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20 fevereiro 2009

O poder do elogio

Estou aguardando o ônibus para me trazer à universidade. Um pai, aparentando poucos recursos, reclama em voz alta com o filho. Isso me chama a atenção, e eu passo a observar. O filho parece ter menos de dois anos; o pai não passa de trinta e cinco. Não sei muito bem o que o filho está fazendo, mas parece-me que o menino machucou o pai, dando-lhe um arranhão ou coisa parecida.

O ônibus demora cerca de dez minutos para chegar. Neste período, o homem só abre a boca para reclamar do filho. "Você é um menino bobo". "Que coisa feia". "Seu feio". Depois de algum tempo em silêncio, o pai novamente diz, "Você está ficando bobo". Parece que o filho já tinha esquecido, pois franze a testa e pergunta o motivo desta zanga do pai.

Ao chegar aqui na universidade, não pude resistir em compartilhar um par de ideias com meus amigos leitores.

A criança acredita ser o que você diz que ela é. Quando o menino é pequeno, o pai é tudo para ele. Não tem defeitos. Sabe tudo. É o herói. Como faz bem o pai que destaca aquilo que de positivo o filho é ou faz!

Com meu filho mais velho (a mais nova tem apenas oito meses, ele três anos), sempre procuramos destacar muito as coisas boas que faz. Estamos convencidos que o elogio tem um poder imenso. Nosso filho, hoje, tem uma autoestima muito boa, tem prazer em fazer as coisas que são certas: arruma seus brinquedos, conversa bem com estranhos, não joga lixo no chão mas em lixeiras, obedece nossas ordens, não insiste em comprar coisas no supermercado, etc.

Claro que também ralhamos com ele, mas não o chamamos de feio. Hoje, lá em casa, ouvi um diálogo que ilustra bem isso. Ele havia feito algo errado, com consciência de que era errado. Minha esposa ralhou, "que coisa feia!". Ele respondeu: "Eu não sou feio". Ela, então, o ajudou a pensar mais racionalmente: "Eu não disse que você é feio, eu disse que você fez uma coisa feia. Você é bonito. Como é que um menino tão bonito como você foi capaz de fazer um coisa tão feia?"

Existe uma antropologia por trás disso. O homem é imagem e semelhança de Deus, destinado à comunhão e participação na vida divina por meio de Cristo. É isso o que nossos filhos são! O meu, por vezes, age de maneira em que percebemos que o pecado já habita nele. Mas estamos convictos de que ele não é o pecado, ele não é seus defeitos. As atitudes erradas são algo contrário à sua identidade. Precisamos que ele entenda isso aos poucos, e acreditamos que diálogos como o mencionado acima apontam para isso.

Ao encontrar seu filho hoje, faça-lhe um elogio sincero! Amanhã, outro. Rapidamente, você verá o resultado.

(Sobre o poder do elogio entre casais, veja esse artigo do Dado Moura).




19 fevereiro 2009

Para brincar com os filhos


Você já jogou Personagem? É um jogo simples, em que uma pessoa escolhe um personagem (real ou fictício) e os demais precisam descobrir, a partir de perguntas feitas ao colega.

Esse jogo é bom para ensinar lógica às crianças, além de servir para reforçar alguns conhecimentos de história.

Agora, é possível jogar esse jogo contra o computador! O site Akinator apresenta um gênio, que começa a lhe fazer perguntas sobre o personagem que você pensou e... acerta! Fiz o teste, e o resultado foi impressionante (pelo menos, na maioria das vezes). Brinque você também com seu filho!

13 fevereiro 2009

Taxímetro on line

O siteTaxímetro Online traz um serviço bem interessante: você informa a cidade, e os endereços de origem e destino, e o site calcula uma estimativa do preço da corrida de taxi.

O serviço, por enquanto, é utilizado para as cidades de Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória.

