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19 dezembro 2009

COP-15 e a fé


As religiões têm um papel a cumprir na discussão sobre as mudanças climáticas?

A foto que ilustra essa postagem representa a COP-15, a cúpula da ONU reunida na Dinamarca para discutir um acordo juridicamente vinculante para redução de emissões de gases, responsáveis pela mudança climática. Chefes de Estado, cientistas, ONGs, participaram da cúpula, que se encerra de modo decepcionante. A próxima será reunida no México, e parece que há um grande caminho a ser percorrido para que algo concreto seja feito.

Esse não me parece ser apenas um assunto político ou científico. Há também um aspecto religioso em isso tudo. É o que abordei num comentário que acabei de deixar no blog Ciência e Tecnologia. Aí vai meu comentário abaixo. Tchau.

Gostei muito do comentário do Marcell (17/12/2009). Vejo por aí também.

Como sou uma pessoa religiosa, chamo a atenção para as grandes tradições religiosas do mundo (cristianismo, judaísmo, islamismo, budismo). Por que todas elas pregam o jejum? Certamente, cada religião se expressa de modo diferente, mas parece haver uma intuição profundamente humana em todas elas: o homem precisa controlar seus apetites. Há algo em nós desordenado (como católico, chamo de pecado), que nos faz ter pensamentos desordenados e condutas desordenadas. P. ex., sabemos quais são os alimentos saudáveis, mas babamos por tudo aquilo que faz mal à saúde.

Nossa sociedade atual é hedonista e consumista. Vejo uma ligação muito forte entre esses dois fatores. O hedonismo é a busca do prazer desenfreado, em todos os níveis (sexo, comida, bebida, conforto, beleza, tudo isso dá prazer e são os deuses do momento). E se uma pessoa vive buscando sua satisfação, torna-se mais propensa ao consumo desenfreado. Isso não tem fim, porque no fundo nossa busca de prazer é, na verdade, busca de felicidade. E nosso coração tem uma fome infinita de felicidade, porque foi feito para Deus e não descansa enquanto não O encontrar.

O "consumo consciente" é uma necessidade. E o consumo consciente é uma consequencia de algo mais profundo: o "homem consciente", ou seja, que sabe quem é e age conforme a essa verdade. Quem é o homem, quem sou eu, como devo agir para ser feliz? São questões que perpassam os séculos, e que cada geração precisa responder do zero.

Então, vejo um papel muito importante das religiões nesse debate. Elas têm uma chave que os chefes de Estado e os cientistas não têm: elas motivam as pessoas por dentro, elas mudam os hábitos, elas tornam as pessoas convictas. Portanto, elas precisam ser convidadas à mesa de negociação e precisam ser ouvidas sem preconceitos.

09 novembro 2009

Ajude um sorriso a brilhar


Faça seu natal ser diferente. Experimente ajudar Maria Júlia a curar-se de sua grave doença. Nosso blog também entra na campanha (séria) para ajudar esse sorriso a brilhar!


Sabemos que todas as pessoas são um dom maravilhoso do céu. Também a doença pode ser vivida como uma bênção, pois o Senhor Jesus, assumindo as dores humanas, as santificou. Sofrer ao lado do Senhor faz com que a dor se torne, ela mesma, uma fonte de graça, de paz, e até mesmo de alegria.

No entanto, a doença e a dor permanecem, em si mesmas, coisas contrárias ao plano de Deus. A morte entrou no mundo por causa do pecado, e nossa tendência e disposição devem ser sempre a saúde, a cura. Por isso, o mesmo Senhor sempre se manifestou através de curas. E a própria Igreja, nos processos de canonização de seus santos, costuma utilizar como um critério a realização de milagres, que, em grande parte, se referem a curas.

Tendo em mente isso tudo, entramos também na campanha por Maria Julia. Ela é uma linda menina aqui da minha cidade, Petrópolis. Abaixo, o texto que se encontra no site da campanha. Antes, um esclarecimento: o tratamento é com células-tronco adultas, como informado no próprio site.

Maria Julia tem 3 anos de idade e sofreu falta de oxigenação no parto, o que lhe causou lesões no cérebro (paralisia cerebral). Com isso a sua coordenação motora ficou afetada e ela não consegue pegar um objeto, sentar sozinha, expressar as suas vontades, falar, brincar, enfim, não consegue ter uma infância feliz. Quando vê uma criança brincando, percebemos no seu olhar a vontade de fazer o mesmo, mas as suas limitações não permitem.

Desde o seu nascimento lutamos com todos os tratamentos possíveis (fisioterapia, fonoaudiologia, equoterapia), mas sabemos que essas terapias apenas minimizam o problema.

Nossa única esperança é o tratamento com células-tronco, que, para esse caso, só é feito na China. Vimos várias crianças que tiveram sucesso com as células-tronco. Mas esse tratamento é muito caro e não podemos arcar com essas despesas. Então estamos fazendo essa campanha para angariar fundos para levar a Maria Julia para a China. Como pais queremos ver a nossa filha sentar, andar, falar, enfim, queremos que ela tenha uma vida normal, fazendo tudo o que não consegue fazer.
Para ajudar: clique aqui.


19 outubro 2009

Violência doméstica: da punição para a prevenção

No Brasil, tem sido grande a discussão sobre o tema da violência doméstica. Importantes esforços foram feitos recentemente para punir o agressor, especialmente com a criação da Lei Maria da Penha e da instalação de delegacias especializadas em violência contra a mulher. Sem descuidar desse ponto, precisamos avançar para uma política familiar de prevenção da violência doméstica. Essa notícia aqui relata um estudo, que mostra o mal à saúde mental das pessoas quando presenciam violência entre seus pais. Destaco a conclusão dos autores da pesquisa: a intensificação da triagem e prevenção da violência doméstica, incluindo a violência entre os pais, é uma questão de saúde pública para o bem-estar de futuras gerações.

Quando as crianças devem (ou não) dormir com os pais

É certo que dez em cada dez crianças entre 3 e 5 anos pede ou já pediu para os pais para passar a noite no quarto com eles. Nessas horas, é difícil negar abrigo ao filhote. Mas como saber se essa proteção noturna é saudável e se não vai prejudicar o desenvolvimento psicológico da criança? Em que casos é preciso impor limites? Abaixo você confere respostas para esse tipo de pergunta e ainda vê dicas para lidar com as mais diversas situações.

1. Nessa idade é normal que a criança durma sempre com os pais?
Não. Ela já devia estar dormindo sozinha há muito tempo. Nos três primeiros meses de vida, é importante que mãe e filho durmam no mesmo quarto para fortalecer o vínculo e a confiança entre os dois. Entretanto, a partir do quarto mês, quando o sono do bebê já é mais profundo, ele deve se acostumar a ficar sozinho em seu quarto. Com mais de 5 anos então...

2. Quais os aspectos negativos de permitir que a criança esteja sempre na cama com os pais?
Sentir compaixão com os temores da criança é mais do que normal. Mas, se a proteção é excessiva e o medo de que aconteça algo com os filhos enquanto dormem é exagerado, no futuro, quando crescerem, eles podem se tornar pessoas inseguras, muito dependentes e incapazes de lidar com frustrações.

3. Em quais situações é preciso ser mais flexível e deixar a criança passar a noite no quarto do casal?
Quando a criança tem um pesadelo e acorda assustada, com medo, os pais devem explicar que aquilo foi apenas um sonho, algo que vai passar, e permitir que ela fique por ali. Dica: assim que o pequeno adormecer, leve-o de volta para o seu quarto. É importante que ele acorde na própria cama e veja que todos os monstros não estão lá.

4. E se a criança pede para dormir logo no início da noite?
Nesse caso, o ideal é colocá-la na cama dela e fazer-lhe companhia até que pegue no sono. Contar histórias infantis pode proporcionar mais tranqüilidade para que ela durma na santa paz. Além de ser mais um momento rico de convivência. A dica também serve para quando a criança adoece. A assistência deve ser dada em seu próprio quarto para que ela não crie o hábito de dormir com os pais toda vez que ficar doente.

5. Filho único tem mais dificuldade para dormir sozinho?
Entre o primeiro e o segundo ano de vida, isso é comum. Por não conviver com outras crianças o filho único tende a ser mais dependente dos adultos. Mas aos 5 anos de idade já devia estar superado.

6. Como saber se ela sofre do chamado terror noturno?
Se a criança está dormindo tranqüila e, de repente, acorda aterrorizada. Senta-se na cama e começa a gritar com expressão de medo no rosto e os olhos bem abertos. O coração dispara e a respiração fica irregular. Depois de dois minutos de crise, ela volta a dormir como se nada tivesse acontecido. Esses são os sinais típicos do terror noturno, um problema sério, que precisa de acompanhamento médico caso aconteça sempre.

7. Acontecimentos inusitados e mudanças na rotina podem fazer a criança se sentir insegura?
Sim. É normal, por exemplo, que ao mudar de escola, ela fique mais insegura. Mas isso não é justificativa para dormir com os pais. Novamente reforçamos: o ideal é que o pai ou mãe façam companhia para que ela durma em seu próprio quarto. Quando há mudança de casa ou de cidade, não há problema em a criança passar a noite por alguns dias no quarto do casal até se acostumar com o novo lugar. Problemas graves, como lidar com a morte de uma pessoa próxima da família, requerem bastante atenção dos pais. Caso o episódio comece a interferir no sono, na alimentação e no rendimento escolar, pode ser necessário procurar a orientação de um psicólogo infantil.

8. Como fazer para que ela deixe de dormir com os pais?
É preciso explicar sobre a importância de cada um ter seu próprio espaço. Proibir de uma noite para outra que a criança durma com o casal pode ser encarado como rejeição. Ela precisa tomar posse do quarto dela e compreender que essa é uma forma de ter autonomia. No caso dos filhos únicos que acabaram de ganhar um irmãozinho, os pais devem explicar que a ele precisa ser mais independente e ajudar a tomar conta do bebê em um quarto comum.

