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28 abril 2009

Filhos reduzem satisfação no casamento?

O site O Globo lançou a notícia Filhos podem reduzir a satisfação no casamento, diz estudo. É muito freqüente ouvir as pessoas dizendo que os filhos separam o casal. Mas a questão que se deve colocar é: o que procuramos quando nos casamos?

Segundo a reportagem, o nascimento dos filhos acelera a "redução na satisfação conjugal". O Jorge Ferraz, do Deus lo Vult!, critica a perspectiva adotada pela pesquisa. Segundo suas palavras:

Casamento não é para “satisfazer” ninguém! Se as pessoas soubessem disso, ninguém ia gastar tempo e dinheiro fazendo um estudo que não tem a ver diretamente com o Matrimônio, ninguém ia divulgá-lo e ninguém ia comentá-lo. No entanto, a sociedade pagã na qual nós vivemos parece ter como um dogma que a “satisfação” conjugal é o valor máximo a ser buscado dentro do casamento, o que justificaria tudo, da contracepção ao divórcio, do aborto à amásia. Claro; afinal, se eu não estiver “satisfeito”, por qual motivo eu deveria ter filhos? Por qual motivo eu deveria ficar junto de uma pessoa que não me “satisfaz”? Por que motivo eu não poderia ficar com alguém que me dá “satisfação”?


A intuição dele parece-me correta, mas creio que devem ser feitos alguns ajustes para que ninguém interprete mal a doutrina católica, da qual sei que o Jorge é um fiel seguidor.

O matrimônio cristão é um "sacramento do serviço da comunhão". Quem recebe a graça desse sacramento, fica como que consagrado à salvação de outrem (o esposo ou esposa, e os filhos). Isso significa que nós, esposos cristãos, temos a feliz missão de servir aos nossos cônjuges e, através disso, nos realizamos. E não se trata de um serviço qualquer. Por trás dos pequenos serviços cotidianos que prestamos em família, está um permanente e maior: ajudar o outro a se encontrar com Deus. Como diz o Catecismo,

Dois outros sacramentos, a Ordem e o Matrimônio, são ordenados para a salvação de outrem. Se contribuem também para a salvação pessoal, é através do serviço aos outros que o fazem. (...) os esposos cristãos são fortalecidos e como que consagrados por meio de um sacramento especial em ordem ao digno cumprimento dos deveres do seu estado (§§ 1533 e 1534).


Podemos certamente ler "salvação pessoal" como "satisfação pessoal", e entender que é no serviço da comunhão que encontramos a satisfação verdadeira. O matrimônio, sim, é para satisfazer! E satisfaz quando ajudamos os outros a viver a comunhão com Deus, consigo mesmos, com os demais e com a criação. Não só quando os ajudamos, mas quando vivemos essa comunhão junto com eles. Todos juntos, subindo para Deus!

No entanto, quem lê o post do Jorge - mesmo que não tenha sido, como de fato não foi, sua intenção - pode ser levado a pensar que, na ótica católica, devemos abdicar da busca da própria felicidade. E isso seria um equívoco. Deus colocou em nós o desejo de felicidade para que a encontrássemos, e não para que a anulássemos. E nós a encontramos na reconciliação com Deus, conosco mesmos, com os irmãos e com a criação. Essa reconciliação nos leva a uma vida de santidade, para a qual os Sacramentos se encaminham e, dentre eles, também o matrimônio. O matrimônio é um caminho de santidade! É um caminho de realização pessoal, pois ser santo é realizar-se, para a glória de Deus!

Por isso, eu diria que o matrimônio é, sim, para satisfazer. Mas isso só pode ser visto quando nos ajoelhamos diante do matrimônio, para contemplá-lo como "mistério". Como eu disse, essa satisfação passa pelo serviço. Foi o próprio Senhor Jesus que revelou esse nexo misterioso entre serviço e satisfação: logo após lavar os pés dos discípulos, disse-lhes para fazer o mesmo e acrescentou: "sereis felizes se o puserdes em prática". Portanto, a dinâmica do serviço não tem por objetivo aniquilar os próprios desejos, anular-se, ou qualquer outro objetivo que mais pareceria com certas filosofias orientais. É no serviço que nós, esposos e esposas, nos satisfazemos.

Quando o "grande mistério" do matrimônio foi revelado pelo Senhor, descobrimos que se trata de viver em nossas casas o próprio amor entre Cristo e a Igreja. Cristo, ao dar sua vida por sua Esposa, tinha também uma finalidade de auto-satisfação. É São Paulo quem nos ensina que o Senhor deu sua vida pela Igreja para "apresentá-la a si mesmo toda bela, sem mancha nem ruga ou qualquer reparo, mas santa e sem defeito" (Ef 5, 27), ou seja, para seu próprio deleite. Nunca devemos esquecer que o Senhor deu sua vida não só por amor a nós, mas também por amor a si mesmo. Não há contradição nesse amor. Afinal, nós casados sabemos desse experiência: sentimos prazer quando proporcionamos prazer ao nosso amado.

É preciso anunciar esse grande mistério do Matrimônio, para que nossos irmãos, ainda não iluminados por Cristo, sintam que o desejo de felicidade e satisfação que todos temos passa por viver a serviço da vida e da santidade, que é vida em abundância.

Numa comunidade do Orkut, abri um tópico justamente para discutir essa reportagem. O mais comum era ver a idéia de que as pessoas sentem o filho como peso porque não estão dispostas a renunciar. Eu diria, "não estão dispostas a conquistar coisas maiores". Certamente, a vida cristã passa pela renúncia, mas esta não é um fim em si mesmo. Renunciamos a coisas menores, para conquistar coisas maiores. A renúncia cristã é uma opção positiva, para ganhar algo, e não negativa.

Os filhos são um bem. Certamente, um bem árduo. Custam, mas tudo o que vale custa, e o que vale muito custa muito. Renunciamos a coisas muito boas para ter e educar os filhos, porque temos a firme certeza de que, já aqui neste mundo, conquistamos bens ainda maiores do que aqueles que deixamos de lado. É como que lançar fora o peso de certos bens, para que nosso balão chegue a maiores alturas.

Ah, Senhor Jesus, ilumina meu coração para que eu participe, com a Juliana e com meus filhos, João Paulo e Isabela, desse teu grande mistério de amor! Peço a você, leitor, que reze por mim, para que minha família participe e seja testemunha das bodas do Cordeiro!



3 comentários:

  1. É aquilo, dizer que n abala é mentira, principalemnte nos primeiros meses, é uma vida nova, tudo novo, aprender a viver em 3.

    Passado esse tempo, se a coisa n entrar nos eixos é buscar ajuda.

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  2. Concordo. Alguma mudança deve mesmo existir. E o sentimento de crise é inerente à mudança. Ou seja, toda mudança gera algum tipo de crise. Daí que a crise não é ruim em si mesma, tudo dependendo de como lidamos com ela

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  3. Sim antes do casamento, deve-se pensar, nos filhos que vamos ter sim ! Mas sabem uma coisa ? agente quando casa vamos, com olhos fechados, depois de casados , temos os olhos semiserrados, e isso leva a fazer coisas inconscientes.O ter um filho é belo mais que um nao está certo, a vida esta um cauje, para se poder ter filhos ,Temos que pensar as coisas, bem pensadas para não termos filhos e depois nãop temos dinheiro, para sustenta-los

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