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27 abril 2009

As crianças e a necessidade de repetir histórias

"Não, esse não. Vai escolher outro!" Quando me virei para ver quem falava, deparei-me com um pai irritado porque o filho queria alugar pela quinta vez o mesmo filme na videolocadora. Tentei intervir, dizendo que as crianças gostam e precisam ouvir histórias mil e uma vezes, porque estão construindo sua percepção das coisas. O pai não conseguia entender isso (nem que eu repetisse mil e uma vezes!). "Assim, vou gastar muita grana!", dizia ele.

Ao chegar em casa, decidi fazer esse post. No site da Crescer, vi um artigo interessante, do qual retiro a seguinte passagem. Depois eu volto:

Segundo a psicóloga Cláudia Tricate, diretora do berçário Baby Oz, em São Paulo, entre 2 e 3 anos as crianças usam as experiências para formar esquemas que as ajudem a antecipar os acontecimentos. "Repetir brincadeiras ou ouvir a mesma história faz com que elas aprendam a identificar objetos e situações, a perceber sucessões de fatos e também relações de causa e efeito. Essas experiências, chamadas reiterativas, é que impulsionam a criança a se aventurar em novos conhecimentos, pois elas podem fazer previsões e criar expectativas", diz Cláudia.

A psicóloga Cláudia Silveira lembra que, para a criança, repetir é também uma forma de evitar a insegurança que o novo traz. "Quando repete histórias, desenhos, brincadeiras, ela confirma informações, capta melhor o que já viu e reforça sua identificação com algum elemento da história", diz a psicóloga. É essa identificação, principalmente, que determina quais brincadeiras ou histórias vão ser as preferidas. Só essas serão repetidas muitas vezes, e não todas as atividades do cotidiano.

Para especialistas, os pais devem compreender e acolher essa necessidade infantil. "Não é nada fácil assistir dez vezes seguidas ao filme A Bela Adormecida, mas, com certeza, vale à pena proporcionar ao filho esses momentos", diz Cláudia Tricate. Mas também é importante que os pais estejam atentos para oferecer à criança novas experiências. "Eles devem demonstrar interesse por outras situações e garantir ao filho a companhia e o apoio para se arriscar", diz Cláudia. Mesmo que isso, às vezes, signifique contar outras dez vezes uma nova história.

As crianças de 2 a 3 anos precisam se certificar de que as coisas ocorrem do mesmo modo, até mesmo no mundo da fantasia. Para quem ainda não tem noção do tempo, esse é o jeito de entender que a vida continua. E se essa é a base de sua segurança, a tentativa dos pais de mudar esse processo, alterando o desfecho de uma história, por exemplo, pode deixar o filho pouco confiante, frustrado nas poucas certezas que, por enquanto, fazem parte do seu repertório. É melhor respeitar todas as vírgulas, palavras e finais felizes. Nessa idade, a criança não gosta de trocar nem o contador da história, porque dele vem o afeto que dá o gostinho especial a essas experiências.


Voltando. Sinceramente, nunca me cansei de ver os mesmos filmes com meu filho. Eu entro no mundo dele, e me divirto sempre. O amor permite uma comunhão maravilhosa, em que a empatia nos torna realmente participantes da vida de nossos filhos!

Mas será que isso explica tudo? Faltava amor àquele pai, ou apenas informação?


Um comentário:

  1. Bom, eu tb assisto com meu filho milhões de vezes o mesmo desenho e filmes infantis.

    Que cansa , cansa; ver a mesma coisa toda hora mas para ele é importante eu assisto.

    A mania do meu são filmes de dinossauros, comprei os dvds, assim n preciso alugar.

    Comprei muitos desenhos da cultura tb ele gosta

    Esse pai citado é bem ridículo, pq n fez uma compra legal de dvds, temos aqui mais de 50.....curto tudo com meu filho, deixo tudo sem fazer e vou ficar com ele.

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