9. Dormir no quarto dos pais pode causar problemas de sexualidade no futuro?
Depende. Se a criança acordar no meio da noite e os pais estiverem fazendo sexo e esses casos não são tão incomuns , ela pode encarar aquele ato como uma espécie de agressão física de um para com o outro. Isso pode, eventualmente, atrapalhar a sua vida sexual na idade adulta.

Fonte

12 outubro 2009

Estabelecer um ritual é o primeiro passo para estimular o sono da criança

Colocar o filho na cama é um martírio para uma parcela grande de pais. A criança barganha até o último minuto para ficar na sala, reluta para ficar sozinha no escuro ou levanta no meio da noite, pedindo companhia. Nessas horas, por cansaço, a vontade que dá é dividir o cobertor com o pequeno, o que é um erro, segundo especialistas.

Ensinar a criança a dormir sozinha é uma arte e inclui uma mudança na dinâmica da família toda, como afirma o pediatra e especialista em medicina do sono Gustavo Moreira, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). E o termo, ele diz, é realmente "ensinar", " e não 'fazer' a criança dormir", esclarece.

A dificuldade tem origem nos primeiros meses de vida. Em primeiro lugar, não há luz na barriga da mamãe, portanto é natural que leve algum tempo até relacionar o sono ao período da noite. Além disso, o bebê é acostumado a dormir no colo da mãe, depois de mamar, e habituar a criança a dormir sozinha, mais tarde, vira um desafio.

A principal regra para que a criança durma sem sofrimento é estabelecer um ritual. Isso significa que, pelo menos uma hora antes de dormir, é preciso puxar o freio e diminuir o ritmo da casa. Então é preciso definir um roteiro, que será repetido toda noite, inclusive nos fins de semana: ir para o quarto, colocar o pijama, ir para o banheiro, escovar os dentes, dar um beijo nos pais e deitar, não necessariamente nessa ordem.

"A criança deve ser colocada no berço ou na cama acordada", ensina o médico. Contar uma história ou cantar uma música são práticas úteis para estimular o sono. Mas é preciso estabelecer limites, pois o filho sempre pede mais.

Deixar a criança dormir com um ursinho ou boneca é outro costume bem-vindo, segundo Moreira. "O brinquedo passa a ser associado ao sono e vira um substituto para a presença dos pais", comenta. O leitinho antes de dormir também pode ajudar, mas é fundamental que a criança escove os dentes depois, mesmo as menores.

O ambiente também conta para evitar problemas: "Não pode haver nenhum eletroeletrônico no quarto", diz o médico. Se houver a necessidade de manter alguma luz acesa, porque a criança tem medo do escuro, a lâmpada azul, de intensidade fraca, é a opção mais indicada, para não prejudicar a secreção da melatonina, o hormônio do sono.

Outro ponto importante é o horário. O especialista enfatiza que a criança tem que estar na cama antes das nove da noite. "Dormir além desse horário pode até aumentar o risco de obesidade", alerta.

Se a criança levantar no meio da noite e for até a cama dos pais, é preciso ser firme e levá-la de volta ao quarto. "Todo mundo acorda no meio da noite, vira para o lado e volta a dormir. Isso é o que a criança precisa aprender a fazer também", diz o médico. "Se os pais forem seguros, ela vai obedecer", garante.

Doenças do sono

Algumas doenças podem prejudicar o sono dos pequenos, por isso fique atento se seu filho ronca. Isso pode ser um indício de apneia do sono, síndrome caracterizada pela interrupção da respiração e afeta cerca de 2% das crianças. Ao contrário dos adultos com o problema, que apresentam sonolência diurna, os sintomas mais comuns nos pequenos são irritabilidade, falta de atenção e baixo rendimento na escola.

Em geral, a apneia infantil é tratada com uma cirurgia simples para retirada das amígdalas e das adenoides. Embora a ideia preocupe os pais, nesse caso é uma questão de custo-benefício: "A apneia pode resultar em alterações cardíacas e cerebrais", justifica o especialista.

Outro problema comum é a respiração bucal, síndrome que ocorre em cerca de um quarto das crianças e que pode prejudicar o desenvolvimento. Se o problema for constante, é recomendável procurar um especialista.

Já o sonambulismo, comum na infância, em geral não exige tratamento, a não ser que ocorra todas as noites. Mas lembre-se de proteger a criança de possíveis acidentes, com precauções como tirar objetos pontiagudos do quarto, colocar grade na janela e portão na escada.

05 outubro 2009

Cochilos diurnos são importantes para reduzir ansiedade da criança, diz estudo

Crianças com idades entre quatro e cinco anos que não costumam cochilar durante o dia são mais hiperativas e ansiosas do que aquelas que tiram sonecas diurnas, segundo estudo da Universidade do Estado da Pensilvânia apresentado este mês no congresso Sleep 2009, em Seattle, Estados Unidos.

O estudo avaliou 62 crianças através de actigrafia, que mede os padrões de sono, e do relato de pais e responsáveis sobre tempo que a criança permanecia na cama durante a semana e nos finais de semana, padrões de cochilo, fatores demográficos, além de uma avaliação comportamental da criança. E aquelas que não cochilavam pareciam ter maiores níveis de hiperatividade, ansiedade e depressão.

Com as análises, os especialistas concluíram que os cochilos podem ter uma influência significativa no "funcionamento" da criança durante o dia, e devem ser incentivados. "Há uma grande variabilidade individual em quando as crianças estão prontas para largar as sonecas", disse o pesquisador Brian Crosby. "Eu encorajaria os pais a incluir um tempo tranquilo de descanso em sua agenda diária que permitiria à criança cochilar se necessário", completou.

Fonte: Sleep 2009. 23rd Annual Meeting of the Associated Professional Sleep Societies. 08 de junho de 2009 e Boa Saúde.

28 setembro 2009

Pega correta do bebê reduz fissuras no seio durante amamentação

Apesar de ser um ato natural, amamentar costuma suscitar uma série de dificuldades. Sentir dor e algum desconforto é normal, mas certos cuidados minimizam esses males.

Os especialistas são unânimes: a pega correta do bebê na hora da mamada é o único jeito de prevenir fissuras, feridas que podem surgir nos seios no início da amamentação.

"Sem isso, o atrito da sucção pode machucar a mama", diz Débora Passos, pediatra neonatologista da Pró-Matre Paulista. Vale lembrar que os recém-nascidos mamam de três em três horas, em média, por cerca de 20 minutos em cada mama. "Deixar o bebê no peito por tempo demais também pode machucar", diz Passos.

"A mulher deve estar relaxada e o bebê, calmo e alerta", diz a enfermeira Regina Andrade, do berçário do Hospital Israelita Albert Einstein. "Quando está tensa, a mãe não libera o leite corretamente. E, quando está desesperado de fome, o bebê machuca a mama."

Se a amamentação provocar grande desconforto, a mulher deve procurar seu médico.

Para higienizar as mamas, embora alguns médicos possam receitar água boricada ou soro fisiológico, isso não é necessário, dizem os especialistas ouvidos. "Basta usar água e sabonete neutro no banho", ensina a enfermeira Márcia Regina Silva, consultora internacional em aleitamento materno e coordenadora do grupo de aleitamento do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo.

"Também vale passar o próprio leite antes e depois da mamada", ensina Débora Passos. O alimento possui fatores de proteção e é cicatrizante.

Outras dicas são manter as mãos sempre limpas, para evitar contaminação, e trocar de sutiã diariamente, pois ele pode se sujar com restos de leite.

Se, apesar de todas as medidas, surgir alguma fissura, o médico pode orientar sobre a melhor conduta -mas sabe-se que os cremes de lanolina extrapura funcionam bem.

Hoje, a única preparação especial dos mamilos recomendada pelos especialistas na gravidez é tomar sol. "O ideal é expor as mamas por cerca de 15 minutos todos os dias, antes das 10h ou depois das 16h, para fortalecer a pele", ensina a enfermeira Márcia Regina Silva.

Também deve-se evitar passar cremes e óleos na região do mamilo, para não deixar a pele mais sensível.


21 setembro 2009

Revolução feminina, uma revolução ainda pendente


A Giselle Maia escreveu Revolução Feminina. Encontrei esse texto no blog da Julie Marie, deixei o mesmo comentário em ambos os blogs., embora só tenha sido publicado no segundo Queria convidá-los a ler o texto, acrescido do meu comentário. São dois sites que merecem ser acompanhados.

14 setembro 2009

Igrejas britânicas serão forçadas a empregar homossexuais praticantes como líderes de jovens sob a lei de igualdade

As igrejas britânicas serão forçadas a aceitar homossexuais ou “transexuais” praticantes em posições de líderes de jovens e funções semelhantes, sob a lei de igualdade que está para vir, disse o governo. A Lei de Igualdade do governo trabalhista proibirá que as igrejas recusem empregar homossexuais ativos mesmo que a religião delas sustente que tal conduta é pecado, disse a vice-ministra Maria Eagle, do Ministério da Igualdade.

LONDRES, Inglaterra, 21 de maio de 2009 (LifeSiteNews.com) — A lei entrará em vigor no próximo ano, e as igrejas temem que ela as force a agir contra suas convicções religiosas numa ampla extensão de áreas. Eagle indicou na conferência chamada “Fé, Homofobia, Transfobia & Direitos Humanos” em Londres, que a lei “cobrirá quase todos os que trabalham em igrejas”.