10 fevereiro 2009

Pais devem estar atentos às mochilas dos filhos

Ortopedista afirma que os pais devem observar o ajuste das mochilas ao corpo. Ele também alerta que o peso dos objetos carregados não devem ultrapassar 10% do peso das crianças.


07 fevereiro 2009

Como lidar com brinquedos eletrônicos

Abaixo, você vê uma reportagem que foi ao ar no Jornal Hoje, da Rede Globo. É um tema que tem dado muitas dores de cabeça aos pais.

O FN publicou ontem uma mensagem do Papa João Paulo II sobre critérios para saber ver televisão. Os itens G até J podem ser aplicados, com as devidas mudanças, para o acesso à internet. Cabe, de fato, aos pais oferecer positivamente alternativas aos filhos, e não apenas proibir. Na reportagem da Globo, por exemplo, encerra-se com uma fala de uma menina, dizendo que aprendeu que o mundo real é bem mais interessante que o mundo virtual.

O Guia do Bebê também apresenta algumas dicas interessantes para o assunto. Veja aqui.

06 fevereiro 2009

Site útil para a família

Nesses tempos de mudança ortográfica, é interessante visitar o site Ortografa, que corrige um texto para adequá-lo às novas regras.

Ao que parece, está voltado para as alterações na escrita dos brasileiros, pois inseri palavras escritas por portugueses (como a palavra "actual" com esse "c" mudo) e o site ignorou. Mas vale a pena experimentar.

04 fevereiro 2009

Crianças devem se adaptar aos poucos à vida escolar

De acordo com pedagogos, os primeiros anos na escola podem determinar a relação das crianças com o ensino. A adaptação deve ser feita de forma natural e gradativa.


03 fevereiro 2009

O testemunho de Rebecca Kiessling



Recebi por e-mail do Rodrigo Pedroso. O original em inglês está aqui. Os destaques são dele.



Eu fui adotada assim que nasci. Aos 18 anos soube que fui concebida a partir de um estupro brutal sob ameaça de faca por um estuprador em série. Assim como a maior parte das pessoas, eu nunca pensei que o assunto aborto estivesse relacionado à minha vida, mas assim que recebi esta notícia percebi que não só está relacionado à minha vida, mas está ligado à minha própria existência. Era como se eu pudesse ouvir os ecos de todas as pessoas que, da forma mais simpática possível, dizem: “Bem, exceto nos caso de estupro...” ou que dizem com veemência e repulsa: “Especialmente nos casos de estupro!!!”. Existem muitas pessoas assim por aí. Elas sequer me conhecem, mas julgam a minha vida e tão prontamente a descartam só pela forma como fui concebida. Eu senti como se a partir daquele momento tivesse que justificar minha própria existência, tivesse que provar ao mundo que não deveria ter sido abortada e que eu era digna de viver. Também me lembro de me sentir como lixo por causa das pessoas que diziam que minha vida era um lixo, que eu era descartável.

Por favor, entenda que quando você se declara “a favor do direito de decidir” ou quando abre a exceção para o estupro, o que isso realmente significa é que você pode olhar nos meus olhos e me dizer “eu acho que sua mãe deveria ter tido a opção de abortar você”. Esta é uma afirmação muito forte. Jamais diria a alguém: “Se eu tivesse tido a chance, você estaria morta agora”. Mas essa é a realidade com a qual eu vivo. Desafio qualquer um a dizer que não é. Não é como se as pessoas dissessem: “Bom, eu sou a favor da livre escolha, menos naquela pequena fresta de oportunidade em 1968/69, para que você, Rebecca, pudesse ter nascido”. Não. Esta é a realidade mais cruel desse tipo de opinião e eu posso afirmar que isso machuca e que é uma maldade. Mas sei que muita gente não quer se comprometer sobre esse assunto. Para eles, é apenas um conceito, um clichê que eles varrem para debaixo do tapete e esquecem. Eu realmente espero que, como filha de um estupro, eu possa ajudar a dar um rosto e uma voz a esta questão.

