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27 outubro 2006

Por quanto você venderia seu filho?

Fico impressionado como os meios de comunicação têm a capacidade de requentar, vez por outra, o tema dos custos que um filho pode trazer.

O jornal O Globo desde domingo (edição de 22/10/2006) volta - mais uma vez - a este assunto, publicando matéria chamada Quanto vale um neto? A matéria foi publicada no suplemento Revista da TV, p. 12. O tema central é o desenvolvimento da novela Páginas da Vida, em que uma personagem pretenderá devolver seu neto ao pai biológico, recebendo em troca a importância de R$ 1 milhão. Na mesma página, aparece um quadro chamado Na ponta do lápis, e é aí que volta a ser tocado o tema do custo de um filho.

É matéria batida. Já havia sido publicada pelo Globo On Line de 09/10/2006, com a chamada Ter um filho custa mais de R$ 1 milhão. Na verdade, sequer esta última reportagem era original, pois se trata de uma reedição de uma antiga, publicada na Revista Época, semanário do mesmo grupo empresarial (edição de 11/07/2005), entitulado Felizes e sem herdeiros.

É um tema que não deixa de despertar a curiosidade do grande público. Chega até a ser motivo de brincadeiras: com o jornal em uma mão e o óculos em outra, meu pai mesmo me disse que se eu e meu irmão devolvermos metade do investimento, ele já ficará satisfeito. Claro que eu aproveitei para cutucar meu irmão, dizendo que ele não valia tanto assim, que era para o meu pai procurar o Procon. Tenho certeza que outras famílias também puderam ter um momento divertido por causa da reportagem.

Mas existe um lado sério, muito sério nessa insistência da imprensa.

Qualquer pai, qualquer mãe, sabe muito bem que o ponto de vista econômico não é a perspectiva justa para se avaliar o valor de um filho. Claro que ninguém desconhece que um filho traz despesas. Mas a insistência de reportagens como essa acaba por reforçar na mentalidade comum que um filho é algo incômodo, é alguém que vem tirar dos pais sua liberdade. Acaba por reforçar aquilo que o Papa João Paulo II chamava de "cultura da morte". Nesse contexto, não deveria espantar que 43% das mulheres brasileiras já tenham se esterilizado, e o total daquelas que não desejam ter filhos chega a 79%!

É importante que os pais adestrem o olhar do seu coração, para ver em profundidade a realidade das coisas e especialmente a realidade dos filhos. Sua origem não pertence aos pais, tampouco seu destino. Nas maternidades, é comum ouvir os pais (mesmo os pouco ou nada religiosos) agradecendo a Deus pelo dom da vida. Pena que, com o passar do tempo, essa intuição do mistério do homem fica adormecida na memória. Mas trata-se de uma tomada de consciência clara de que o filho é um dom que vem do alto, não o fruto de cálculos e da mera decisão humana.

Aqui está um ponto central nessa questão. Com o crescente conhecimento e domínio do ser humano sobre a natureza, especialmente sobre a procriação humana, cresce nossa consciência de responsabilidade. E isso é positivo. Decorre daí o salutar conceito de paternidade responsável.

O que não se pode aceitar é reduzir todo o tema da paternidade responsável à decisão humana. Seria a perda do sentido mais profundo da geração dos filhos, cujas raízes se encontram na decisão de Deus de chamar do nada um novo ser humano. Diante do mistério de um filho, de certa forma somos chamados a fazer o mesmo que Moisés diante da sarça ardente: retirar nossas sandálias dos pés, pois estamos pisando em terreno sagrado. Em outras palavras, é necessário ser reverentes, preservando nossa capacidade de ver a realidade de forma ampla e integral, o que significa se libertar do materialismo e incluir a dimensão da transcendência. Isso é fruto da pureza do coração.

Assim, perspectiva apropriada para se avaliar o valor de um filho é o da transcendência da pessoa humana, feita à imagem e semelhança do Altíssimo e chamada à santidade em Cristo. Seu filho é um mistério, e esse mistério só fica esclarecido por outro mistério: o do Verbo Encarnado, Cristo, que tornando-se semelhante ao seu filho em tudo, menos no pecado, revela a altíssima vocação que seu filho tem (Gaudium et spes, 22).

Não podemos aceitar, portanto, a forma reducionista de se abordar a acolhida de filhos apenas do ponto de vista da economia, do cálculo custo-benefício (do tipo: "bem, o filho dá trabalho, mas também traz alegrias" - isso não deixa de ser uma forma de cálculo custo-benefício). Reducionista, porque exclui todo um aspecto da realidade, que é o aspecto da transcendência da pessoa, de sua origem e de sua vocação eterna. É essa perda de sentido que leva àquilo que chamamos em outro artigo de crise do amor e da esperança.