“As circunstâncias em que as instituições religiosas poderão praticar qualquer coisa sem plena igualdade são poucas e raras”, ela disse aos delegados. “Embora o Estado não intervirá em assuntos estritamente rituais e doutrinários dentro dos grupos religiosos, esses grupos não poderão afirmar que tudo o que administram está fora do alcance da lei anti-discriminação. Os membros dos grupos religiosos têm o papel de discutir em seu próprio meio a questão de maior aceitação dos LGBT, mas no meio tempo o Estado tem o dever de proteger as pessoas de tratamento injusto”.

A lei permite isenção religiosa para papéis considerados importantes “para os propósitos de uma religião organizada”, mas restringe essa definição para aqueles que conduzem celebrações litúrgicas ou passam seu tempo ensinando doutrina.

O jornal Daily Telegraph citou Neil Addison, advogado católico e especialista em lei de discriminação religiosa. Ele disse que a lei deixará as igrejas sem forças para defenderem a estrutura de suas organizações. “Essa é uma ameaça à identidade religiosa. O que estamos perdendo é o direito de as organizações fazerem escolhas livres”, disse ele.

Os membros do Ministério da Igualdade incluem o lobista homossexual Ben Summerskill, diretor do Stonewall, principal grupo homossexual britânico. Summerskill reivindicou que as igrejas sejam forçadas a empregar homossexuais e que a polícia detenha cristãos que protestam pacificamente contra as leis homossexuais do lado de fora do Parlamento.

Tony Grew, ativista homossexual e ex-editor do site PinkNews.co.uk, escreveu recentemente que a Lei de Igualdade “estabelecerá de forma muito forte direitos homossexuais em todos os aspectos da vida pública”. Grew escreveu no PinkNews que a lei abrirá oportunidades sem precedentes para os homossexuais.

A lei, disse ele, cobrirá os ministérios principais do governo, as autoridades locais, as agências de educação, saúde e segurança policial e um grande número de outras agências públicas e particulares, inclusive igrejas e instituições administradas por igrejas. A lei imporá o “Dever da Igualdade” em todas as organizações que dão serviços públicos, disse ele, tais como casas de repouso que “terão de considerar as necessidades de casais do mesmo sexo”.

Leia a cobertura relacionada de LifeSiteNews.com:

Enforced “Diversity” will make Britain “First Modern Soft Totalitarian State”http://www.lifesitenews.com/ldn/2009/may/09050602.html

UK: Religious Schools May Not Teach Christian Sexual Morals “As if They Were Objectively True”http://www.lifesitenews.com/ldn/2007/mar/07030504.html

Even an Openly Homosexual Actor has Condemned New UK Law Which Would Criminalize Criticizing Homosexualityhttp://www.lifesitenews.com/ldn/2007/oct/07101101.html

“Climate of Fear” Growing in Britain for Christian Civil Marriage Registrarshttp://www.lifesitenews.com/ldn/2008/may/08052204.html

Fonte: Notícias Pró-Família

07 setembro 2009

Casar-se é melhor do que se juntar

O Dado Moura publicou um post sobre a formalização do casamento, contra as uniões sem que tenha havido o sacramento do matrimônio. Realça que, na vida cotidiana, aqueles que vão apenas "morar juntos" têm os mesmos problemas daqueles que se casam, e podem até ter outros mais. Aqui, eu quero citar exemplos concretos disso.

Leia Mais...

Na reportagem Filhos podem reduzir satisfação no casamento, diz estudo, que, aliás, já mencionei aqui, passou despercebida por muitos a informação de que a pesquisa:

mostrou que os casais que moravam juntos antes do casamento tiveram mais problemas no casamento após o nascimento do primeiro filho do que aqueles que viviam separados.

Por que será? Não seria de se supor o contrário? Se alguém fez a experiência de conviver antes para, só depois, se casar, não estaria em melhores condições de se adaptar às mudanças que o primeiro filho traz para a vida conjugal?
Lembro-me de uma pesquisa feita pela Conferência dos Bispos dos EUA há alguns anos, na qual se verificava que aqueles que fazem uma convivência de experiência antes de se casar se separam mais rapidamente do que aqueles que só moraram juntos após o casamento. Isso desfaz o mito de que morar junto antes pode ser uma boa idéia.
Por que isso acontece? Podemos arriscar uma resposta. Aqueles que se juntam para ver se vai dar certo carregam alguns valores que podem ser bombas-relógio prestes a pegá-los de surpresa depois que se casarem. Por exemplo, a idéia de que "se não der certo, é mais fácil se separar se o casal é juntado, do que se for casado". Por trás dessa idéia, escondida, está a aceitação mais fácil do divórcio. Ao contrário, quando alguém espera para ir morar junto após o "sim", após aquela promessa "até que a morte nos separe" terá, talvez, maior repúdio à idéia do divórcio. E esse repúdio nos leva a atitudes mais positivas diante das falhas do cônjuge, como, por exemplo, maior predisposição para perdoar sempre e incondicionalmente.

Além disso, ir apenas "morar junto" revela um desapego ao aspecto social da união homem-mulher. Essa união tem um grande valor para tal homem e tal mulher em concreto, mas eles precisam saber que há também um aspecto social que não pode ser renegado. Quem se casa por ato público, está não apenas procurando que a sociedade reconheça seu casamento, como também está colocando seu casamento aberto para a sociedade. Pense, por exemplo, na relação do casal com os sogros e sogras. Quando há um casamento público, ocorre todo um ritual de acolhida de um na família de origem do outro. É o pai da noiva entrando sua filha para o noivo. É o pai do noivo dançando com a noiva na festa de casamento, como se sua filha fosse. Tudo isso é extremamente marcante, e falta quando os dois vão apenas juntando seus pertences até o dia em que descobrem que estão vivendo juntos.

Outro problema é que, muitas vezes, a motivação para se juntar é apenas pragmática: diminuir os gastos, sair de casa, etc. No casamento, ato público que é, os dois fazem o propósito de respeitar um ao outro. São valores muito diferentes, que certamente influencia na dinâmica da vida a dois.

Além disso, há o aspecto do significado da sexualidade humana. Para ser expressão de amor verdadeiro, é necessário que ela seja vivida num contexto em que se acolhe o outro integralmente, com tudo o que ele é, foi e será. Isso implica em dizer "estarei contigo até o fim, porque te amo acima de tudo o que possa acontecer. Mesmo que você seja infiel, serei fiel, pois não posso ser infiel ao meu próprio amor por você". A relação sexual não pode ser feita num clima de "fazer experiência", porque isso é dizer para o outro: "te amo, mas até mudar de idéia". Isso tornaria a relação sexual mais uma procura por satisfazer o próprio apetite do que uma real acolhida e entrega mútua. Ao invés de realmente estarem “fazendo amor”, estariam vivendo um egoísmo a dois.

31 agosto 2009

Autoestima: pais incentivando os filhos a confiarem em si mesmos


O psiquiatra e homeopata Aloisio Andrade fala sobre a construção da segurança na infância. Muitos problemas em casa, no trabalho ou na escola começam por causa da insegurança.

Veja o vídeo...

24 agosto 2009

Adolescentes, privacidade e amadurecimento: riscos dos sites de relacionamento

O excesso de exposição dos adolescentes em sites de relacionamentos [como Orkut ou Facebook] é, sim, motivo de preocupação. A agenda trancada a chave do passado deu lugar a trocas de mensagens apaixonadas ou comentários sobre a vida própria e a alheia para todo mundo ler. Lá estão também fotos da família, dos amigos, do namorado, da "ficante" e por aí vai. "A privacidade não existe mais para eles", diz Claudia Xavier da Costa Souza, coordenadora do centro pedagógico do Colégio Porto Seguro. Expõem-se tanto a ponto de já terem sido chamados de a geração look at me ("olhe para mim"). "Esse fato, para além dos problemas circunstanciais que pode acarretar, dificulta o desenvolvimento da capacidade de autorreflexão e introspecção, o que é essencial para o crescimento", diz a psicóloga Ceres Alves de Araujo. Por Veja.

10 agosto 2009

Como agir com o adolescente quando ele...


... bebe, não atende o celular, abusa do telefone, se expõe demais na internet, discute demais. Não há receita mágica, mas algumas dicas são sempre úteis

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E em que reside a maior culpa dos pais de hoje? Em não saber dizer o velho, bom e sonoro "não". É como se, para eles, negativas pertinentes a comportamentos inaceitáveis equivalessem a um castigo físico, afirmam os especialistas em adolescentes. "Há ainda um outro fator: a falta de cobrança. Ela tem como corolário a falta de responsabilidade na vida adulta", diz Silvana Leporace, coordenadora educacional do Colégio Dante Alighieri, em São Paulo. Portanto, atenção: se hoje seria uma perversidade colocar seu Holden Caulfield num internato ou algo que o valha, como fizeram os "velhos" do personagem de Salinger, é um tremendo erro cair no extremo oposto – o de deixar como está para ver como é que fica, enquanto se finge ser liberal. Dá para controlar um adolescente em condições razoavelmente normais de temperatura e pressão ou, ao menos, suportá-lo sem maiores traumas? Dá. Eis aí algumas sugestões de educadores e psicólogos para que você não perca completamente a cabeça (uma parte dela é aceitável):

Quando o jovem bebe
Diante de evidências tão claras quanto as da série Law & Order, os pais nunca devem perguntar: "Você bebeu?". Nesse caso, eles correm o risco de ter dois problemas – a bebida e a mentira. É bom que os pais sejam firmes e informem o jovem de que eles sabem da bebida. Proibir o filho de beber não tem efeito prático nenhum. O melhor a fazer é explicar os riscos do consumo excessivo de álcool. Em geral, conversas francas e amigáveis dão mais resultado que a gritaria.

