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29 junho 2009

Psicóloga dá dicas de como administrar bem o tempo

Para ter o tempo como aliado, a psicóloga Lúcia Cristina Pereira orientou que é necessário identificar primeiro as prioridades da vida. A partir desta etapa, é só organizar uma rotina, afirmou Lúcia.

26 junho 2009

Morte digna: cuidados paliativos no Hospital das Clínicas de São Paulo

A hora da morte é, talvez, a mais importante da vida de alguém. Com o avançar da técnica, que permite a manutenção da vida ao máximo possível, ainda quando sem possibilidade de cura, surgiu o fenômeno da morte longe dos familiares, entre desconhecidos, ou na solidão de uma UTI. Diante disso, há décadas se começou a defender o uso de cuidados paliativos, para permitir que o doente terminal possa ter apoio afetivo e espiritual em seus últimos momentos, cercado por seus familiares. O HC de SP está criando o serviço de cuidados paliativos. Uma excelente notícia!

25 junho 2009

Teologia do corpo: "Na própria definição do homem está a alternativa entre morte e imortalidade"

7ª catequese do Papa João Paulo II sobre o amor humano no plano divino, ou, mais precisamente, a redenção do corpo e a sacramentalidade do matrimônio. Alocução da Audiência Geral de Quarta-Feira, 31 de outubro de 1979, publicada no L'Osservatore Romano n. 44, de 4 de novembro de 1979.

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Veja todas as catequeses que o FN publicou até agora clicando em Teologia do Corpo.

1. Na reflexão precedente, começamos a analisar o significado da solidão original do homem. A sugestão foi-nos dada pelo texto javista, e em particular pelas seguintes palavras: Não é conveniente que o homem esteja só: vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele[i]. A análise das relativas passagens do Livro do Gênesis (cap. 2) levou-nos já a conclusões surpreendentes que dizem respeito à antropologia, isto é à ciência fundamental acerca do homem, contida neste Livro. De fato, relativamente em poucas frases, o antigo texto delineia o homem com pessoa com a subjetividade que a caracteriza.

Quando Deus-Javé dá a este primeiro homem, assim formado, a ordem que diz respeito a todas as árvores que crescem no "jardim do Éden", sobretudo a do conhecimento do bem e do mal, aos delineamentos do homem, acima descritos, junta-se o momento da opção e da autodeterminação, isto é da vontade livre. Deste modo, a imagem do homem, como pessoa dotada de uma subjetividade própria, aparece diante de nós como acabada no seu primeiro esboço.

No conceito de solidão original está incluída quer a autoconsciência, quer a autodeterminação. O fato de o homem estar "só" encerra em si tal estrutura ontológica e ao mesmo tempo é um índice de autêntica compreensão. Sem isto, não podemos compreender corretamente as palavras seguintes, que constituem o prelúdio da criação da primeira mulher: "vou dar-lhe uma auxiliar". Mas, sobretudo, sem aquele significado tão profundo da solidão original do homem, não pode ser compreendida nem corretamente interpretada a situação completa do homem criado "à imagem de Deus", que é a situação da primeira, ou melhor da primitiva Aliança com Deus.

2. Este homem, de quem a narração do capítulo primeiro diz que foi criado "à imagem de Deus", manifesta-se, na segunda narração, como sujeito da Aliança, isto é, sujeito constituído como pessoa, constituído à altura de "companheiro do Absoluto", dado dever discernir e escolher conscientemente entre o bem e o mal, entre a vida e a morte. As palavras da primeira ordem de Deus-Javé[ii] que se referem diretamente à submissão e à dependência do homem-criatura do seu Criador, revelam de modo indireto precisamente tal nível de humanidade, como sujeito da Aliança e "companheiro do Absoluto". O homem está "só": isto quer dizer que ele, através da própria humanidade, através daquilo que ele é, é ao mesmo tempo constituído numa única, exclusiva e irrepetível relação com o próprio Deus. A definição antropológica contida no texto javista aproxima-se, por seu lado, daquilo que exprime a definição teológica do homem, que encontramos na primeira narração da criação ("Façamos o homem à Nossa imagem, à Nossa semelhança"[iii]).