É tarefa da família cristã anunciar a beleza e o valor da vida humana. Comecemos por nós mesmos, purificando o nosso olhar para vermos a realidade como ela é (transcendente), o que nos permitirá entender que o filho é o maior tesouro de um casal, e que uma família de muitos filhos é sinal de bênção. Daí, poderemos cumprir a promessa feita no dia do nosso matrimônio: estaremos dispostos a acolher todos os filhos que o Senhor quiser nos confiar.
Assim seremos livres do materialismo, que nos induz a acreditar que a segurança de nossas vidas estaria na posse dos bens deste mundo. Seremos capazes de, usando os bens que passam, abraçar os que não passam. Conquistaremos a consciência do nosso próprio valor diante de Deus e poderemos dizer junto com Santo Estanislau Kostka, padroeiro da Polônia, mesmo diante de dez vezes R$ 1 milhão: ad maiora natus sum. Eu nasci para coisas maiores.

23 outubro 2006

Avó foi feita para deseducar?

É esse o olhar que você recebe quando sua sogra vê você educando seus filhos? Não sei se isso serve de consolo, mas você não é a única pessoa que passa por isso. Estive visitando uma comunidade do Orkut que criou um tópico somente para discutir a interferência da família de origem sobre a educação dos filhos, e ali podemos ver como o tema é importante para muitas famílias.

Embora aqui eu tenha dado o exemplo da sogra, a bela senhora ao lado bem que poderia ser qualquer uma das avós ou dos avôs de seu filho, pois, quando o tema é educação, podem surgir situações estressantes a partir da relação entre pais, filhos e avós.

"Às vezes dá uma peleia com meus pais, que por eu ser filho único, querem interferir nas minhas decisões, mas eu não arredo o pé. E, por incrível que pareça, me dou melhor com meus sogros do que com meus pais sobre esses aspectos", conta Tom Venderson, de São Borja (RS).

A situação de Márcia (de Curitiba) se complicou bastante pelas interferências de sua mãe: "Minha mãe fez eu chorar ainda no hospital. Os primeiro dias de vida do meu pimpolho me renderam o maior estress com a minha mãe. Meu leite até empedrou de tanto nervoso. E não saía nem com esgotadeira elétrica. Tive mastite e optei por secar o leite. Estava tão dopada com os anti-inflamatórios e outros remédios, que quase não ficava com meu filho. Foi um caos. Até o bebê já estava nervoso. Chorava muito. E ela achava que era cólica por causa do leite. Às vezes, avó atrapalha e o pior é que elas não se dão conta disso e pioram a situação".

Quando o assunto é a relação entre sogra e nora, o clima de rivalidade deve ser evitado ao máximo, pois podem ser abertas feridas difíceis de cicatrizar. É o que se passou com Rúbia, de São Paulo: "Eu morei os nove meses com a minha familia. Quando minha filha nasceu, fui morar com o pai dela e minha sogra. No começo era mil maravilhas, ela era atenciosa, sempre me tratou muito bem. Foi passando o tempo, e ela foi se mostrou quem era reamente. Ela se metia em tudo, dava palpites sem a gente perguntar, falava que a comida que ela fazia era melhor que a minha. Também falava que a minha filha só parecia com a familia dela! Hoje estou separada do meu esposo por causa dela, voltei a morar com meus pais".

Mas felizmente há aqueles que conseguem passar por tudo isso sem maiores traumas. "Nós aceitamos as opiniões e ouvimos todas com atenção, só que a partir do momento que estamos em casa sozinhos, fazemos da melhor forma possível... o mais importante é ouvir as pessoas da família", conta Wagner no Orkut.

É o que se passa também com Brenda, de Salvador: "Tenho uma sogra maravilhosa, apesar de morar longe dela sempre que ela vem em minha casa ou vou passar as férias na casa dela, nos damos muito bem. Ela se meteu apenas uma vez, mas entendi, minha princesinha estava muito mal, com rota virus e tinha apenas 10 meses, e todos ficamos muito preocupados e ela queria dizer o que devíamos fazer para o bebê melhorar, apenas isso. Moro no mesmo condomínio de minha mae, mas ela nao interfere. Vou todos os dias à casa dela pra ela ver a neta, que é a primeira e única neta, por enquanto, e ainda por cima tem o nome dela, então imagine a babação, mas nem ela nem pai são de se interferir, dão algumas sugestoes, mas sempre dizem para eu conversar com meu parido primeiro e ver o que achamos melhor".

Iluminados pelo magistério da Igreja, podemos considerar alguns pontos que auxiliam na solução desse difícil problema familiar.

a) a educação é um dever-direito originário dos pais, não dos avós

Recordemos o ensino de João Paulo II, na Exortação Apostólica Familiaris consortio (n. 36):

O dever de educar mergulha as raízes na vocação primordial dos cônjuges à participação na obra criadora de Deus: gerando no amor e por amor uma nova pessoa, que traz em si a vocação ao crescimento e ao desenvolvimento, os pais assumem por isso mesmo o dever de a ajudar eficazmente a viver uma vida plenamente humana. Como recordou o Concílio Vaticano II: «Os pais, que transmitiram a vida aos filhos, têm uma gravíssima obrigação de educar a prole e, por isso, devem ser reconhecidos como seus primeiros e principais educadores. Esta função educativa é de tanto peso que, onde não existir, dificilmente poderá ser suprida».