Quando ele insiste em não atender o celular
Os pais devem deixar claro que o jovem tem o aparelho por dois motivos: para que tenha autonomia e eles, tranquilidade. Se o adolescente não atende as ligações dos pais, deve perder a liberdade que lhe foi concedida. Um exemplo: se o horário para chegar em casa é às 3 da manhã, da próxima vez ele deverá chegar à 1. Faça-o entender que cabe a ele reconquistar a confiança dos pais.

Quando ele abusa do telefone
Não há como exigir que um adolescente controle os gastos com telefonia. A alternativa é dar-lhe um celular pré-pago. No caso do telefone fixo, antes de recorrer a cadeados ou bloqueios da linha por senha, desconte da mesada o valor das longas, longuíssimas conversas com amigos e afins.

Quando o adolescente se expõe demais na internet
Cabe ao pai e à mãe mostrar o que eles pensam a respeito da intimidade devassada na rede. É direito e dever deles dar sua opinião ao filho, mas não é possível exigir que o adolescente aja da forma pretendida pelos pais. Se o excesso de exposição resultar em fofocas que cheguem aos ouvidos paternos, o melhor a fazer é consultar um psicólogo.

Quando há excesso de discussão entre pais e filhos
"Falar com o filho é fundamental, mas não na condição de amigo. Um diálogo entre pais e filhos, quando trata de assuntos decisivos e espinhosos, como sexo, autonomia e responsabilidade com os estudos, é sempre delicado. Pode fluir numa comunicação tranquila, mas nem por isso será fácil", diz a psicanalista Diana Corso. Se você nunca experimentou uma "comunicação tranquila", e acha que isso será impossível até que ele ou ela caia em si depois da descarga hormonal da adolescência, tenha em mente que toda discussão deve ter limite. É um erro bater boca com um adolescente. Não leva a lugar algum. O ideal é deixá-lo falando sozinho. Quando a situação se acalmar, de ambos os lados, é hora de sentar e tentar conversar outra vez. Se pais e filhos caírem numa rotina de bate-boca, será preciso buscar outros meios de comunicação – de preferência o e-mail, um instrumento ao qual o adolescente está mais do que habituado.

Boa sorte.

Por Veja.

04 agosto 2009

Lição de casa para os pais

Pesquisas mostram que nada é tão decisivo para um bom desempenho escolar quanto o incentivo dos pais para os estudos. Já se sabe até como eles podem dar esse empurrão.

A volta às aulas traz à tona uma das questões mais incômodas para pais de estudantes em todos os níveis de ensino: como ajudar a despertar nos filhos a curiosidade intelectual e fazê-los cultivar o apreço pelo estudo? Para tarefa tão complexa, não existe uma fórmula mágica que, aplicada à risca pela família, resultará num aluno exemplar. A excelência, afinal, é produto de muitas variáveis, tais como o talento individual e os estímulos providos pela própria escola – e não apenas de um ambiente favorável ao aprendizado em casa. O que já se sabe, no entanto, é que a participação dos pais é fundamental, se não decisiva, para um bom rendimento escolar. "Nenhum outro fator tem tanto impacto para o progresso de um aluno quanto a interferência adequada da família. E isso se faz sentir, positivamente, por toda a vida adulta", diz o economista Naércio Menezes, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) e autor de um recente trabalho sobre o assunto no Brasil. O conjunto de medidas que surtem resultado, uma vez adotadas com persistência em casa, chama atenção pela simplicidade. Apenas incentivar o filho a fazer a lição de casa e a ir à escola todos os dias, providenciar um lugar tranquilo onde ele possa estudar e comparecer às reuniões de pais tem o efeito de elevar as notas em torno de 15%, segundo a pesquisa do Insper.

As boas práticas que se originam desse e de outros estudos não fogem muito do que sugere o senso comum. Tome-se o exemplo da lição de casa. Muitos pais se angustiam porque não têm a menor ideia de como responder a dúvidas de matemática ou física. Mesmo quando dominam um assunto, ficam na dúvida: até que ponto prestar ajuda quando são requisitados? Na verdade, tudo o que é necessário é incentivar uma leitura mais atenta do enunciado, indicar fontes de pesquisa ou estimular uma nova reflexão sobre o problema. Jamais dar a resposta certa, procedimento cuja repetição está associada à queda no rendimento do aluno. "Participação exagerada só atrapalha. A independência nos estudos deve ser cultivada, e não tolhida", diz Maria Inês Fini, doutora em educação. Os especialistas concordam que não cabe aos pais agir como professores em casa – confusão comum, e sem nenhum reflexo positivo. O que sempre ajuda, aí sim, é demonstrar, desde cedo e de forma bem concreta, quanto se valoriza a educação, essa talvez a maior contribuição possível da família. Daí a relevância de montar uma biblioteca em casa ou de manter o hábito de conversar com os filhos sobre o que se passa na escola. De acordo com uma recente compilação de 29 estudos sobre o tema, esse tipo de ambiente se traduz numa série de indicadores positivos, como mais vontade de ir à aula, um comportamento melhor na escola e expectativas mais elevadas sobre o futuro.

Os pais brasileiros estão longe de figurar entre os mais participativos na rotina escolar. Enquanto nos países da OCDE (organização que reúne os países mais ricos) 64% deles se dizem atuantes, no Brasil esse dado costuma variar entre 20% e 30%, dependendo de quem dá o número. Parte do flagrante desinteresse se deve à baixa escolaridade de uma enorme parcela dos pais, que não permaneceu na escola tempo suficiente para aprender a ler, tampouco para consolidar o hábito do estudo de modo a passá-lo adiante. "Quase não estudei na vida e sempre tive muita dificuldade para ajudar o meu filho nisso", diz a cearense Maria de Fátima Lima, 40 anos, que deixou a escola na 2ª série do ensino fundamental e é mãe de Mailson, de 9 anos. Mas isso não explica tudo. A experiência dos colégios particulares também aponta para a distância dos pais. Uma das razões remete ao fato de a educação no Brasil ainda não ser vista como artigo prioritário – inclusive nas classes mais altas. Em uma nova pesquisa da consultoria Nielsen, a educação aparece em quinto lugar entre as maiores preocupações dos brasileiros. Vem atrás de estabilidade no emprego, equilíbrio entre trabalho e lazer, pagamento de dívidas e a economia do país.

Outra explicação para a distância que separa os pais da vida escolar está numa ideia incrustada no pensamento do brasileiro: a de que a escola deve se encarregar, sozinha, do processo educativo. Essa é a visão predominante na América Latina e oposta à que impera nos Estados Unidos ou em países asiáticos. "Os pais fazem fila na porta da minha sala para saber como vão seus filhos", relata Soleiman Dias, professor brasileiro que há sete anos dá aulas na Coreia do Sul. Essa atividade lhe consome uma hora por dia. Nada parecido com o que se vê na maioria das escolas brasileiras. "Em países mais dependentes do estado, como o Brasil, a tendência é terceirizar responsabilidades", diz o economista Claudio de Moura Castro, articulista de VEJA e especialista em educação. "É o que fazem as famílias brasileiras ao esperar que todas as iniciativas partam da escola." A esse caldo cultural somam-se ainda os efeitos do que se seguiu aos anos 60. A partir daí, inicia-se no Brasil um forte processo de contestação à noção de hierarquia, tendo como pano de fundo a escalada dos movimentos estudantis e a contracultura. Na relação entre pais e filhos, o conceito de liberdade passou a ser confundido com permissividade. Avalia Tania Zagury, educadora e autora do livro Escola sem Conflito: Parceria com os Pais: "A inabilidade das famílias em estabelecer limites em casa faz com que deleguem à escola tarefas que deveriam ser delas também".

Os efeitos são desastrosos. A pressão exercida sobre a escola não leva a nenhum ganho para os alunos. "Existe aquele perfil de pai que só se preocupa com a nota do filho e chega aqui dizendo: ‘Eu pago por esse serviço e quero um retorno’", conta Sílvio Barini, diretor do São Domingos, colégio particular de São Paulo. "Ele não faz a sua parte e espera da escola soluções milagrosas." Não é, no entanto, a reação mais comum ali. A participação das famílias no colégio se tornou relativamente alta de dois anos para cá, com a presença dos pais num conselho que, entre outras coisas, toma decisões sobre o orçamento e trata das questões do ensino. O sistema, implantado nos anos 90, a princípio não deu certo. As famílias tentavam apitar até no currículo. Estabelecidos os limites, hoje funciona bem. "É uma chance de opinar sobre o destino das mensalidades que pagamos e de conhecer bem os professores", diz o cientista social Hernani Lotufo, 55 anos, que tem cadeira no conselho e é pai de Maria Clara, 6, e João Miguel, 11. Não é preciso, no entanto, despender tanto tempo para influenciar positivamente na rotina escolar. Às vezes, não é necessário sequer ir à escola. É o que propiciam colégios como o Bandeirantes, em São Paulo, que já colocam na internet fichas dos alunos, com notas e faltas, além do programa das aulas. O contato pessoal com os professores fica a critério dos pais. Diz a psicóloga Monica Dib, mãe de André, 16 anos: "Eu, que tenho pouco tempo para estar inteirada, hoje consigo manter ótimas conversas com meu filho sobre a escola".