Diversas vezes me deparei com pessoas que me confrontaram e tentaram se desvencilhar dizendo coisas do tipo: “Bem, você teve sorte!”. Tenha certeza de que minha sobrevivência não tem nada a ver com sorte. O fato de eu estar viva hoje tem a ver com as escolhas feitas pela nossa sociedade: pessoas que lutaram para que o aborto fosse ilegal em Michigan naquela época -- mesmo em casos de estupro --, pessoas que brigaram para proteger a minha vida e pessoas que votaram a favor da vida. Eu não tive sorte. Fui protegida. E vocês realmente acham que nossos irmãos e irmãs que estão sendo abortados todos os dias simplesmente são “azarados”?

Apesar de minha mãe biológica ter ficado feliz em me conhecer, ela me contou que foi a duas clínicas de aborto clandestinas e que eu quase fui abortada. Depois do estupro, a polícia indicou um conselheiro que simplesmente disse a ela que a melhor opção era abortar. Minha mãe biológica disse que naquela época não havia centros de apoio a grávidas em risco, mas me garantiu que, se houvesse, ela teria ido até lá pelo menos para receber um pouco mais de orientação. O conselheiro foi quem estabeleceu o contato entre ela e os aborteiros clandestinos. Ela disse que a clínica tinha a típica aparência de fundo de quintal, como a gente escuta por aí, e lá “ela poderia ter me abortado de forma segura e legal”: sangue e sujeira na mesa e por todo o chão. Essas condições precárias e o fato de ser ilegal levaram-na a recuar, como acontece com a maioria das mulheres.

Depois ela entrou em contato com um aborteiro mais caro. Desta vez, se encontraria com alguém à noite no Instituto de Arte de Detroit. Alguém iria se aproximar dela, dizer seu nome, vendá-la, colocá-la no banco de trás de um carro, levá-la e então me abortar... Depois vendá-la novamente e levá-la de volta. E sabe o que eu acho mais lamentável? É que eu sei que existe um monte de gente por aí que me ouviria contar esses detalhes e que responderia com uma balançada de cabeça em desaprovação: “Seria terrível que sua mãe biológica tivesse tido que passar por tudo isso para conseguir abortar você!”. Isso é compaixão?!!! Eu entendo que eles pensem que estão sendo compassivos, mas para mim parece muita frieza de coração, não acha? É sobre a minha vida que eles estão falando de forma tão indiferente e não há nada de compaixão neste tipo de opinião. Minha mãe biológica está bem, a vida dela continuou e ela está se saindo muito bem, mas eu teria morrido e minha vida estaria acabada. A minha aparência não é a mesma de quando eu tinha quatro anos de idade ou quatro dias de vida, ainda no útero da minha mãe, mas ainda assim era inegavelmente eu e eu teria sido morta em um aborto brutal.

De acordo com a pesquisa do Dr. David Reardon, diretor do Instituto Elliot, co-editor do livro Vítimas e vitimados: falando sobre gravidez, aborto e crianças frutos de agressões sexuais, e autor do artigo “Estupro, incesto e aborto: olhando além dos mitos”, a maioria das mulheres que engravidam após uma agressão sexual não querem abortar e de fato ficam em pior estado depois de um aborto. http://www.afterabortion.org. Sendo assim, a opinião da maioria das pessoas sobre aborto em casos de estupro é fundamentada em falsas premissas: 1) a vítima de estupro quer abortar; 2) ela vai se sentir melhor depois do aborto; e 3) a vida daquela criança não vale o trabalho que dá para suportar uma gravidez. Eu espero que a minha história e as outras postadas neste site ajudem a acabar com este último mito.