O direito-dever educativo dos pais qualifica-se como essencial, ligado como está à transmissão da vida humana; como original e primário, em relação ao dever de educar dos outros, pela unicidade da relação de amor que subsiste entre pais e filhos; como insubstituível e inalienável, e portanto, não delegável totalmente a outros ou por outros usurpável.

Assim, todos, mas todos mesmo (e isso inclui os avós), devem respeitar esse direito que não é só dos pais, mas também das crianças. A não ser em situações mais graves - como, por exemplo, maus tratos -, qualquer comentário ou correção deve ser dirigido aos pais e não às crianças. Espera-se que os anos tenham trazido aos avós a sabedoria suficiente para que possam falar carinhosamente aos pais, respeitando sempre sua autoridade diante das crianças.

É necessário que os avós estejam convictos do seguinte: por maior amor e carinho que têm pelos netos, estarão destruindo sua educação se desautorizarem os pais. Pode ser agradável aos avós a idéia de cumplicidade com as crianças, como um pacto entre elas, no qual passam a permitir aquilo que os pais proíbem. Mas já estão numa fase da vida em que já deviam saber que o agradável nem sempre é o melhor.

b) os pais devem valorizar a vocação dos avós

Diante das tensões que o assunto gera, muitos pais optam por uma saída radical: afastam as crianças do convívio dos avós. Foi a alternativa que encontrou Wanessa, de Curitiba. Diz que a sogra infernizou tanto sua vida que tiveram que adotar essa solução: "Hoje eu consegui despistá-la e ela não sabe onde moro, não tem meu telefone... Meu marido me apóia pois sabe a mãe que tem. 1 ou 2 vezes por ano vou à casa dela para levar os netos para ver, mas é visita de médico: mais ou menos meia hora. Não agüento mais que isso ouvindo as baboseiras dela".

Assim como os pais podem sofrer interferência de terceiros em casos drásticos (como os maus tratos), também essa pode ser uma solução plausível em casos que realmente colocam em risco a saúde física ou psíquica das crianças. Mas não se pode utilizá-las como arma de punição contra os avós, simplesmente porque não os toleramos.

Além disso, é necessário que os pais não sucumbam a tendências culturais presentes em muitos ambientes. Hoje, nas sociedades ocidentais, o idoso é cada vez menos valorizado. Numa mentalidade que entroniza a beleza, a eficiência, o prazer, a utilidade, não encontram lugar aqueles que perderam esses atributos ao longo dos anos. É necessário valorizá-los em sua vocação atual de idosos. Os pais devem observar seriamente se acolhem com afeto os avós na vida familiar, procurando fazer com que se sintam úteis e valorizando aqueles dons próprios da ancianeidade.

A esse propósito, também nos lembrava o Papa João Paulo II, na Carta aos anciãos:
É urgente recuperar a justa perspectiva a propósito da vida no seu conjunto. E a justa perspectiva é a eternidade, da qual a vida é preparação significativa em cada uma das suas fases. A velhice também tem de cumprir o seu papel neste processo de progressiva maturação do ser humano a caminho da eternidade. Desta maturação só poderá beneficiar-se o mesmo grupo social, do qual faz parte o ancião.

Os anciãos ajudam a contemplar os acontecimentos terrenos com mais sabedoria, porque as vicissitudes os tornaram mais experimentados e amadurecidos. Eles são guardiões da memória colectiva e, por isso, intérpretes privilegiados daquele conjunto de ideais e valores humanos que mantêm e guiam a convivência social. Excluí-los é como rejeitar o passado, onde penetram as raízes do presente, em nome de uma modernidade sem memória. Os anciãos, graças à sua experiência amadurecida, são capazes de propôr aos jovens conselhos e ensinamentos preciosos.

Sob esta luz, os aspectos de fragilidade humana, ligados de modo mais visível com a velhice, tornam-se uma chamada à interdependência e à necessária solidariedade que ligam entre si as gerações, visto que cada pessoa está necessitada da outra e se enriquece dos dons e dos carismas de todos.
Assim, privar as crianças do convívio de seus avós pode levar à privação do sentido de eternidade e do sentido de solidariedade, de interdependência, de valorização do outro pelo que é e não pelo que pode produzir. Como é importante para as crianças ouvirem as histórias contadas por seus avós!

Por outro lado, temos a questão da coerência: queremos que nossos filhos nos respeitem? Demos o exemplo, mostrando-lhes como respeitamos nossos próprios pais. Lembremos que as palavras convencem, mas os exemplos arrastam. Ou um dia seremos desmentidos, chamados de incoerentes. E será verdade!