Apesar de ainda raras, as boas iniciativas das escolas brasileiras para atrair os pais começam a revelar seus efeitos. Eles já aparecem, por exemplo, num conjunto de escolas públicas onde a Unesco, em parceria com o Ministério da Educação, encontrou programas eficazes. Alguns de seus princípios podem ser facilmente transplantados para a realidade dos colégios particulares. Por exemplo, a ideia de prestar aos pais um atendimento mais individualizado, bem diferente do das enfadonhas reuniões bimestrais. Um programa implantado em 47 escolas de Taboão da Serra, município localizado na região metropolitana de São Paulo, chega a enviar os professores à casa dos estudantes, para orientar os pais sobre como ajudar nos estudos e saber mais do que se passa com cada aluno. "Com isso, posso traçar um plano de aulas mais ajustado às necessidades reais dos alunos", diz a professora Guiomar Souza, munida dos resultados dessas medidas. Em dois anos, as notas dos estudantes em exames oficiais subiram 10%. Reuniões individuais com cada família, mesmo que sejam na escola, já têm bom efeito. Em 137 colégios municipais de Teresina, professores e assistentes sociais são treinados para conseguir orientar melhor os pais nesses encontros. A diferença se revela na casa de gente como Maria da Silva Costa, 57 anos, responsável pela criação do neto, César. "Não sei ler, então a escola sugeriu que eu pedisse a meu neto que lesse contas e cartas para mim. Ele adorou."

As pesquisas não deixam dúvidas quanto à eficácia de uma boa relação entre a escola e a família, ainda que ela não precise ser assídua nem tão intensa. A experiência de pais como a psicóloga Virgínia Carnevale e o engenheiro Paulo Nessimian aponta para ganhos bem concretos. Com dois filhos formados e outros dois matriculados no Santo Inácio, colégio particular do Rio de Janeiro, o casal sempre manteve um ótimo diálogo com a escola. "Quando aparece uma nota baixa no boletim, sento com o coordenador e traçamos juntos um plano para resolver o problema", exemplifica Virgínia. O colégio dispõe de profissionais de plantão para atender pais como ela, desenvolve atividades esportivas que incluem as famílias e ainda abre as portas para que organizem festas ali – todas medidas para chamar atenção para a escola. Isso certamente ajuda a explicar por que o Santo Inácio aparece entre as dez melhores do país, no ranking do Enem. Conclui a especialista Maria Helena Guimarães: "O esforço conjunto da escola com a família se traduz num potente motor para o aprendizado".

Compensa. Um estudo da Fundação Getulio Vargas mostra que os efeitos da presença dos pais na vida escolar, ainda que mínima, se fazem notar por toda a vida adulta. Na infância e na adolescência, a participação da família não está associada apenas às notas mais altas, mas também a uma considerável redução nos índices de evasão. Para se ter uma ideia, o risco de que crianças egressas de um ambiente favorável aos estudos abandonem a escola cai, em média, 64%. É uma diferença gritante – e decisiva para o sucesso bem mais tarde, no mercado de trabalho. Basta dizer que cada ano a mais na escola faz subir o salário, em média, 15%. O impacto aumenta na medida em que se progride nos estudos. Um ano de pós-graduação, por exemplo, significa um ganho de quase 20% no salário. "Quanto mais educação, maior será o retorno", resume o economista Marcelo Neri, autor da pesquisa. É razão suficiente para que os pais brasileiros comecem a prestar mais atenção à rotina escolar.

Fonte: Revista Veja

Salvos pela esperança


Acreditar que sua família será um paraíso na terra pode transformá-la num inferno.

Ouça o áudio abaixo. Para download, clique aqui.


28 julho 2009

Terapia das doenças espirituais


Vale a pena visitar o blog do Padre Paulo Ricardo, para ouvir suas palestras. Aqui, destaco o "mini-curso" chamado "Terapia das doenças espirituais". Vale muito a pena! Ele pertence ao clero da Arquidiocese de Cuiabá (Mato Grosso – Brasil) e é reitor do Seminário Cristo Rei, de Cuiabá. Em 2002, a Santa Sé o nomeou consultor da Congregação do Clero, em assuntos de catequese. Você pode ouvir as palestras abaixo, ou baixá-las clicando aqui.

Introdução – Terapia das doenças espirituais
Introdução – Terapia das doenças espirituais


“Teologia: método e pecado”
O homem, criado para uma vocação divina, está marcado pelo pecado (filáucia). A investigação teológica deve levar isto em conta. Embora teoricamente possível, o método indutivo (teologia de baixo) tem produzidos mais males do que bem, especialmente nas atuais circunstâncias de crise eclesial.


01 – Filáucia
O homem, criatura de Deus, é, por sua própria natureza, bom e digno de ser amado. Podemos e devemos amar a nós mesmos. Mas o pecado original faz com que este amor próprio (a filáucia) seja mal orientado. A filáucia torna-se então “um amor de si contra si”, “uma paixão pelo corpo”, “um amor irracional” (São Máximo, o Confessor).


02 – As três doenças fundamentais
O amor desordenado por si mesmo (a filáucia) é causa de todas as doenças espirituais. Da filáucia nascem as três doenças fundamentais: a gula (gastrimargia), a avareza (filargíria) e a vanglória (cenodoxia). Com estes pensamentos passionais Jesus foi tentado no deserto por Satanás. A Igreja, na sua sabedoria, propõe o remédio das práticas quaresmais: o jejum, a esmola e a oração.


03 – Gastrimargia
A gula é um problema espiritual freqüentemente esquecido. Os Santos Padres salientam a sua importância como origem de vários outros males. Trata-se, sobretudo, de uma forma errada de relacionamento com os dons recebidos de Deus.


04 – Terapia da Gastrimargia
Para curar o homem das doenças espirituais, a ação terapêutica deve, em primeiro lugar, combater a paixão da gula: por um lado, porque esta paixão é a mais grosseira, a mais primitiva, por outro lado, porque da vitória sobre ela depende a luta contra as outras paixões.


05 - Revolução sexual e Marxismo
A derrocada da moral judaico-cristã no campo da sexualidade não foi obra do acaso, nem conseqüência da inevitável substituição de uma moral ultrapassa por outra mais moderna. Trata-se de um movimento político e revolucionário bastante articulado e com objetivos bem claros.


05b – Luxúria
A paixão da luxúria (pornéia) consiste no uso patológico que a pessoa faz da própria sexualidade. O sexo foi pensado por Deus como realidade sagrada e não pode ser vivido de forma adequada pela pessoa humana fora de seu significado espiritual originário.


06 – Terapia da Luxúria
A Luxúria (Pornéia) acontece quando o corpo consegue a hegemonia sobre a alma e o espírito. Isto se dá pelo domínio que a fantasia exerce sobre outras faculdades da alma. Para a cura da Luxúria é necessário moderar a fantasia e direcionar a faculdade do desejo (cor inquietum) para Deus.


07 – Avareza
A avareza (filargíria) e a ganância (pleonexia) são fruto do apego passional aos bens meteriais. São Máximo, o Confessor, nos ensina: “São três as causas do amor às riquezas: o amor ao prazer, a vanglória e a falta de fé; mais grave porém que as duas primeiras é a falta de fé” (Centúrias sobre a caridade III, 17).


08 – Terapia da Avareza
A avareza (filargíria) e a ganância (pleonexia) são insaciáveis. Como cura para estes males os Santos Padres nos propõem uma nova forma de olhar para os bens materiais sob a luz da fé. Além disso se sobressaem como remédio de suma importância a pobreza espiritual e a esmola.


09 – Tristeza
Há dois tipos de tristeza – lýpe – (cf. 2Cor 7,10). Trata-se sempre de um sofrimento pela perda da divindade, seja o Deus verdadeiro (“tristeza segundo Deus”), seja um falso ídolo (“tristeza segundo o mundo”). Sua origem pode estar no desejo ou na ira ou num espírito mau.


10 – Terapia da Tristeza
O principal remédio da tristeza segundo o mundo (lýpe) é a tristeza segundo Deus (pénthos), o arrependimento de nossas idolatrias. Com esta conversão torna-se verdade a palavra do evangelho: “Bem-aventurado os que choram, porque serão consolados” (Mt 5,4).


11 – Acídia
“Atonia da alma”. Assim Evágrio Pôntico, monge que viveu no século IV, define a acídia (akedía), doença cujo nome é praticamente intraduzível nas línguas modernas e que indica a situação do espírito atingido por um mal-estar em cujos matizes estão incluídos o desgosto pela vida, o tédio, o desânimo, a preguiça, a sonolência, a melancolia, a náusea, a indecisão, a tristeza, a desmotivação…


12 – Terapia da Acídia
A acídia tem a peculiaridade de envolver todas as faculdades da alma. Por isto, ao contrário das outras paixões, ela não pode ser curada por nem substituída por uma virtude que lhe seja especificamente contrária. Quem deseja a perfeição deve “combater o espírito pernicioso da acídia em todas as frontes” (São João Cassiano).


13 – Ira
A capacidade de nos irarmos foi criada por Deus e faz parte da natureza humana. Mas, através do pecado, o homem desviou esta faculdade de sua finalidade primeira: lutar contra a tentação e buscar o bem. A paixão da ira (orgé) nasce do uso desordenado da faculdade irascível (thymós).


14 – Terapia da Ira
A terapia da ira consiste no esforço de não utilizar a cólera contra o nosso próximo e utilizá-la contra os demônios e os pecados. Não tem verdadeiro amor pelo bem quem não possui um correlativo ódio contra o mal. Além disto, a oração, a paciência e a caridade são caminhos seguros para alcançar a mansidão de um coração semelhante ao de Cristo.


15 – Vanglória
Há dois tipos de vanglória (cenodoxia). O primeiro consiste em se gloriar das realidades materiais; o segundo se gloriar das virtudes e dons espirituais. Assim, a vanglória se manifesta como um fenômeno universal e especialmente perigoso, já que nos leva a uma visão delirante da realidade.


16 – Orgulho
O orgulho ou soberba (hyperefania) é muito semelhante à vaidade. Na tradição latina esta oitava doença está fora da lista dos sete pecados capitais, por estar acima dos outros e é a raiz de todos. Este, que é o pecado de Satanás, faz com que as pessoas não vejam os próprios pecados e que deles se esqueçam.