Eu queria poder dizer que minha mãe biológica não queria me abortar, mas de fato ela foi convencida a não fazê-lo. Porém, o aspecto nojento e o palavreado sujo deste segundo aborteiro clandestino, além do receio por sua própria segurança, levaram-na a recuar. Quando ela lhe contou por telefone que não estava interessada neste acordo arriscado, este homem a insultou e a xingou. Para sua surpresa, ele ligou novamente no dia seguinte para tentar convencê-la a me abortar, e mais uma vez ela não quis prosseguir com o plano e ouviu mais uma série de insultos. Depois disso, ela simplesmente não podia mais prosseguir com essa idéia. Minha mãe biológica já estava entrando no segundo trimestre da gestação, quando seria muito mais perigoso e muito mais caro me abortar.

Sou muito grata por minha vida ter sido poupada, mas muitos cristãos bem intencionados me diziam coisas como “olha, Deus realmente quis que você nascesse!” e outros podem dizer “era mesmo pra você estar aqui”. Mas eu sei que Deus quer que toda criança tenha a mesma oportunidade de nascer e não posso me conformar e simplesmente dizer “bem, pelo menos a minha vida foi poupada”. Ou “eu mereci, veja o que eu fiz com a minha vida”. E as outras milhões de crianças não mereciam? Eu não consigo fazer isso. Você consegue? Você consegue simplesmente ficar aí e dizer “pelo menos eu fui desejado... pelo menos estou vivo...” ou simplesmente “sei lá”? Esse é realmente o tipo de pessoa que você quer ser? De coração frio? Uma aparência de compaixão por fora e coração de pedra e vazio por dentro? Você diz que se importa com os direitos das mulheres, mas não está nem aí pra mim porque eu sou um lembrete de algo que você prefere não encarar e que você detesta que outros se importem? Eu não me encaixo na sua agenda?

Na faculdade de direito eu tinha colegas que me diziam coisas como “se você tivesse sido abortada, não estaria aqui hoje e de qualquer forma não saberia a diferença, então por que se importa?”. Acredite ou não, alguns dos principais filósofos pró-aborto usam esse mesmo tipo de argumento: “O feto não sabe o que o atingiu, então não percebe que perdeu a vida”. Sendo assim, acho que se você esfaquear alguém pelas costas enquanto ele estiver dormindo, tudo bem, porque ele não sabe o que o atingiu?! Eu explicava aos meus colegas como a mesma lógica deles justificaria que eu “matasse você hoje, porque você não estaria aqui amanhã e não saberia a diferença de qualquer forma. Então, por que se importa?”. E eles ficavam com o queixo caído. É incrível o que um pouco de lógica pode fazer, quando você pára para pensar – que é o que devemos fazer numa faculdade de direito – e considera o que nós realmente estamos falando: há vidas que não estão aqui hoje porque foram abortadas. É como o velho ditado: “Se uma árvore cai na floresta e não há ninguém por perto para ouvir, será que faz barulho?”. Bem, sim! E se um bebê é abortado e ninguém fica sabendo, tem importância? A resposta é SIM! A vida dele importa. A minha vida importa. A sua vida importa e não deixe ninguém te dizer o contrário!

O mundo é um lugar diferente porque naquela época era ilegal a minha mãe me abortar. A sua vida é diferente porque ela não pôde me abortar legalmente e porque você está sentado aqui lendo as minhas palavras hoje! Mas você não tem que atrair platéias pra que a sua vida tenha importância. Há coisas que fazem falta a todos nós aqui hoje por causa das gerações que foram abortadas e isso importa.

Umas das melhores coisas que eu aprendi é que o estuprador NÃO é meu criador, como algumas pessoas queriam que eu acreditasse. Meu valor e identidade não são determinados por eu ser o “resultado de um estupro”, mas por ser uma filha de Deus. O Salmo 68, 5-6 declara: “Pai dos órfãos... no seu templo santo Deus habita. Dá o Senhor um lar ao sem-família”. E o Salmo 27, 10 nos diz: “Mesmo se pai e mãe me abandonassem, o Senhor me acolheria”. Eu sei que não há nenhum estigma em ser adotado. O Novo Testamento nos diz que é no espírito de adoção que nós somos chamados a ser filhos de Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Sendo assim, Ele deve ter pensado na adoção como símbolo do amor dEle por nós!