De mais a mais, é um ledo engano dos pais acharem que, afastando os avós, conseguirão educar seus filhos conforme todos os seus valores. Isso porque toda a sociedade influencia na formação da pessoa: os amiguinhos trazem outros valores de suas famílias, as babás, as creches, a televisão, os amigos dos pais...

c) a comunhão conjugal como força centrípeda na educação dos filhos

A unidade na educação é importantíssima. Se não conseguimos fazer com que os avós ou outras pessoas que influenciam nossos filhos comunguem conosco dos mesmos valores em termos de educação, temos que nos esforçar por outra coisa, talvez ainda mais desafiadora: pai e mãe devem, esses sim, ter uma clara unidade na educação, de forma que os filhos percebam isso. Muito pior que a intromissão dos avós me parece ser a falta de critérios comuns entre os pais, um permite e o outro nega, um faz e o outro desautoriza. O relacionamento do casal deve ter uma força centrípeda tal que faça com que os filhos percebam claramente quais as orientações que devem ser seguidas.

Enfim, e já encerrando, em grande medida o tema implica em aprofundarmos (pela reflexão e pela oração) no sentido do mandamento "Honrar pai e mãe". É o primeiro mandamento que se dirige à relação do homem consigo mesmo e com os demais. É o único mandamento ligado a uma promessa. Dirige-se em primeiro lugar aos filhos em sua relação com seus pais. Mas também implica um dever de todos honrarem a paternidade e maternidade, e daí respeitarem a autoridade que dela provém por disposição divina.

20 outubro 2006

Tudo em nome da "liberdade"

Os Estados Unidos é a terra da liberdade. Mas parece que agora será reconhecida pela terra que sofre por não compreender claramente o que esta liberdade significa.

Este artigo na ABC News, conta sobre a liberação de uma moça que, grávida, atirou na própria barriga para abortar. O juiz entendeu que este fato não constituia crime e a moça foi liberada.

Isso aconteceu no estado da Virgínia, e a moça atirou contra a própria barriga no dia em que estava indo dar a luz... Os motivos? O namorado dela não quis pagar o aborto.

Neste estado, é crime o aborto, mas não se for a própria mãe. Se fosse uma outra pessoa que tivesse apertado o gatilho, esta pessoa poderia ir presa... Tudo em nome da "liberdade"...

17 outubro 2006

A refeição em família

A foto ao lado retrata o exato momento em que uma família está jantando. Como assim? Isso mesmo. Segundo informações da Revista Pais e Filhos, no Brasil, 30% a 40% das famílias já não jantam juntas de cinco a sete vezes por semana. São tantos os atrativos fora da mesa – computador, televisão, videogame... – que a família comendo reunida já é cena rara. Em boa parte dos lares, as crianças maiorzinhas e os pais se alimentam quando e onde querem e alguém se encarrega de dar comida para os menores. Mais do que fazer mal à saúde física, este comportamento afeta o vínculo familiar. Afinal, o ritual de se reunir à mesa na hora das refeições é uma oportunidade única para que troquem experiências e solidifiquem a identidade entre pais e filhos. Um estudo feito pela Universidade de Harvard pretendia detectar qual era a melhor atividade para promover o desenvolvimento da linguagem. Ganharam as refeições em família, que, segundo a pesquisa, é mais importante que brincar ou contar histórias antes de dormir.

12 outubro 2006

Com quem você dialoga quando reza?


Quando São Francisco de Paula era criança, rezava o rosário e o ofício da Santíssima Virgem de joelhos e com a cabeça descoberta, mesmo no mais inclemente inverno.

Um dia, sua mãe mandou que cobrisse a cabeça por medo de que ficasse doente por causa do frio. O menino lhe respondeu:

"Minha mãe, como a senhora gostaria que eu me vestisse para falar com a rainha da terra?
Pois agora estou falando com a Imperatriz do céu"

09 outubro 2006

A Igreja e a Aids



Costuma-se divulgar que a melhor opção para impedir a disseminação da Aids é favorecer o máximo acesso possível ao uso de preservativos. E a Igreja é acusada de promover a Aids, quando argumenta que tal opção leva à perda do significado e da dignidade da sexualidade humana. Será mesmo que a Igreja é tão insensível que seja capaz de jogar seus filhos para serem devorados por essa terrível doença? Nesse interessante artigo de D. Rafael Llano Cifuentes, podemos colher critérios importantes para darmos razão de nossa esperança.

08 outubro 2006

Síndrome dos Simpsons

Acabou a jornada de trabalho, a família se reúne em casa para um dos seus mais importantes compromissos. O pai, normalmente atrasado, chega em casa, joga a pasta do trabalho para o lado, e competindo com os filhos corre para o melhor lugar no sofá.

Para quem não conhece, esta cena é parte da rotina diária e medíocre da família Simpsons, uma das séries de maior sucesso em desenho animado para adultos no mundo.

A Síndrome dos Simpsons é um termo que qualifica esta síndrome. temos certeza que ela não acontece com você, nem com seu vizinho, nem com ninguém da sua cidade. Quicá, talvez, com alguém do seu país. Mas não é algo que acontece! :-)

Para reflexão: a família se reúne mesmo quando em torno da televisão? Há espaço para diálogo?