17 – Terapia da Vaidade e do Orgulho
Chegamos à conclusão do nosso curso com a terapia da vaidade e do orgulho. Embora distintas, as duas doenças possuem uma terapia muito semelhante. Trata-se de o homem se reconciliar com a verdade a respeito de si mesmo e aceitar a sua miséria e a misericórdia de Deus.

27 julho 2009

Amigos do céu: blog recomendado para crianças


Recomendo que você visite com seu filho o Blog Amigos do Céu. É um dos blogs da Canção Nova, com vídeos, desenhos para colorir, historinhas e tudo mais para a criançada aprender sobre nossos irmãozinhos mais velhos, os santos.

Resto do Post

22 julho 2009

Sombras pastorais


Os principais perigos que podem afetar a pastoral familiar ou qualquer outra pastoral, segundo Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Londrina, PR: messianismo, ativismo, perfeccionismo, burocracia, carreirismo, dentre outros.

1. Messianismo. É a mania de fazer planos pastorais sem consultar a vontade de Deus. Daí vem o estrelismo das pessoas que se projetam a si mesmas. Deus fica em segundo lugar, serve de estepe para que nossos planos não falhem, segundo nossa vontade, nossas ideologias e nossas óticas.

2. Ativismo. Pouca oração e muita agitação. Vale o que eu faço, e não o que eu sou. A pastoral vira profissão, burocracia. O ativismo leva à impaciência apostólica. É fruto do vazio interior e da vaidade pessoal.

3. Perfeccionismo. Busca-se o êxito, o sucesso, o resultado. A confiança não está na graça de Deus, mas nos planos e ações bem escritas nos livros pastorais e nas pessoas envolvidas. Tudo deve dar certo.

4. Mutismo. Consiste em calar verdades, omitir correções e falar só o que agrada. As grandes verdades silenciadas são: a castidade, o purgatório, o inferno, a infidelidade conjugal, a renúncia. O que importa é agradar. Por isso, há falta de profetismo.

5. Pessimismo. Pregam-se problemas, incertezas, azedumes e queixas. A Palavra de Deus não é proclamada. No seu lugar estão as dúvidas, suspeitas e vazios do pregador, do catequista, do pastoralista. Jogam-se sobre o povo problemas pessoais não resolvidos.

6. Falta de esperança. É o pecado do reducionismo, que consiste em reduzir a esperança, não crer na ressurreição, na eternidade, na vida futura. Tudo fica reduzido a este mundo, à matéria, à ciência experimental. Sem esperança não há consistência.

7. Burocracia. As pessoas são deixadas de lado e esquecidas. Cumprem-se as leis, marca-se o ponto, tudo vira pura burocracia eclesiástica e administração. O burocrata cumpre o dever, mas abandona as pessoas, os pobres, os sofredores. O que importa é o funcionamento da máquina eclesial.

8. Discriminação. Uns são privilegiados e outros descartados. Uns bem recebidos, outros rejeitados. Faz-se acepção de pessoas. Os ricos, os amigos, os privilegiados têm vez, os outros são discriminados.

9. Sectarismo. É a falta de abertura, de pluralismo e de ecumenismo. Sectário é quem secciona, busca o que lhe interessa e agrada. É o grupismo. Só meu grupo, minha espiritualidade, meu movimento, minha pastoral, meu interesse é que vale. O sectário ignora o outro, o diferente e o despreza, critica e combate. Falta o espírito de comunhão e de unidade. É a pastoral de gavetas e sem articulação que acaba no paroquialismo.

10. Carreirismo. É quem busca promoção. Fecha-se na sua experiência e desfaz a experiência dos outros. Eu é que estou certo, os outros estão errados. O carreirista acha-se insubstituível e infalível. Não solta os cargos. Perpetua-se no poder. É grudado na sua função. Mata a pastoral pelo apego ao poder. Não quer mudança nem transferência. Não dá lugar para os outros.

11. Individualismo. É quem espera gratificações, recompensas, aplausos e louvores. Precisa toda hora de elogios, pois do contrário cai em aflição e na crítica azeda. O que vale é a sua imagem, sua fama, a projeção de si.

12. Perda da alegria. Faz tudo por obrigação, cai na rotina, vive na superficialidade. Não tem entusiasmo, perdeu a alegria e o humor. Vem a amargura e a dramatização da vida.

13. A mesmice. É quem perdeu a criatividade, caiu na instalação, na mediocridade. Faz tudo sem amor, instala-se nos próprios defeitos e os justifica. Tem explicação para todos os seus erros e desleixos. Não muda e não se dispõe a mudar.

14. Vitimismo. É quem se acha injustiçado, rejeitado e por isso vive na apatia, arranja doenças, apega-se a defeitos psicológicos para justificar o vitimismo. Vive mais cuidando de si do que da pastoral do rebanho.

15. A inveja pastoral. Consiste em menosprezar o trabalho dos outros, aumentar seus defeitos, competir e tratar os outros com cinismo. O invejoso procura bloquear o sucesso alheio. Acontece aqui a "contradição dos bons", ou seja, não recebemos apoio e incentivo dos nossos colegas, amigos, irmãos de caminhada: pelo contrário, somos invejados, incompreendidos e criticados.

Para uma sadia evangelização, precisamos de "conversão pastoral", pela qual venceremos as sombras pastorais, como aponta o Documento de Aparecida.

Fonte: O Lutador, n. 3663, 11 a 20 de julho de 2009.

21 julho 2009

Palestra sobre o amor conjugal

Palestra em áudio sobre o amor entre o homem e a mulher, por Ricardo e Eliana Sá, no acampamento para casais da Canção Nova, neste último final de semana.

20 julho 2009

Substitua um comportamento por outro


Em vez de dizer a uma criança para não fazer algo, tente lhe dizer o que deve fazer. Depois de se acostumar com essa prática, tente se concentrar cada vez mais em O QUE FAZER. A criança gosta de aprender coisas novas. Diga-lhe que é assim que papai e mamãe fazem, e depois a elogie entusiasticamente por fazer a coisa dessa maneira. Com isso, você obterá resultados muito mais agradáveis -e mais rapidamente- do que se dissesse apenas: "Não!"
Seu pequeno artista de circo quer ficar pulando no alto do sofá? Diga: "Se você pular aí, pode se machucar. Venha pular desta banqueta". Diga-o com naturalidade e finja que está pulando da banqueta. E se seu pequeno rato de biblioteca começou a arrancar as páginas com desenhos dos livros? Se você disser apenas: "Não rasgue seus livros!" ele passará de uma atividade excitante para nenhuma atividade. Mas, se você disser: "Não é bom rasgar seus livros, porque depois não vamos poder lê-los. Experimente virar as páginas devararinho, assim", então você estará apresentando a seu filho um desafio que poderá lhe trazer elogios no lugar de reprimendas. Diga: "Pegue o cachorrinho com cuidado", em vez de: "Não puxe o rabo do cachorro!" Ou então: "Se você puxar o rabo do cãozinho, ele vai ficar machucado; ele gosta de carinho. Olhe, é gostoso fazer isso".

Procure evitar a palavra "não". Crianças pequenas podem não compreendê-la e acabam se concentrando no resto da frase. Quando você diz: "Não fique de pé na cadeira", ela pode ouvir uma palavra que não compreende direito -o 'não'- seguida de: "Fique de pé na cadeira". Em vez disso, tente usar um comando afirmativo, como "Sente-se". Use comandos breves, imediatos e bastante claros. Depois, explique a razão do pedido.

Penelope Leach afirma: "(...) as crianças acham muito mais fácil compreender e gravar instruções positivas do que negativos, o que devem fazer do que o que não devem e preferem agir a não agir. Procure dizer: 'Assim, sim', em vez de: 'Não quero assado', e tente dizer: 'Sim' e 'Continue' pelo menos com a mesma frequencia com que diz: 'Não' e 'Pare com isso'".

Fonte: 101 maneiras de fazer uma criança feliz

13 julho 2009

Moda feminina: quando o menos é mais


"Para andar na moda, mas não ser dela escrava ou vítima, basta usar o bom senso e ter como regra que o menos é mais. Por incrível que pareça, não é preciso muito dinheiro para andar bem vestida, e sim disposição para procurar boas peças e estar antenada para as ofertas que surgem". Leia mais aqui.

10 julho 2009

Ensinando as crianças a pensar e a conviver

Acabo de ler um livro que procura dar a pais e professores algumas pautas para ensinar as crianças a conviver. Queria, aqui, fazer um rápido resumo dos três primeiros capítulos dessa interessante obra.


SEGURA, Manuel. Como ensinar as crianças a conviver. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

O autor é doutor em Pedagogia, Ciências da Educação e Filosofia, tendo estudado em Barcelona e na Inglaterra. Foi professor de Psicologia Educativa na Universidade de La Laguna, Espanha, e ministra a professores de ensino fundamental e médio diversos cursos sobre competência social.

Para o autor, um programa educacional eficaz deve levar em conta quatro aspectos em conjunto: cognição, habilidades sociais, emocional e crescimento moral. O aspecto da cognição retrata a importância de aprender a pensar: "Mais do que propor muitos conteúdos e informações, o importante é ensinar os filhos e os alunos a pensarem". O aspecto das habilidades sociais é o treinamento em diversos hábitos importantes para a convivência, especialmente a assertividade. "Ser assertivo quer dizer ser justo e eficaz na relação interpessoal, evitando os dois extremos: o da passividade tímida (que é nos calar e não fazer nada quando deveríamos falar ou agir), e o da agressividade violenta (que é insultar ou agredir os outros, sem respeitar sua dignidade e seus direitos)". O aspecto emocional em um programa educacional dá atenção à educação emocional. "O trabalho educacional na família e na escola não pretende reprimir as emoções, mas conhecê-las, saber utilizá-las para o desenvolvimento e a motivação pessoal e também para aprender a controlá-las quando forem se tornar uma ameaça para nós". Finalmente, o quarto aspecto, o do crescimento moral, dá atenção à educação em valores morais.

