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17 novembro 2008

O fundo moral da questão ecológica


O WWF publicou seu Relatório sobre o Planeta Vivo, no qual "concluiu que o consumo exagerado do 'capital natural' coloca em perigo a futura prosperidade do mundo, gerando impactos evidentes na economia, tais como a elevação do preço dos alimentos, da água e da energia" (Yahoo Notícias).

Timidamente, o WWF reconhece que o consumismo é um grande perigo para o meio ambiente. E consumismo é questão ética. Existe, de fato, um fundo moral para a questão ecológica. Já nos lembrava o Papa João Paulo II tantas vezes, como em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz de 199o, chamada "Paz com Deus Criador, paz com toda a criação". Dizia ele:
É evidente que uma solução adequada não pode consistir simplesmente numa melhor gestão, ou num uso menos irracional dos recursos da terra. Muito embora se reconheça a utilidade prática de semelhantes providências, parece ser necessário examinar a fundo e enfrentar no seu conjunto a grave crise moral de que a degradação do ambiente é um dos aspectos preocupantes.

(...)

A sociedade hodierna não encontrará solução para o problema ecológico, se não revir seriamente o seu estilo de vida. Em muitas partes do mundo, ela mostra-se propensa ao hedonismo e ao consumismo e permanece indiferente aos danos que deles derivam. Como já observei, a gravidade da situação ecológica revela quanto é profunda a crise moral do homem. Se faltar o sentido do valor da pessoa e da vida humana, dá-se o desinteresse pelos outros e pela terra. A austeridade, a temperança, a disciplina e o espírito de sacrifício devem conformar a vida de todos os dias, a fim de que não se verifique para todos o constrangimento a suportar as consequências negativas da incúria de alguns poucos.
Nesse interessante discurso, o Papa propunha soluções para o problema ecológico, sob o viés moral:

1. reconhecer a criação como cosmos, ou seja, como um todo harmonioso. Essa ordem natural tem que ser respeitada.

2. reconhecer que a terra é uma herança comum, na linha da doutrina social da Igreja, que postula pelo princípio da destinação universal dos bens.

3. criação de um sistema de gestão de recursos ambientais mais bem coordenado a nível internacional, uma vez que os desafios superam as fronteiras dos Estados.

4. estabelecer uma nova solidariedade entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento. "Por exemplo, aos países de há pouco industrializados não se pode requerer que apliquem certas normas restritivas às próprias indústrias nascentes, se os países industrializados há muito não forem os primeiros a aplicá-las no seu interior. Por seu turno, os países em vias de industrialização não podem moralmente repetir os erros cometidos por outros no passado, continuando a danificar o ambiente com produtos poluentes, com desflorestações excessivas ou com a exploração ilimitada de recursos que se esgotem".

5. enfrentar diretamente as formas estruturais de pobreza existentes no mundo.

6. construir uma educação para a responsabilidade ecológica, que implique em uma verdadeira conversão na maneira de pensar e no comportamento. A primeira educadora é a família, na qual as crianças aprendem a respeitar o próximo e a amar a natureza.

7. não esquecer do valor estético da criação. O contato com ela é profundamente regenerador, assim como a contemplação de seu esplendor é capaz de dar paz e serenidade.

É de se louvar que uma instituição tão importante como o WWF venha a reconhecer, embora com atraso de 18 anos, aquilo que o Papa João Paulo II já apontava. A raíz do problema ecológico é o pecado, e a solução é a reconciliação com o Criador. Famílias, erguei-vos!

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