06 outubro 2006

Toma que o filho é teu


O dia calmo e tranqüilo no Colégio Winnicott, em São Paulo, virou um tumulto quando a diretora, Elizabeth Polity, mãe de Acássio, Andréa, Lucila e Suzane, foi informada que um aluno havia subido no telhado. Beth, como é chamada, mobilizou alguns monitores e foi ela mesma, junto com eles, orientar a criança para que descesse de lá. Depois de gastar muita saliva com argumentações sem convencer o menino a descer, ela não viu outra alternativa a não ser ligar para os pais e convocá-los a ajudar. Novo fracasso: “Ele não nos respeita”, admitiu o pai. “Vocês que têm de ensiná-lo a obedecer, ele está aqui e é da escola essa responsabilidade”, completou. Resultado: Beth teve de chamar o corpo de bombeiros para trazer o menino de volta ao chão. “Como vamos fazer valer uma autoridade aqui, se em casa a criança não está acostumada alidar com isso?”, diz Beth.
Pode parecer uma situação extrema de conflito entre os professores e a família. Infelizmente não é, não. Basta prestar atenção em uma reunião de rotina entre pais e mestres de uma escola de educação infantil pra ver os muitos exemplos. Denise, mãe de Laura, entrega os pontos: “Não há jeito de fazer minha filha comer em casa, por isso decidi deixá-la em período integral, aqui tenho certeza que vocês vão fazer com que ela coma direito”. Da mesma turma de alunos de 4 anos, Patrícia, mãe da Bianca, pede socorro: “Não sei mais o que fazer: ela já fica sem fralda até pra dormir à noite, mas exige que eu coloque uma quando quer fazer cocô. Vocês podem fazer alguma coisa?”. Do outro lado, as professoras ficam sem saber de que forma reagir, como conta a pedagoga Marise Rodrigues, mãe de Murilo: “Tinha um aluno que não suportava cortar as unhas. Só fazia isso na marra e depois passava semanas sem segurar direito os objetos. Os pais, inconformados, queriam que a escola se encarregasse de aparar as unhas do menino. Mas a gente via que não era uma simples birra, ele visivelmente tinha um problema mais profundo, que cabia à família resolver. Não podíamos nos encarregar dessa tarefa”, conta ela.

Exemplos como esses refletem uma tendência detectada por muitos educadores e especialistas que trabalham com desenvolvimento infantil: a terceirização da educação dos filhos. Não é algo consciente, não estamos renegando o papel de pais, mas em muitos momentos caímos na tentação de passar a bola pra frente, exigir que outros resolvam um pouco o nosso lado na criação dos filhos. Tudo bem, sabemos que cada vez mais precisamos de colaboradores que ajudem nessa tarefa. Ninguém cria filho sozinho. Mas não dá pra perder de vista os limites do papel de cada um. E é aí que o bicho pega.

Queda de braço

E o bicho tem pegado bastante na relação entre família e escola. Cada vez mais cedo os pais buscam a ajuda de educadores profissionais. Segundo o Ministério da Educação, há cerca de 7,2 milhões de crianças matriculadas em creches e pré-escolas no Brasil – número 42% maior do que há seis anos. E a escola tem tido cada vez mais dificuldade em satisfazer os pais. O conflito de tarefas – quem ensina e faz o que – acontece o tempo todo. A questão da disciplina é a queda de braço mais recorrente. Os pais esperam que os professores coloquem limites nos filhos, e vice-versa. “Os pais não podem esperar que a escola, sozinha, encontre a solução. No mínimo, tem de haver uma parceria. Algo que facilita e deve ser feito é se informar sobre as regras de disciplina aplicadas em sala de aula e repetir em casa, para que as duas partes falem a mesma linguagem”, observa o pediatra Roberto Bittar, pai de Beatriz, Júlia e Daniel.

Para colocar ordem na casa, é bom saber que família e escola cumprem papéis complementares na educação da criança. Definir o que é de responsabilidade de cada um e seguir o script é básico. A maioria dos educadores afirma que as questões de ordem moral, ética e religiosa devem ser ensinadas em casa. “Não dá pra escola se encarregar de formar um indivíduo honesto”, afirma a psicóloga Rosely Sayão. Já a responsabilidade de ensinar a criança a viver em sociedade é dever da escola. Afinal, é lá que ela vai conviver com outras crianças e compreender melhor a existência do “outro”. “Além de conhecimento, a escola tem de transmitir regras de convivência e orientar o aluno a se relacionar bem com os colegas, respeitar as diferenças e não invadir o espaço alheio”, completa Rosely.