O aspecto cognitivo é abordado nos três capítulos iniciais de que trata esse resumo. Saber pensar, ter uma forma de ver as coisas com objetividade, e saber expressar isso é muito importante. Especialmente, diante dos inevitáveis conflitos da vida cotidiana.

O aspecto cognitivo

Não há um único tipo de inteligência, mas oito. "Todos nós temos essas oito inteligências, pelo menos no embrião, mas o normal é termos três ou quatro mais desenvolvidas". Para nos relacionarmos bem, precisamos desenvolver duas delas: a inteligência intrapessoal e a inteligência interpessoal (os outros tipos de inteligência são as inteligências linguística, matemática, espacial, cinestésica, musical e ecológica).

A inteligência intrapessoal é a capacidade de se entender a si mesmo, controlar-se e motivar-se. Eu diria que se trata do autoconhecimento, condição prévia para o autodomínio. Sem ela, não é possível desenvolver a inteligência interpessoal, que, segundo o autor, é especificamente aquela que nos auxilia na resolução dos conflitos da vida e na boa convivência. A inteligência interpessoal é a capacidade de se colocar no lugar dos outros e de se relacionar bem com eles.

Deve ficar claro para pais, professores, adolescentes, crianças, que ser inteligente não é só ser capaz de produzir conhecimentos técnicos ou científicos, mas também ser capaz de conviver bem ou de resolver conflitos. “Também é inteligência levar uma boa relação de casal durante toda a vida”, diz o autor.

Conviver bem supõe a capacidade de solucionar conflitos, porque esses são inerentes à vida. Uma boa casa não é uma casa sem conflitos, mas onde os conflitos se resolvem. Resolver conflitos nos amadurece, mas para isso é necessário saber pensar. A literatura sobre resolução de conflitos é, segundo o autor, quase unânime em apontar cinco passos para um reto pensar diante dos conflitos. Um resumo desses cinco passos está logo abaixo, sempre intercalados com a minha experiência de pai com essa cor aqui.

1. Pensamento causal: é necessário diagnosticar bem um problema, assinalar quais as suas verdadeiras causas. Exemplifico: se falta dinheiro, talvez o problema não seja o descontrole da esposa, mas a ocorrência de gastos imprevistos. Se o pai não levou o filho no parque, talvez o problema não seja que o pai não quis levá-lo, mas que tenha chovido no dia. Para diagnosticar bem o problema, é fundamental ter informação e saber interpretá-la.

Para isso, precisamos de maturidade e objetividade. Daí a necessidade de treinarmos, nós mesmos e nossos filhos ou alunos, a separar muito bem o que é um fato do que é uma opinião, ou algo que imaginamos, ou um desejo, ou um medo. Precisamos distinguir o que é o problema em si, do que é o problema em mim (aquilo que eu sinto, aquilo que eu suponho, aquilo que eu gostaria, etc.). Em termos interpessoais, “temos de prestar muita atenção aos detalhes, às palavras que nos dizem, ao tom com que são ditas, e ao rosto que as pessoas têm quando nos dizem essas palavras. Precisamos de informação e precisamos saber ‘lê-la’ com objetividade”.

Para ir ajudando meu filho a ter esse pensamento causal, sempre lhe pergunto: "Por que isso aconteceu?" Se ele derrubou suco de uva em sua camisa, por que isso aconteceu? Se a irmãzinha está chorando, por que isso aconteceu? Se eu estou nervoso, por que isso aconteceu?

2. Pensamento alternativo: é a capacidade de imaginar diversas causas e diversas soluções para o problema, e não apenas uma ou duas. “Sempre existem várias soluções possíveis [e causas possíveis] para qualquer problema ou conflito”. Pode também ser chamado de pensamento criativo, pela capacidade de imaginação que supõe. Embora elencado em segundo lugar, o autor afirma que o pensamento alternativo é “com certeza” o mais importante e o primeiro de que precisamos para atingir uma relação humana correta. É necessário para diagnosticar bem o problema, para não nos apegarmos à primeira ideia que pode nos vir à cabeça quando procuramos descobrir as causas de um problema e, por isso, é mais básico do que o pensamento causal.

Mas também é necessário para tomar as decisões, para escolher entre as diversas possibilidades de ação. Para exercitar esse pensamento, pode-se colocar em alguma situação, real ou imaginária, e anotar o maior número de decisões que podem ser tomadas (inclusive o não fazer nada). Uma vez expostas todas as decisões possíveis, é necessário escolher a melhor ou a menos pior, à luz dos critérios da eficácia e da justiça: eficácia, para tomar a decisão que de fato resolva o problema, e não para varrê-lo para debaixo do tapete; justiça, para que a decisão não fira direitos ou a dignidade de alguém.

Descobri uma maneira boa para treinar isso com meu filho. Suponha que ele tenha acabado de chegar da videolocadora com um filme novo. Eu, que estava em casa, não percebo, e pergunto a ele se ele quer tomar banho. Ele diz "Não!" Mas, descobri que, na verdade, não é que ele não queira tomar banho, apenas não quer tomar banho naquela hora. Daí eu pergunto: "que tal ver o filme agora e depois tomar banho?"

Situação curiosa: isso se voltou noutro dia contra mim. Eu estava com muito sono, e queria fazê-lo dormir logo. Eu já tinha me preparado para ler história para ele, na esperança de ele dormir logo, e de repente ele pede: "Papai, faz um leitinho para mim?" Eu, um pouco irritado pelo cansaço, disse: "João Paulo, você escolhe: ou a história ou o leite!" E ele respondeu: "Papai, que tal o leite e depois a história?"

E já vi que ele tem usado esse tipo de pensamento alternativo nos momentos em que os colegas querem impor uma brincadeira. Ele cede e diz: "Que tal essa sua brincadeira e depois a minha?", e isso resolve os problemas.

3. Pensamento de consequência: através dele, procura-se imaginar, “com a maior exatidão possível, quais vão ser minhas reações depois de dizer ou de fazer tal coisa, e quais serão as reações dos outros”. São as possíveis consequências que determinam qual a melhor solução entre todas as alternativas. “Será melhor a que tiver consequencias mais benéficas ou pelo menos mais aceitáveis, ou menos ruins para mim e para as outras pessoas”. Esse tipo de pensamento se aprimora com a maturidade. Com crianças pequenas, podemos brincar de perguntar “o que aconteceria se...”, começando com consequencias físicas (“o que aconteceria se eu colocasse a mão no fogo?”), mas depois passando para o interpessoal (“o que aconteceria se nós disséssemos sempre a verdade?”).

Temos obstáculos culturais a serem vencidos aqui. “A televisão, a internet, os videogames, a procura pela gratificação imediata (que se vê tanto nas crianças pequenas e nos drogados, e que está em todos), não facilitam muito o pensamento de consequencia. Estamos nos acostumando a não ver o que pode ser visto e ficamos cegos diante do futuro”, tanto o mais imediato quando o mais distante.

Na convivência com as meninas da casa (a mamãe e a irmãzinha, de 1 ano), é muito fácil pedir ao meu filho para imaginar qual será a reação delas se ele gritar, ou se ele deixar o sapato fora do lugar, etc. Ele tem apenas 3 anos e meio, mas já está aprendendo que as pessoas reagem às suas atitudes.

4. Pensamento de perspectiva: é a capacidade de se colocar no lugar do outro. “Consiste em ver as coisas do ponto de vista do outro, da perspectiva do outro”. Não se trata de ceder ao que o outro pensa ou deseja, mas apenas de ver como o outro vê para entender seu ponto de vista e suas reações (e ceder apenas se isso for mais correto). É, “sem dúvida alguma, a mais importante condição para nos relacionarmos bem”.

É uma capacidade mais desenvolvida nas mulheres, e há quem afirme que essa é a razão de a mulher cometer menos delitos do que o homem (12% contra 88%, estatística norteamericana). Estudiosos procuram entender o motivo de essa capacidade estar mais desenvolvida nas mulheres, sendo que o autor apresenta duas hipóteses adotadas pelos pesquisadores: porque historicamente é ela quem toma conta de outras pessoas mais frequentemente do que o homem, ou porque historicamente foi mais dominada e quem está nessa situação cria estratégias mentais para entender as reações do seu senhor (essa segunda hipótese se baseia em outra constatação, a de que os negros americanos têm essa capacidade de perspectiva mais aguçada do que os brancos, talvez pelo mesmo motivo de terem sido dominados). O fato é que tais hipóteses revelariam que essa não é uma característica natural na mulher, mas cultural. E, sendo assim, os homens também podem ser educados a desenvolver, tanto quanto as mulheres, essa capacidade. Segundo o autor, o pensamento em perspectiva “não é uma qualidade feminina e sim uma característica humana, plenamente humana”.

Alguns afirmam que essa capacidade só se desenvolve depois dos cinco anos, razão pela qual eu não estou utilizando metodicamente com meu filho.

5. Pensamento meio-fim: é a capacidade que temos de nos colocar objetivos claros, de priorizá-los segundo uma boa hierarquia de valores e de saber procurar os meios para atingi-los. Citando M. Csikszentmihalyi, “viver é ter objetivos e conviver é compartilhar objetivos”. Quando não temos objetivos claros, perdemos muito tempo. Quando não os priorizamos adequadamente, corremos o risco de não fazer o que é mais importante. “Eu acho, diz o autor, que a nossa época é um tempo de muitos meios (os meios técnicos, por exemplo, são cada vez mais frequentes em todos os campos das nossas vidas), mas não se encaixam em objetivos claros”. E eu acrescentaria que essa pode ser uma das razões mais profundas do consumismo marcante em nossa cultura. Note como esse pensamento, bem como os anteriores, supõe a inteligência intrapessoal: saber quais os objetivos mais importantes para mim supõe saber quem eu sou.

