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30 janeiro 2009

O valor da oração familiar

Angelus. Alocução mariana de domingo, 30 de janeiro de 1994

Caríssimos Irmãos e Irmãs

Queridos Jovens da Ação Católica

1A A família está, desde sempre, no centro da atenção eclesial. De modo particular o está no decurso deste Ano a ela dedicado. Se nos perguntarmos o "porquê" de tanto interesse, não será difícil encontrá-lo no amor e no serviço que a Igreja deve ao homem. O Cristianismo é a religião da encarnação, é o anúncio jubiloso de um Deus que vem ao encontro do homem e se faz homem. Por isso, desde a minha primeira Encíclica, não hesitei em afirmar que o homem é a "via da Igreja" , tencionando assim evocar e quase seguir a via percorrida por Deus mesmo, quando, mediante a Encarnação e a Redenção, se pôs no caminho da sua criatura.

1B Mas como se pode encontrar o homem, sem encontrar a família?

1C O homem é essencialmente um ser "social"; com maior razão pode-se defini-lo um ser "familiar". A família é o lugar natural da sua vinda ao mundo, é o ambiente no qual, normalmente, recebe quanto lhe é necessário para se desenvolver, é o primordial núcleo afetivo que lhe dá consistência e segurança, é a primeira escola de relações sociais.

1D De tudo isto a Igreja colhe a raiz última no projeto de Deus, ou melhor, no mistério mesmo da sua vida. Deus, de fato, mesmo sendo uno e único, revelou-se como inefável mistério trinitário, de três Pessoas Pai, Filho e Espírito Santo em recíproca relação de amor. O amor dos cônjuges, como o que une todos os membros da família, pais e filhos, é um reflexo no tempo desta comunhão eterna.

2A Podemos dizer: eis o "Evangelho da família", que a Igreja tenciona propor com renovado impulso. Eis o Ano da Família! Este ano iniciou com uma solene celebração em Nazaré, berço da Sagrada Família. Este ano, que o Senhor nos oferece, quer ser testemunho e anúncio, quer ser tempo de reflexão e tempo de conversão: tempo de especial oração, oração pelas famílias, oração nas famílias e oração das famílias.

2B É hora de redescobrir, queridos Irmãos e Irmãs, o valor da oração, a sua força misteriosa, a sua capacidade não só de nos reconduzir a Deus, mas de nos introduzir na verdade radical do ser humano. Ela encaminha para a conversão, para a conversão à sua plena humanidade cristã, e, depois, conversão à família, à solidariedade, ao amor, próprio deste núcleo de todas as relações sociais no mundo.

2C Quando o homem ora, põe-se diante de Deus, de um Tu, um Tu divino, e colhe ao mesmo tempo a íntima verdade do próprio "eu": Tu divino; eu humano, ser pessoal criado à imagem de Deus.

2D Acontece o mesmo na oração familiar: pondo-se na luz do Senhor, a família experimenta profundamente, como sujeito comunitário, um "nós" consolidado por um eterno desígnio de amor, que nada no mundo pode destruir.

3A E como costume, antes do Angelus, olhemos para Maria, esposa e mãe da Família de Nazaré. Ela é ícone vivo de oração, numa família de oração. Precisamente por isto, é também imagem de serenidade e de paz, de dedicação e de fidelidade, de ternura e de esperança. E isto é, isto deve ser também cada família.

3B A Ti, Virgem Santa, pedimos que nos eduques para a oração. A Ti, pedimos o grande dom do amor em todas as famílias do mundo. E com esta intenção, recitamos agora juntos o Angelus Domini.


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