Com a babá, com quem mantém uma relação de hierarquia bem mais definida, a questão não é diferente. Ela pode até representar a autoridade materna e paterna na ausência do casal, mas jamais assumir o seu papel. Uma situação comum em que isso ocorre é quando a profissional constrói um vínculo forte com os pais da criança, a ponto de se transformar em conselheira.
É fundamental que os pais tenham uma relação forte com o filho. A velha questão do tempo que se passa junto, da qualidade deste tempo... O vínculo entre pais e filhos tem uma influência muito grande na estruturação da personalidade da criança. “A ausência paterna e materna é vivida por ela como uma sensação de abandono, o que pode afetar a formação da auto-estima”, explica o psiquiatra Carlos Byington. “E a criança precisa construir uma boa auto-estima para, no futuro, ter ânimo de busca, luta e enfrentamento para batalhar pela vida.” Claro que na hora de contratar uma babá a gente quer uma que encha nossos filhos de atenção, que seja afetuosa. Mas não dá pra esquecer: carinho de babá é diferente de carinho de pai e de mãe. A criança precisa sentir de verdade, na pele, o quanto ela é bem-vinda e amada pelos pais para, em conseqüência, construir a segurança e a confiança interna que carregará para o resto da vida. Esse trabalho ninguém pode fazer pela gente. E independentemente do amor que sentimos, estamos falando de trabalho mesmo.

O que ele tem doutor?

Hiperatividade, transtorno do déficit de atenção (TDAH) e depressão infantil são alguns dos distúrbios da moda. É um tal de meu “filho é hiperativo”, “meu filho tem TDAH” que a gente fica até na dúvida do que é mesmo doença ou o que é angústia dos pais diante de uma dificuldade de colocar em prática medidas educativas na vida da criança.
Ninguém aqui está negando que estes problemas existem de fato e nossas crianças não estão livres deles. Mas os próprios especialistas que tratam disso acreditam que há um exagero, especialmente em relação à hiperatividade. “Nem sempre uma criança muito agitada é hiperativa. Tem havido diagnósticos equivocados e, por isso, a criança acaba sendo tratada de maneira inadequada”, alerta o neurologista infantil Saul Cypel. Só que, às vezes, parece que os pais, inconscientemente, preferem acreditar que o filho seja portador de uma “síndrome” já reconhecida e, portanto, que pode ser controlada pela medicina ou pelo apoio de um psicólogo, a reconhecer que está havendo uma falha no papel que deveriam desempenhar. Coisa que, para ser resolvida, vai precisar de um pouco mais de esforço.

“Recebo muitos pais que se queixam, por exemplo, de que a criança é muito agressiva e deve haver algo de errado com ela, quando, na verdade, o problema é com eles, que não têm paciência para ensiná-la a se controlar”, afirma o doutor Bittar. “Essa falta de paciência se observa em várias situações, como na hora de ensinar o filho a criar um hábito de sono saudável, comer direito e até a tomar banho”, conta ele. Diariamente, em seu consultório, chovem queixas de pais angustiados com as dificuldades comportamentais dos filhos. Questões que, segundo Bittar, poderiam ser resolvidas se os pais modificassem um pouco o modo como se relacionam com os filhos. Óbvio que tem situações em que a criança está sofrendo e aí a ajuda de um psicólogo é bem-vinda. Mas até pra distinguir esses casos, é preciso investir numa ligação mais próxima.

Fonte: Revista Pais e Filhos

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Diante dessa matéria, seria interessante refletir sobre as palavras abaixo:
"O dever de educar mergulha as raízes na vocação primordial dos cônjuges à participação na obra criadora de Deus: gerando no amor e por amor uma nova pessoa, que traz em si a vocação ao crescimento e ao desenvolvimento, os pais assumem por isso mesmo o dever de a ajudar eficazmente a viver uma vida plenamente humana (...). O direito-dever educativo dos pais qualifica-se como essencial, ligado como está à transmissão da vida humana; como original e primário, em relação ao dever de educar dos outros, pela unicidade da relação de amor que subsiste entre pais e filhos; como insubstituível e inalienável, e portanto, não delegável totalmente a outros ou por outros usurpável" (João Paulo II, Exortação Apostólica Familiaris consortio, 36)


04 outubro 2006

Pudor e dignidade

Chuquinho. Buzanga. Pokemón. Docinho. Fofucho. Você já reparou como os casais são criativos em imaginar apelidos para se tratarem um com o outro?

Todos esses apelidos soam doces a marido e mulher, mas causam risos a quem os ouve. Por que reações tão diversas?

Não é difícil arriscar uma resposta. Para os namorados, esses apelidos estão imersos em afeto e muitas vezes correspondem a momentos especiais vividos pelo casal. Mas para "os outros" o apelido é visto descontextualizado, sem fazer referência à história de vida, à intimidade dos dois.

Os que se amam ouvem o apelido dentro de um contexto maior. Os "outros", têm uma visão parcial e por isso não alcançam seu verdadeiro significado. Os que amam vêm o apelido desde dentro, pois é com o coração que o teceram. Os "outros" o tomam desde fora, e por isso não conseguem ver tudo aquilo que o apelido significa, tudo aquilo que ele é.