E o mais importante é que eu aprendi, poderei ensinar aos meus filhos e ensino aos outros que o seu valor não é medido pelas circunstâncias da sua concepção, seus pais, seus irmãos, seu parceiro, sua casa, suas roupas, sua aparência, seu QI, suas notas, seus índices, seu dinheiro, sua profissão, seus sucessos e fracassos ou pelas suas habilidades ou dificuldades. Essas são as mentiras que são perpetuadas na sociedade. De fato, muitos palestrantes motivacionais falam para suas platéias que se elas fizerem algo importante e atingirem certos padrões sociais, então elas também poderão “ser alguém”. Mas o fato é que ninguém conseguiria atingir todos esses padrões ridículos e muitas pessoas falhariam. Isso significa que elas não são “alguém” ou que elas são “ninguém”? A verdade é que você não tem que provar o seu valor a ninguém e se você quiser realmente saber qual é o seu valor, tudo o que precisa fazer é olhar para a Cruz, pois este é o preço que foi pago pela sua vida! Esse é o valor infinito que Deus colocou na sua vida! Para Ele você vale muito e para mim também. Que tal se juntar a mim para também proclamar o valor dos outros com palavras e ações?

Para aqueles que dizem “bem, eu não acredito em Deus e não acredito na Bíblia, então sou a favor da livre escolha de abortar ou não”, por favor, leia meu artigo “O direito da criança de não ser injustamente morta – uma abordagem da filosofia do direito”. Eu garanto que valerá o seu tempo.

Pela vida,
Rebecca

A "Humanae vitae": uma profecia científica

Traduzimos para o português o artigo de Pedro José María Simón Castellví, Presidente da Federação Internacinal de Associações de Médicos Católicos, publicado no L´Osservatore Romano de 4 de janeiro de 2009. Trata-se de um breve comentário ao documento "40 anos depois da Encíclica Humanae vitae: o ponto de vista médico". O original do artigo pode ser visto aqui. Em seguida, publicamos a entrevista do autor ao site Zenit.

A Federação que eu tenho a honra de presidir acaba de publicar um documento oficial para comemorar o quadragésimo aniversário da encílica Humanae vitae de Paulo VI, de venerada memória. Trata-se de um texto muito técnico, longo, de cem páginas, com trezentas citações bibliográficas, a maior parte de revistas médicas especializadas.

O documento veio à luz depois de muitos meses de investigação e de intenso trabalho de recolhimento de dados. É justo relembrar o relator, o suiço Rudolf Ehmann, que se dedicou à sua redação os mesmos meses exatos de uma gravidez. Nunca se havia feito algo siminar desde o ponto de vista médico, dado o modo de trabalhar e escrever ao qual nós, os médicos, estamos acostumados. Além disso, o texto original alemão é belo e está bem escrito. Quais são suas chaves de leitura? Diz algo novo à Igreja e à sociedade? Deve-se considerar como uma prova pericial qualificada para ponderar aspectos importantes da contracepção. Escrito com todos os requisitos científicos, sem nenhum complexo de inferioridade com relação a qualquer debate de obstretícia e ginecologia, chega a duas conclusões que não deveriam passar despercebidas nem dentro da Igreja, nem fora dela. nem foradela.

Em primeiro lugar, demostra irrefutavelmente que a pílula denominada anovulatória mais utilizada no mundo industrializado, aquela com baixas doses de hormônios estrogêneo e progesterona, funciona em muitos casos como um verdadeiro efeito anti-implantatório, ou seja, abortivo, posto que expulsa um pequeno embrião humano. O embrião, inclusive em seus primeiros dias, é algo distinto de um óvulo ou célula germinam feminina. O embrião tem um crescimento contínuo, coordenado, gradual, de tal maneira que, se nada o impedir, termina com a saída do seio materno aos nove meses, disposto a devorar litros de leite. Este efeito anti-implantatório está admitido pela literatura científica. Fala-se, inclusive sem pudor, e taxa de perda embrional. Curiosamente, no entanto, esta informação não chega ao grande publico. Os investigadores estão a par disso e está presente nos prospectos dos produtos farmacêuticos procurados para evitar um gravidez.

