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15 fevereiro 2007

Um país movido a escândalo?

No Brasil, principalmente na mídia eletrônica, o tema da morte do menino João Hélio no Rio de Janeiro foram destaque nesta semana. Nestes artigos, o ódio e a revolta misturam-se com apelos pela liberação da pena de morte, alteração da maioridade penal, alteração do código penal, independência dos estados para código penal, etc.

O que chama mais atenção neste momento, além da brutalidade da violência do caso, é a necessidade que o nosso país tem de senso de urgência. Precisamos mudar! Urgentemente! É este o brado geral da nação indignada!

Apesar de ter certeza que mudar é preciso, também tenho certeza que, como tantas outras vezes, no calor da emoção acabamos nos atropelando e tomando decisões que acabam não levando a nada, ou piorando problemas.

A violência é causa ou é consequência? Quais são as ações que estamos tomando para fazer uma análise 360º do problema? Estamos buscando soluções fáceis e rápidas para problemas complexos? Ou estamos cortando o mal pela raiz? Devemos responder a violência com violência? Ou construir um caminho de todos para a paz?

Os pais de João Hélio, em entrevista em vídeo, fazem um depoimento que resume um pouco do que nós precisamos:

Rosa Cristina Fernandes (mãe do João Hélio): Eu acho que o motivo mais importante de estarmos aqui é, principalmente, que os governantes tivessem alma, olhassem o João como filho, não como mais um. ‘Ah, morreu’. Amanhã outros vão morrer. Não pode. Tem que acabar. Tem que mudar.

Elson Vieites (pai do João Hélio): A gente só queria que a morte dele não ficasse em vão, que tudo que vem acontecendo servisse realmente para marcar uma fase de mudança no nosso país, que realmente houvesse essa mudança, que fosse marcada essa paz, porque coisas como essa não podem voltar a acontecer. As pessoas não podem sofrer como a gente está sofrendo. É muito duro, muito difícil.
Há quem não acredite que a mudança é possível. e há muitos fatos para isso. A polícia, por exemplo: Por que apenas no calor dos acontecimentos ela nos surpreende capturando os bandidos em menos de 8 horas? Por que não é sempre assim? Por que precisamos reagir somente ao "escândalo"? Acaso nosso país funciona a base de paulada?

A mudança que nosso país precisa começa em mim e em cada um de nós - numa intolerância pela injustiça, uma intolerância pela nossa terceiromundície encardida a qual parecemos estar condenados a viver, e na troca dos nossos interesses pelos interesses da sociedade.

Neste sentido, não optemos por soluções fáceis como rever códigos ou ampliar penas - muito menos a pena de morte - o criminoso não deixa de agir por causa do medo da pena, e sim age pela certeza que não será pego! A solução difícil (ou a passagem estreita, como queira) é uma mudança radical nos pilares da educação, da família e dos valores de nossa sociedade. E esta mudança começa com o compromisso de cada um de nós.

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