Diante dessa flagrante diferença de percepções, os que se amam costumam colocar entre si uma questão: devemos nos tratar publicamente com os apelidos íntimos? Duas alternativas: ou falam abertamente, sujeitando-se ao riso dos outros, ou reservam certo modo de se tratar, de se expor, para a intimidade, para os olhos que podem ver o profundo e não apenas a superfície. Esses olhos são os daquele que vive um nível maior de comunhão.

Há aqueles que pouco se importam com o que vão pensar os "outros". Mas são muitos os amantes que têm um senso maior da dignidade de seu amor a ponto de estarem dispostos a contingenciar certas expressões, reservando-as para momentos apropriados.

Isso é pudor! Tem a ver com o senso de dignidade da pessoa diante do olhar externo, parcial, sem amor dos "outros".

Descobrir a profunda relação entre o pudor e a dignidade é absolutamente necessário para que possamos oferecer aos nossos filhos uma educação sadia e equilibrada.

Com relação ao pudor do corpo, essa dignidade já fora expressa por S. Paulo, quando ensinava: "O corpo foi feito para o Senhor". Cobrimos o corpo não porque seja sujo ou indecente, mas pelo senso de dignidade humana que lhe é inerente. O olhar externo, sem amor, não é capaz de colher o sentido profundo do corpo, que é pessoal, mas o vê apenas como um objeto. Objeto de comparações estéticas (se está gordo, magro, alto demais, etc.), de cobiça, de desejo erótico. O "outro" não vê o corpo de alguém, não vê o seu corpo, o meu corpo. Enxerga apenas um corpo, e por isso é um olhar radicalmente indiferente à pessoa. Pouco lhe importa quem seja a pessoa. Não consegue compreender o sentido maior do corpo, que é epifania da pessoa, como gostava de dizer o Papa João Paulo II (querendo dizer que o corpo é manifestação da pessoa). O que o "outro" pensa ter diante de si é algo despersonalizado, nada muito diferente de um cadáver.

Também existe o pudor nas conversas. É preciso compreendermos que certas coisas mais íntimas não podem ser faladas para uma pessoa que não tenha um grau de amizade especial conosco. Às vezes, não nos damos conta disso. Na ânsia de falarmos, acabamos revelando para certas pessoas algumas coisas íntimas da nossa vida (ou, pior, da vida do esposo, da esposa!), sem que essa pessoa possa objetivamente ajudar em nada. O mais provável é que ela acabe comentando sobre isso com alguma outra amiga, e até podendo se transformar em motivo de fofoca ou piada. Os salões de beleza são locais muito apropriados para esse tipo de violência à intimidade. É que certas coisas não podem ser faladas ao "outro", mas só a um amigo.

Sempre me pareceu bonito ver como a Igreja trata o Santíssimo Sacramento, mesmo quando em traslado: cobre-o de véus. Isso faz todos perceberem como é digno o que ali está presente. Por mais paradoxal que possa parecer, o véu revela algo que nossos olhos não podem enxergar: o significado daquilo que se vê.

Dignidade e pudor andam juntos: nas vestimentas, nas conversas, no comportamento, em todos os aspectos da vida. Num momento histórico difícil, em que se reestruturam os espaços do "público" e do "privado", devemos reconsiderar uma e outra vez nossa dignidade e as conseqüências de nossa nobreza.

Como diz um amigo meu: "Você só faz streep-tease para alguém que tenha dinheiro para pagar".

Se seu casamento não funciona, conserte-o!


Vai aqui um extrato de um texto que recebemos do Boletim Vida e Família, do Movimento de Vida Cristã. Vale a pena assinar esse boletim, bastando para isso entrar no site do MVC e solicitá-lo.

Chesterton já dizia: se seu matrimônio não funcionar, procure arrumá-lo. De fato é assim como se faz com as coisas que têm valor. Se sua casa tiver goteiras, você acerta as telhas, não troca de moradia. Se o relógio pára, você vai ao relojoeiro para ver se com novas pilhas continua marcando as horas. Se acabar a gasolina do carro, você não o deixa abandonado na rua, vai e enche o tanque no posto mais próximo. Se seu bebê chorar, você não o atira pela janela, mas tenta dar-lhe o peito ou a mamadeira, pois um ou outro talvez possa resolver o pranto.

As pessoas civilizadas não estão acostumadas jogar fora as coisas que necessitam de um reparo. Entretanto, os divorcistas, como dizia Chesterton, quando ouvem que um matrimônio não funciona, têm a panacéia: pois então se separe. Eu te pergunto: pensaste em arrumá-lo? Seguramente isso é muito mais barato.

Como diz o fórum Libertas: na Espanha os divórcios em 2005 chegaram à escandalosa cifra de 140.000, 10% mais que no ano anterior. Se se continuar esse ritmo, o matrimônio vai ser como um campo minado que ao menor grito ou discussão repercute em separação e dano aos filhos.
Parece que já não temos resistência, que nos tornamos todos inflexíveis ou “perfeitos” para exigir muito ao outro.