Outro aspecto interessante tem a ver com os efeitos ecológicos devastadores das toneladas de hormônios despejadas cada ano no meio ambiente. Temos dados suficientes para afirmar que um dos motivos, em nada irrelevantes, da infertilidade masculina no Ocidente (com sempre menos espermatozóides no homem) é o envenenamento ambiental provocado por produtos da "pílula". Estamos, aqui, diante de um efeito anti-ecológico claro, que exige ulteriores explicações da parte dos fabricantes. São conhecidos por todos os outros efeitos secundários das combinações entre estrogêneos e progestênicos. A própria Agência internacional de investigação do câncer (International Agency for Research on Cancer), com sede em Lyón, agência da Organização Muncial da Saúde (OMS), em seu comunicado de imprensa de 29 de julho de 2005, já havia constatado que os comprimidos orais de combinação entre estrogêneo e progesterona eram cancerígenos e os havia classificado no grupo um dos agentes cancerígenos...

Triste em tudo isso é que, quando se trata de regular a fertilidade, esses produtos não são necessários. Os meios naturais de regulação da fertilidade ("NPF" ou Natural Family Planning) são igualmente eficazes e, além disso, respeito a natureza da pessoa.

Neste sexagésimo aniversário da Declaração dos direitos humanos, pode-se dizer que os meios contraceptivos violam pelo menos cinco importantes direitos: o direito à vida, o direito à saúde, o direito à educação, o direito à informação (sua difusão sucede a custo da informação sobre meios naturais) e o direito à igualdade entre sexos (o peso da contracepção recai quase sempre sobre a mulher).

A FIAMC se comprometeu com a ciência e com a verdade desde suas origens. Por isso, estudamos e mencionamos tanto o efeito principal quanto os secundários desses fármacos. A chave de nossa antropologia não consiste, no entanto, somente no fato de que examinamos os produtos abortivos que têm consistenstes efeitos secundários ou que são, inclusive, inúteis. Nós vamos além.

A sexualidade é um dom maravilhoso de Deus aos cônjuges. Une-os tanto que qualquer elemento externo que se interponha entre eles é um terceiro sem direitos. Os cônjuges se dão totalmente um ao outro, também a própria capacidade generativa. Se uma nova vida não for possível por graves motivos, também forma parte da intimidade conjugal utilizar os períodos não fecundos da mulher para ter relações, que devem ser sempre satisfatórias para ambos e uní-los sempre mais. A quantos veem alguns documentos da Igrea como compêndios de proibições, pedimos vivamente que leiam os códigos civis, penais ou mercantis dos países ocidentais. Ali, sim, há proibições! Não discuto sua oportunidade, mas creio que estes mesmos códigos se baseiam mais sobre as premissas fundamentais da liberdade pessoal e do comércio que apontam à felicidade das pessoas e para a eficiência das sociedades e que, definitivamente, justificam algumas proibições. A Igreja tem em grande estima a sexualidade e creio que, se uma formação e hábitos corretos forem adquiridos, a vida é mais fácil e são positivamente julgados alguns limites que efetivamente existem.

