborto é fruto da decadência, não da evolução e do engrandecimento da pessoa humana.
Mata-se o homem, ao menos no seu início, por enquanto, para trazer mais paz e felicidade a todos, principalmente às mulheres, fonte da vida, como se no nascituro estivesse o problema, sem se aperceber que esse ato é decorrência da perda dos referenciais valóricos transcendentes ao próprio homem e da conseqüente euforia relativista. O que era respeito à vida, tornou-se um direito de morte, pela ação dos agentes do aborto. É imperioso que nasça um grito de alerta para cortar o silêncio da morte. Morte é morte. Morte de vida humana.
Agimos acreditando que conhecemos o suficiente a respeito da vida humana, para defini-la objetivamente, dada a estimativa da quantidade de conhecimentos produzidos, mas não queremos admitir que, ainda, para responder às questões que nascem das mais profundas exigências do nosso ser, a ciência não nos dá a resposta reclamada e digna à vida humana, e, por isso, continua a interrogação existencial – o que somos? -, exigindo o complemento da fé como resposta, ou seja, o apoio de fora de tudo o que o positivismo e o iluminismo alcançam.
Com efeito, há uma fé do materialista em encontrar todas as respostas na pura matéria, fé que ultrapassa tudo o que se conhece através da matéria. Ora, da matéria macro e micro, nada conhecemos, a partir de um determinado grau, mas nem por isso deve-se negar a existência dela. Se a vida não é conhecida cientificamente, em si mesma, na sua totalidade, nem por isso podemos dizer que a vida não exista. A insistência nas possibilidades auto-suficientes e onipotentes de a matéria poder dar todas as respostas à vida humana, por meio dos “sagrados cientistas”, leva-nos a um panteísmo cósmico, de retorno, em termos filosóficos e valóricos, ao panteísmo anterior ao nascimento da Filosofia, enquanto ciência do conhecimento produzido pela nossa razão natural a respeito dos fundamentos últimos de tudo o que existe.
Mais uma vez, temos que convir que o que sabemos, apesar de ser muito, é muito pouco para conhecer a vida, mas mesmo assim arriscamos a reduzi-la a este pouco, a torná-la quase nada, e, mais que isso, arvoramo-nos no tirano direito de definir, sem elementos racionais de definição, que a vida tem início quando o homem quer e não desde a ordem natural e ontológica da concepção. Eis o suposto do voluntarismo hedonista, alimentado pelo relativismo, que conduz toda a motivação para o aborto, concebendo a vida humana como uma manifestação que se esgota na matéria, cujos “sacerdotes” são os “cientistas” que professam o materialismo cientificista, não apenas como método, mas como metafísica do fim último de tudo. E há os que, dizendo-se “religiosos”, no agrado aos cientificistas, em nome de uma modernidade que não sabem o que é, fingem compatibilizar o Deus da Vida com o direito de morte ao nascituro, relativizando o “Não Matarás” e destronando o evangélico direito à vida desde a concepção, cuja ação visa, inclusive, a ferir a Igreja Católica. Cada vez mais, quem defende o direito à vida do nascituro é confundido com católico e católico não tem direito de falar porque os donos da vida já decidiram que acabarão por convencer o povo de que o aborto é uma necessidade para salvar os vivos.
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