Pages

22 julho 2009

Sombras pastorais


Os principais perigos que podem afetar a pastoral familiar ou qualquer outra pastoral, segundo Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Londrina, PR: messianismo, ativismo, perfeccionismo, burocracia, carreirismo, dentre outros.

1. Messianismo. É a mania de fazer planos pastorais sem consultar a vontade de Deus. Daí vem o estrelismo das pessoas que se projetam a si mesmas. Deus fica em segundo lugar, serve de estepe para que nossos planos não falhem, segundo nossa vontade, nossas ideologias e nossas óticas.

2. Ativismo. Pouca oração e muita agitação. Vale o que eu faço, e não o que eu sou. A pastoral vira profissão, burocracia. O ativismo leva à impaciência apostólica. É fruto do vazio interior e da vaidade pessoal.

3. Perfeccionismo. Busca-se o êxito, o sucesso, o resultado. A confiança não está na graça de Deus, mas nos planos e ações bem escritas nos livros pastorais e nas pessoas envolvidas. Tudo deve dar certo.

4. Mutismo. Consiste em calar verdades, omitir correções e falar só o que agrada. As grandes verdades silenciadas são: a castidade, o purgatório, o inferno, a infidelidade conjugal, a renúncia. O que importa é agradar. Por isso, há falta de profetismo.

5. Pessimismo. Pregam-se problemas, incertezas, azedumes e queixas. A Palavra de Deus não é proclamada. No seu lugar estão as dúvidas, suspeitas e vazios do pregador, do catequista, do pastoralista. Jogam-se sobre o povo problemas pessoais não resolvidos.

6. Falta de esperança. É o pecado do reducionismo, que consiste em reduzir a esperança, não crer na ressurreição, na eternidade, na vida futura. Tudo fica reduzido a este mundo, à matéria, à ciência experimental. Sem esperança não há consistência.

7. Burocracia. As pessoas são deixadas de lado e esquecidas. Cumprem-se as leis, marca-se o ponto, tudo vira pura burocracia eclesiástica e administração. O burocrata cumpre o dever, mas abandona as pessoas, os pobres, os sofredores. O que importa é o funcionamento da máquina eclesial.

8. Discriminação. Uns são privilegiados e outros descartados. Uns bem recebidos, outros rejeitados. Faz-se acepção de pessoas. Os ricos, os amigos, os privilegiados têm vez, os outros são discriminados.

9. Sectarismo. É a falta de abertura, de pluralismo e de ecumenismo. Sectário é quem secciona, busca o que lhe interessa e agrada. É o grupismo. Só meu grupo, minha espiritualidade, meu movimento, minha pastoral, meu interesse é que vale. O sectário ignora o outro, o diferente e o despreza, critica e combate. Falta o espírito de comunhão e de unidade. É a pastoral de gavetas e sem articulação que acaba no paroquialismo.

10. Carreirismo. É quem busca promoção. Fecha-se na sua experiência e desfaz a experiência dos outros. Eu é que estou certo, os outros estão errados. O carreirista acha-se insubstituível e infalível. Não solta os cargos. Perpetua-se no poder. É grudado na sua função. Mata a pastoral pelo apego ao poder. Não quer mudança nem transferência. Não dá lugar para os outros.

11. Individualismo. É quem espera gratificações, recompensas, aplausos e louvores. Precisa toda hora de elogios, pois do contrário cai em aflição e na crítica azeda. O que vale é a sua imagem, sua fama, a projeção de si.

12. Perda da alegria. Faz tudo por obrigação, cai na rotina, vive na superficialidade. Não tem entusiasmo, perdeu a alegria e o humor. Vem a amargura e a dramatização da vida.

13. A mesmice. É quem perdeu a criatividade, caiu na instalação, na mediocridade. Faz tudo sem amor, instala-se nos próprios defeitos e os justifica. Tem explicação para todos os seus erros e desleixos. Não muda e não se dispõe a mudar.

14. Vitimismo. É quem se acha injustiçado, rejeitado e por isso vive na apatia, arranja doenças, apega-se a defeitos psicológicos para justificar o vitimismo. Vive mais cuidando de si do que da pastoral do rebanho.

15. A inveja pastoral. Consiste em menosprezar o trabalho dos outros, aumentar seus defeitos, competir e tratar os outros com cinismo. O invejoso procura bloquear o sucesso alheio. Acontece aqui a "contradição dos bons", ou seja, não recebemos apoio e incentivo dos nossos colegas, amigos, irmãos de caminhada: pelo contrário, somos invejados, incompreendidos e criticados.

Para uma sadia evangelização, precisamos de "conversão pastoral", pela qual venceremos as sombras pastorais, como aponta o Documento de Aparecida.

Fonte: O Lutador, n. 3663, 11 a 20 de julho de 2009.

Um comentário:

  1. Oláaaaaa....
    Gostei de seu blog, viu?
    Parabéns...
    Que Deus te Abençoe...!!!
    http://sementesdeevangelizacao.blogspot.com
    visita ae o meu...
    começa a seguir meu blog que eu vou seguir o seu tá?
    me add joabe_sampaio90@hotmail.com

    ResponderExcluir

O que você acha dessa postagem?