Nós, os méditos católicos, somos plenamente conscientes de dever investir muito mais na maternidade. Mas também em recursos humanos, na educação e em recursos financeiros. A doutrina da Humanae vitae é pouco seguida e, entre outras coisas, porque, em seu tempo, muitos médicos não a aceitaram. A pergunta oposta pode nos ajudar a ver quâo profético foi Paulo VI. Se ele tivesse aceitado a "pílula", será que hoje teríamos podido prescrever cm consciência alguns produtos que sabemos que são anti-implantatórios? O prestígio do médico lhe permite oferecer aos cônjuges, com autoridade, alternativas à contracepção. A relação entre médico e paciente é tão forte que dificilmente se rompe, inclusive se houver no meio um teólogo dissidente. Para tal fim, é, no entanto, necessário formar e informar mais e melhor os médicos sobre a fertilidade. Creio que nós, os médicos católicos, continuaremos desenvolvento nossa profissão. No entanto, vista a situação atual - com progressos muito lentos, com reticências e milhões de pessoasi mplicadas - ouso pedir respeitosamente à Igreja a criação de uma comissão especial para a Humanae vitae.

Segue, abaixo, a entrevista do autor ao site Zenit.


«Humanae Vitae»: profecia científica

O presidente dos médicos(*) católicos denuncia os perigos da pílula anticoncepcional

Por Antonio Gaspari

ROMA, quinta-feira, 8 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Apesar de ter sido publicada há 40 anos, a encíclica Humanae Vitae ainda suscita um forte debate. Para alguns, inclusive dentro da Igreja Católica, trata-se de um texto inadequado aos tempos e insuficiente nas respostas, enquanto outros sustentam que se trata de uma encíclica «profética».

Para estes últimos, o Papa Paulo VI fez bem em advertir contra o uso de anticoncepcionais, já que estes são perigosos para a saúde da mulher e para a relação dentro do casal.

Neste contexto, o doutor espanhol José María Simón Castellví, presidente da Federação Internacional das Associações de Médicos Católicos (FIAMC), anunciou um texto em 4 de janeiro passado, com o título «40 anos depois da Encíclica Humanae Vitae, do ponto de vista médico», no qual se ilustram todos os problemas relativos à saúde da mulher, à contaminação ambiental e ao enfraquecimento e banalização das relações de casal que a pílula contraceptiva provocou.

Sobre esta questão, o dr. Simón Castellví concedeu esta entrevista à Zenit.

Os críticos da Humanae Vitae sustentam que os anticoncepcionais trouxeram a emancipação feminina, progresso, saúde médica e ambiental. Mas segundo o informe da FIAMC, isso não é verdade. Pode explicar-nos por quê?

– Simón Castellví: Os anticoncepcionais não são um verdadeiro progresso nem para as mulheres nem para o planeta. Compreendo e sou solidário com as mulheres que deram a vida a muitos filhos, mas a solução não está na contracepção, e sim na regulação natural da fertilidade. Esta respeita os homens e as mulheres. O estudo que apresentamos é científico e nos diz que a pílula é contaminadora e em muitos casos anti-implantatória, ou seja, abortiva.

O estudo sustenta de fato que a pílula denominada anovulatória, a mais utilizada, que tem como base doses de hormônios de estrogênio e progesterona, funciona em muitos casos com um verdadeiro efeito anti-implantatório. É verdade?

– Simón Castellví: É verdade. Atualmente, a pílula anticoncepcional denominada anovulatória funciona em muitos casos com um verdadeiro efeito anti-implantatório, ou seja, abortivo, porque expele um pequeno embrião humano. E o embrião, inclusive em seus primeiros dias, é um pouco diferente de um óvulo ou célula germinal feminina. Sem essa expulsão, o embrião chegaria a ser um menino ou menina.

O efeito anti-implantatório destas pílulas está reconhecido na literatura científica. Os investigadores o conhecem, está presente nos prospectos dos produtos farmacêuticos dirigidos a evitar uma gravidez, mas a informação não chega ao grande público.

O estudo em questão sustenta que a grande quantidade de hormônios no ambiente tem um efeito grave de contaminação meio-ambiental que influi na infertilidade masculina. Você poderia nos explicar por quê?