Eng. Federico Rodríguez de Rivera Rodríguez
Fonte: Pensamiento Católico, boletim de 25/9/2006

Obrigado!


Nosso site entrou no ar no dia 25 de setembro. Nessa primeira semana, tivemos a alegria de receber 121 visitantes, um número que nos surpreendeu positivamente. Não podemos deixar de agradecer a todos os que por aqui passaram, além daqueles que nos mandaram mensagens parabenizando pela iniciativa.

02 outubro 2006

Camiseta da moda!


Camiseta para crianças nesta segunda-feira pós eleições no Rio de Janeiro... Pra quem não sabe, esta senhora acima tinha algumas idéias esquisitas...

Paternidade máxima.

No outro domingo, saí da missa e fui compartilhando com minha esposa sobre a leitura do Evangelho. Procurava entender o nexo entre todo o relato e o seu desfecho, que me pareceu, a princípio, dissonante do conjunto.

Era a leitura de Mc 9, 35-37. Depois de uma discussão entre os apóstolos sobre quem seria o maior dentre eles, Jesus adverte que é maior aquele que serve aos demais, apontando que a grandeza do cristão está no serviço. Até aí, o relato transcorre normalmente, mas, de repente, Jesus toma uma criança em seu braço e afirma: "Quem receber uma criança em meu nome, é a mim que recebe".

Qual seria a relação entre as duas idéias, ou seja, "o maior é aquele que serve" e "quem acolhe uma criança em meu nome é a mim que acolhe"?

Eu e minha esposa continuávamos a caminhar e a pensar nessas coisas. O chamado ao serviço é colocado em termos bem concretos pelo Senhor. Ele não faz grandes discursos teóricos, nem aponta qualquer serviço extraordinário, mas sim o serviço cotidiano da paternidade/maternidade.

Depois de uma rápida parada na padaria para comprar biscoito de polvilho para o nosso bebê, continuamos o diálogo. Acolher o filho em nome do Senhor é viver o serviço de maneira bastante concreta. É um caminho largo para "sermos grandes".

Não é muito fácil para nossa cultura reconhecer no serviço um ideal de vida. Pelo contrário, o que parece contar é o sucesso, o prestígio, o poder. Somos ciosos de nossa liberdade, entendendo-a como ausência de todo e qualquer vínculo que limite nossos desejos. É a "liberdade de" expressão, pensamento, imposições éticas, deveres conjugais, etc.

Não à toa, num contexto assim os filhos podem ser vistos como ameaça à liberdade. Por isso, ter um filho deve ser muito bem pensado, calculado com minúcias, planejado à exaustão. Brada-se por "paternidade responsável" (o que é corretíssimo), mas age-se na verdade à procura de uma "paternidade mínima".

Mínima não só na quantidade de filhos. Quem não conhece o comportamento dos pais que se desresponsabilizam da educação dos filhos, exigindo que esta seja prestada originariamente pela escola? Encaram isso como um "direito do consumidor". Quem nunca viu um pai que não se dá ao trabalho de disciplinar os filhos, deixando todo o encargo à mãe? E se atua, é para a desautorizar. Quam já não ouviu as queixas de uma mulher, reclamando que não tem vida própria por causa dos filhos e marido? Ou o pai que chega em casa, depois de um longo dia de trabalho e trânsito intensos, querendo se ver "livre de" exigências, filhos, tarefas? E, pelo amor de Deus, que a mulher dê um jeito nessas crianças!

Minha mulher sorriu ironicamente para mim. Bem, continuemos... O Senhor Jesus aponta um caminho novo para a auto-realização, para sermos de fato grandes. Esse caminho novo exige que abandonemos a falsa idéia da "liberdade de", e descubramos a "liberdade para o outro". É essa liberdade que pode fazer de nossas famílias verdadeiras "comunidades de vida e amor", como foi a Família de Nazaré. E então teremos a alegria de experimentar a "paternidade máxima" (essa, sim, responsável), vivendo intensamente a vida cotidiana em família.

Quando os apóstolos discutiam sobre quem seria o maior, na verdade acho que eram motivados por um desejo legítimo do coração humano, feito à imagem e semelhança do próprio Deus: o desejo de sermos grandes, de sermos maiores. Se, de fato, fomos feitos para para compartilhar da vida da Trindade, é claro que fomos feitos para sermos muito, mas muito grandes. A serpente parecia saber disso quando convidava nossos primeiros pais à desobediência, sussurrando em seu coração: "sereis como deuses". O desejo de poder e domínio é uma deturpação da nossa vocação de sermos filhos de Deus, porque Ele manifesta seu poder sobretudo no perdão, na misericórdia, no amor. Por isso, a grandeza da mulher e do homem passa pela capacidade de amor, ou seja, de fazer o dom de si, no matrimônio, na família, na sociedade e na Igreja.
Enquanto abríamos a porta de nosso apartamento, estávamos agradecidos a Deus por nos ter apontado a paternidade/maternidade como caminho para sermos grandes. Chegamos em casa. O caminho continua.