É importante ensinar os filhos e alunos a identificar os seus valores, pois isso é essencial para que eles identifiquem seus objetivos na vida. A partir daí, ensiná-los a planejar. Otimismo e pessimismo diante dos desafios são coisas que as crianças aprendem, por isso devemos ensiná-las a ser otimistas.

Por enquanto, não tenho visto oportunidades para ajudar meu filho a fazer isso. Alguma idéia aí?

06 julho 2009

Dê opções para seu filho

Permitir que a criança faça escolhas aumenta a autoestima. Veja dicas simples para ajudar seu filho, sem que o feitiço se volte contra o feiticeiro.

Certa vez, Tucker, então com quase dois anos, ficou muito frustrado porque o vento não lhe obedecia. Ele compreendia o que era o vento e normalmente se encantava com ele, mas nesse dia ele estava dizendo: "Vento, pare!" e fazendo gestos. Mas o vento não queria cooperar, e Tucker não estava gostando disso. O vento era apenas uma das muitas coisas que ele queria controlar, mas não podia fazê-lo.

As crianças pequenas desejam muito exercer algum tipo de autoridade sobre seu mundo. Você pode ajudá-las a sentir que têm um pouco de controle sobre suas vidas dando-lhes opções sempre que possível. Diante da geladeira: "Você prefere empanados de frango ou de peixe?". No parquinho: "Você quer brincar primeiro no escorregador ou no balanço?" Ao se vestir: "Hoje você quer pôr a camisa azul ou a vermelha?" Você pode lhe dar opções até no supermercado, perguntando: "Que melancia parece mais bonita, esta ou aquela?"

Basta ter o cuidado de só oferecer opções quando ele puder realmente decidir. Não diga: "Muito bem, filho, pronto para seu banho?" se você estiver decidida a mergulhá-lo na banheirinha naquele exato momento, independentemente do que ele diga. Se ele disser não e você não respeitar essa opção, ele vai se sentir muito pior do que se você dissesse apenas: "Hora do banho!" Não faça perguntas a menos que espere realmente uma resposta. Fazer uma pergunta e depois menosprezar a resposta serve apenas para ressaltar o fato de que a criança está impotente diante de uma situação.

Fonte: 101 maneiras de fazer uma criança feliz

04 julho 2009

A educação cristã dos filhos

Minha participação no programa Em Movimento, da Rádio Imperial de Petrópolis. Ouça. E, se tiver interesse, visite meu podcast.

29 junho 2009

Psicóloga dá dicas de como administrar bem o tempo

Para ter o tempo como aliado, a psicóloga Lúcia Cristina Pereira orientou que é necessário identificar primeiro as prioridades da vida. A partir desta etapa, é só organizar uma rotina, afirmou Lúcia.

26 junho 2009

Morte digna: cuidados paliativos no Hospital das Clínicas de São Paulo

A hora da morte é, talvez, a mais importante da vida de alguém. Com o avançar da técnica, que permite a manutenção da vida ao máximo possível, ainda quando sem possibilidade de cura, surgiu o fenômeno da morte longe dos familiares, entre desconhecidos, ou na solidão de uma UTI. Diante disso, há décadas se começou a defender o uso de cuidados paliativos, para permitir que o doente terminal possa ter apoio afetivo e espiritual em seus últimos momentos, cercado por seus familiares. O HC de SP está criando o serviço de cuidados paliativos. Uma excelente notícia!

25 junho 2009

Teologia do corpo: "Na própria definição do homem está a alternativa entre morte e imortalidade"

7ª catequese do Papa João Paulo II sobre o amor humano no plano divino, ou, mais precisamente, a redenção do corpo e a sacramentalidade do matrimônio. Alocução da Audiência Geral de Quarta-Feira, 31 de outubro de 1979, publicada no L'Osservatore Romano n. 44, de 4 de novembro de 1979.

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Veja todas as catequeses que o FN publicou até agora clicando em Teologia do Corpo.

1. Na reflexão precedente, começamos a analisar o significado da solidão original do homem. A sugestão foi-nos dada pelo texto javista, e em particular pelas seguintes palavras: Não é conveniente que o homem esteja só: vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele[i]. A análise das relativas passagens do Livro do Gênesis (cap. 2) levou-nos já a conclusões surpreendentes que dizem respeito à antropologia, isto é à ciência fundamental acerca do homem, contida neste Livro. De fato, relativamente em poucas frases, o antigo texto delineia o homem com pessoa com a subjetividade que a caracteriza.

Quando Deus-Javé dá a este primeiro homem, assim formado, a ordem que diz respeito a todas as árvores que crescem no "jardim do Éden", sobretudo a do conhecimento do bem e do mal, aos delineamentos do homem, acima descritos, junta-se o momento da opção e da autodeterminação, isto é da vontade livre. Deste modo, a imagem do homem, como pessoa dotada de uma subjetividade própria, aparece diante de nós como acabada no seu primeiro esboço.

No conceito de solidão original está incluída quer a autoconsciência, quer a autodeterminação. O fato de o homem estar "só" encerra em si tal estrutura ontológica e ao mesmo tempo é um índice de autêntica compreensão. Sem isto, não podemos compreender corretamente as palavras seguintes, que constituem o prelúdio da criação da primeira mulher: "vou dar-lhe uma auxiliar". Mas, sobretudo, sem aquele significado tão profundo da solidão original do homem, não pode ser compreendida nem corretamente interpretada a situação completa do homem criado "à imagem de Deus", que é a situação da primeira, ou melhor da primitiva Aliança com Deus.

2. Este homem, de quem a narração do capítulo primeiro diz que foi criado "à imagem de Deus", manifesta-se, na segunda narração, como sujeito da Aliança, isto é, sujeito constituído como pessoa, constituído à altura de "companheiro do Absoluto", dado dever discernir e escolher conscientemente entre o bem e o mal, entre a vida e a morte. As palavras da primeira ordem de Deus-Javé[ii] que se referem diretamente à submissão e à dependência do homem-criatura do seu Criador, revelam de modo indireto precisamente tal nível de humanidade, como sujeito da Aliança e "companheiro do Absoluto". O homem está "só": isto quer dizer que ele, através da própria humanidade, através daquilo que ele é, é ao mesmo tempo constituído numa única, exclusiva e irrepetível relação com o próprio Deus. A definição antropológica contida no texto javista aproxima-se, por seu lado, daquilo que exprime a definição teológica do homem, que encontramos na primeira narração da criação ("Façamos o homem à Nossa imagem, à Nossa semelhança"[iii]).

3. O homem, assim formado, pertence ao mundo visível, é corpo entre os corpos. Retomando e, de certo modo, reconstruindo o significado da solidão original, aplicamo-lo ao homem na sua totalidade. O corpo, mediante o qual o homem participa no mundo criado visível, torna-o ao mesmo tempo consciente de estar "só". De outro modo não teria sido capaz de chegar àquela convicção a que, efetivamente, como lemos chegou[iv], se o seu corpo o não tivesse ajudado a compreendê-lo, tornando o fato evidente. A consciência da solidão poderia ter enfraquecido, precisamente por causa do seu próprio corpo. O homem, 'adam, teria podido, baseando-se na experiência do próprio corpo, chegar à conclusão de ser substancialmente semelhante aos outros seres vivos (animalia). E afinal, como lemos, não chegou a esta conclusão, pelo contrário chegou à persuasão de estar "só". O texto javista não fala nunca diretamente do corpo; até mesmo quando diz que "o Senhor Deus formou o homem do pó da terra", fala do homem e não do corpo. Apesar disto, a narração tomada no seu conjunto oferece-nos bases suficientes para perceber este homem, criado no mundo visível, exatamente como corpo entre os corpos.

A análise do texto javista permite-nos também relacionar a solidão original do homem com a consciência do corpo, mediante o qual o homem se distingue de todos os animalia e "se separa" deles, e também mediante o qual ele é pessoa. Pode-se afirmar com certeza que aquele homem assim formado tem contemporaneamente o conhecimento e a consciência do sentido do próprio corpo. E isto baseado na experiência da solidão original.

4. Tudo isto pode ser considerado como implicação da segunda narração da criação do homem, e a análise do texto permite-nos um amplo desenvolvimento.

Quando no início do texto javista, ainda antes de se falar da criação do homem do "pó da terra", lemos que "ninguém cultivava a terra e fazia jorrar da terra a água dos canais para regar o solo"[v], associamos justamente este trecho ao da primeira narração, em que está expressa a ordem divina: enchei e dominai a terra[vi]. A segunda narração alude de modo explícito ao trabalho que o homem realiza para cultivar a terra. O primeiro meio fundamental para dominar a terra encontra-se no próprio homem. O homem pode dominar a terra porque só ele —e nenhum outro ser vivo— é capaz de "cultivá-la" e transformá-la segundo as próprias necessidades ("fazia jorrar da terra a água dos canais para regar o solo"). E então, este primeiro esboço de uma atividade especificamente humana parece fazer parte da definição do homem, tal como emerge da análise do texto javista. Por conseguinte, pode-se afirmar que tal esboço é intrínseco ao significado da solidão original e pertence àquela dimensão de solidão através da qual o homem, que desde o início, está no mundo visível como corpo entre os corpos, descobre o sentido da própria corporalidade.

Sobre este assunto voltaremos na próxima reflexão.


[i] Gn 2, 18.

[ii] Gn 2, 16-17.

[iii] Gn 1, 26.

[iv] Cfr. Gn 2, 20.

[v] Gn 2, 5-6.

[vi] Gn 1, 28.