– Simón Castellví: Os hormônios têm um efeito nocivo sobre o fígado, e depois se dispersam no ambiente, contaminando-o. Durante anos de utilização das pílulas anticoncepcionais se verteram toneladas de hormônios no ambiente. Diversos estudos científicos indicam que isso poderia ser um dos motivos do aumento da infertilidade masculina. Pedimos que se façam pesquisas mais precisas sobre os efeitos contaminadores desses hormônios.

O estudo elaborado pela FIAMC retoma as preocupações expressas em 29 de julho de 2005 pela Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (International Agency for Research on Cancer), a agência da Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo a qual os preparados orais de combinados de estrogênio e progesterona podem ter efeitos cancerígenos. Você poderia ilustrar-nos a gravidade destas implicações?

– Simón Castellví: É grave que se esteja distribuindo um produto não indispensável para a saúde e que poderia ser cancerígeno. Esta não é uma opinião dos médicos católicos, mas da Agência da OMS que luta contra a difusão do câncer. Nós só citamos suas preocupações ao respeito.

Você e a associação que você representa sustentam que a Humanae Vitae foi profética ao propor os métodos naturais de regulação da fertilidade. Pode explicar-nos por quê?

– Simón Castellví: O Papa Paulo VI foi profético também do ponto de vista científico. Com essa encíclica, ale alertou sobre os perigos da pílula anticoncepcional, como o câncer, a infertilidade, a violação dos direitos humanos, etc. O Papa tinha razão e muitos não quiseram reconhecer isso. Quando se trata de regular a fertilidade, são muito melhores os métodos naturais, que são eficazes e respeitam a natureza da pessoa.

Em um artigo publicado pelo L'Osservatore Romano («L'Humanae vitae. Una profezia scientifica», 4 de janeiro de 2009), você sustenta que os métodos anticoncepcionais violam os direitos humanos. Pode precisar-nos por quê?

– Simón Castellví: No 60º aniversário da Declaração dos Direitos do Homem se pode demonstrar que os meios anticoncepcionais violam pelo menos cinco importantes direitos:

O direito à vida, porque em muitos casos se trata de pílulas abortivas, e cada vez se elimina um pequeno embrião.

O direito à saúde, porque a pílula não serve para curar e tem efeitos secundários importantes sobre a saúde de quem a utiliza.

O direito à informação, porque ninguém informa sobre os efeitos reais da pílula. Em particular, não se adverte sobre os riscos para a saúde e a contaminação ambiental.

O direito à educação, porque poucos explicam como se praticam os métodos naturais.

O direito à igualdade entre os sexos, porque o peso e os problemas das práticas anticoncepcionais recaem quase sempre sobre a mulher.

A Humanae vitae sustenta que os anticoncepcionais influenciam negativamente na relação do casal, separando o ato de amor da procriação. Você poderia explicar-nos, como homem de ciência, esta afirmação?

– Simón Castellví: A relação entre os esposos deve ser de total confiança e amor. Excluir com meios impróprios a possibilidade da procriação prejudica a relação de casal. O doar-se um ao outro deveria ser total e enriquecer-se pela capacidade da transmissão da vida.

Substancialmente, a Humanae vitae é um documento que une e reforça os casais; por que então tantas críticas?

– Simón Castellví: Muitas das críticas foram sugeridas pelos interesses econômicos que estão por trás da venda da pílula. Outras críticas surgem daqueles que querem reduzir e selecionar a fertilidade e o crescimento demográfico. Finalmente, as críticas procedem também daqueles que querem limitar a autoridade moral da Igreja Católica.

O que teria acontecido se a Igreja não tivesse se oposto à difusão da pílula?

– Simón Castellví: Não quero sequer pensar nisso. Só considerando o efeito abortivo das pílulas, a própria Igreja Católica seria hoje menos numerosa. Posso compreender o pensamento de milhões de mulheres que usam a pílula, mas quero sugerir que existe uma antropologia melhor para elas, a que a Igreja Católica propõe.

Fonte: ZENIT.ORG