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07 maio 2007

Datafolha: 82% dos "sem religião" são contra a descriminalização do aborto no Brasil

A postagem original tinha como título: "Datafolha: 82% dos ateus são contra a descriminalização do aborto". Isso porque o próprio instituto utilizou uma pergunta considerando "ateu" o entrevistado. Mas para não desvirtuar o tema principal dessa postagem, preferi alterar o título a fim de não gerar controvérsia. O foco principal é: aborto não é questão de religião.

Quando se fala em aborto, há um lugar comum muito utilizado: a falácia de que o tema tem a ver com religião. Afirma-se que a Igreja não tem o direito de "impor" sua vontade à população, que vivemos em um Estado laico em que a religião não deveria influenciar a legislação sobre o aborto, etc.

O DataFolha acaba de divulgar uma pesquisa em que essa inverdade é flagrantemente desmascarada. Ser contra ou a favor do aborto não é questão de religião: é questão de humanismo. O citado instituto de pesquisa ouviu 5700 brasileiros, a partir de 16 anos, em 236 municípios, nos dias 19 de 20 de março de 2007, e a margem de erro máxima, para o total da amostra, é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

E o que foi que se verificou? 90% dos brasileiros são contra a que o aborto deixe de ser crime. Além disso, 74% são contra a que o aborto seja permitido em mais casos além daqueles já previstos na lei (gravidez resultante de estupro ou que coloque em risco a vida da mãe).

Quando se observa a taxa entre os que se declararam sem religião (e que a pesquisa também chama de "ateus"), o quadro de esmagadora maioria contrária ao aborto permanece:

82% dos sem religião são contra a descriminalização do aborto. Além disso, diante da pergunta "Há projetos de lei para ampliar a situação em que o aborto seria permitido. Você é a favor que o aborto seja permitido em mais situações?" -o que inclui a anencefalia por exemplo-, 80% dos ateus discordaram.

Os sem religião são mais contrários ao aborto do que praticantes de algumas religiões. Se somarmos aqueles que concordam com a ampliação dos casos de aborto com aqueles que concordam com a descriminalização, os mais pró-aborto são os praticantes de umbanda (45%), seguidos por praticantes de candomblé e outras religiões afrobrasileiras (44%) e só depois os sem religião (38%).

Então, vamos combinar uma coisa: toda vez que numa discussão sobre o aborto alguém tocar em religião, alertemos nosso interlocutor de que o assunto não tem a ver diretamente com religião, ok? Isso é muito importante, porque os grupos pró-aborto geralmente procuram associar os pró-vida à religião, para desqualificá-los no debate público.

Clique aqui para ver as tabelas oficiais do DataFolha (arquivo .pdf). A pergunta que trata sobre o aborto está na página 7 do documento.

2 comentários:

  1. Notem, por favor, a observação feita no início da postagem, acrescentada hoje.

    É que algumas pessoas, ao lerem a matéria, levantaram a questão da diferença entre "ateu" e "sem religião". Embora na minha postagem original eu tenha deixado claro que era o próprio Datafolha que igualava as situações, decidi alterar a matéria neste ponto, principalmente para não chamar a atenção para ponto secundário, e ajudar o leitor a se fixar no argumento principal do texto: aborto não é questão de religião!

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  2. Ora, 82% dos ateus???? fala serio
    ja dizia Goebbels: 1 mentira dita 1000 vezes...

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