3. O homem, assim formado, pertence ao mundo visível, é corpo entre os corpos. Retomando e, de certo modo, reconstruindo o significado da solidão original, aplicamo-lo ao homem na sua totalidade. O corpo, mediante o qual o homem participa no mundo criado visível, torna-o ao mesmo tempo consciente de estar "só". De outro modo não teria sido capaz de chegar àquela convicção a que, efetivamente, como lemos chegou[iv], se o seu corpo o não tivesse ajudado a compreendê-lo, tornando o fato evidente. A consciência da solidão poderia ter enfraquecido, precisamente por causa do seu próprio corpo. O homem, 'adam, teria podido, baseando-se na experiência do próprio corpo, chegar à conclusão de ser substancialmente semelhante aos outros seres vivos (animalia). E afinal, como lemos, não chegou a esta conclusão, pelo contrário chegou à persuasão de estar "só". O texto javista não fala nunca diretamente do corpo; até mesmo quando diz que "o Senhor Deus formou o homem do pó da terra", fala do homem e não do corpo. Apesar disto, a narração tomada no seu conjunto oferece-nos bases suficientes para perceber este homem, criado no mundo visível, exatamente como corpo entre os corpos.

A análise do texto javista permite-nos também relacionar a solidão original do homem com a consciência do corpo, mediante o qual o homem se distingue de todos os animalia e "se separa" deles, e também mediante o qual ele é pessoa. Pode-se afirmar com certeza que aquele homem assim formado tem contemporaneamente o conhecimento e a consciência do sentido do próprio corpo. E isto baseado na experiência da solidão original.

4. Tudo isto pode ser considerado como implicação da segunda narração da criação do homem, e a análise do texto permite-nos um amplo desenvolvimento.

Quando no início do texto javista, ainda antes de se falar da criação do homem do "pó da terra", lemos que "ninguém cultivava a terra e fazia jorrar da terra a água dos canais para regar o solo"[v], associamos justamente este trecho ao da primeira narração, em que está expressa a ordem divina: enchei e dominai a terra[vi]. A segunda narração alude de modo explícito ao trabalho que o homem realiza para cultivar a terra. O primeiro meio fundamental para dominar a terra encontra-se no próprio homem. O homem pode dominar a terra porque só ele —e nenhum outro ser vivo— é capaz de "cultivá-la" e transformá-la segundo as próprias necessidades ("fazia jorrar da terra a água dos canais para regar o solo"). E então, este primeiro esboço de uma atividade especificamente humana parece fazer parte da definição do homem, tal como emerge da análise do texto javista. Por conseguinte, pode-se afirmar que tal esboço é intrínseco ao significado da solidão original e pertence àquela dimensão de solidão através da qual o homem, que desde o início, está no mundo visível como corpo entre os corpos, descobre o sentido da própria corporalidade.

Sobre este assunto voltaremos na próxima reflexão.


[i] Gn 2, 18.

[ii] Gn 2, 16-17.

[iii] Gn 1, 26.

[iv] Cfr. Gn 2, 20.

[v] Gn 2, 5-6.

[vi] Gn 1, 28.

24 junho 2009

Conflito conjugal é assunto de saúde pública

Mais uma pesquisa é divulgada sobre os malefícios psicológicos e sociais, causados às crianças que vivenciam os conflitos entre seus pais. Pesquisa feita na Universidade Cornell, em Nova York, demonstra que aumentam as chances de uso de drogas, de iniciação sexual precoce (20% antes dos 16 anos), problemas mentais, comportamentos desajustados, uso de bebidas, rupturas familiares quando adultos, evasão escolar, entre outros malefícios. Segundo a pesquisa, para tais crianças é melhor ser criada por um só de seus pais, do que permanecer nesse tipo de família. Mas o melhor mesmo é apoiar os casais para que possam realizar os sonhos que todos têm quando constituem família. Precisamos, desesperadamente, de políticas familiares!

22 junho 2009

Disciplina na adolescência

Acabo de descobrir o interessante site Almas, e me chamou a atenção um texto sobre a disciplina na adolescência Destaco: "A sociedade atual apresenta dois grandes problemas, entre muitos outros: um deles é que se tornou permissiva demais e, o outro, é que os adultos padecem uma espécie de pânico para enfrentar seus filhos ou alunos e exigir-lhes o cumprimento das disposições normativas familiares ou escolares". Penso que a disciplina começa desde os primeiros meses de vida e deve se tornar um hábito, para que o jovem possa ser capaz de assumir as normas como algo próprio, e não algo imposto desde fora.

20 junho 2009

Sexo casual aumenta, uso de preservativos diminui

São os dados publicados pelo Ministério da Saúde. "O brasileiro tem feito mais sexo casual. Em 2004, 4% das pessoas haviam tido mais de cinco parceiros casuais no ano anterior. Em 2008, esse índice foi mais que o dobro, passando para 9,3%. Ao lado disso, o conhecimento sobre os riscos de se infectar com o HIV e sobre as formas de prevenção continuam altos. Mesmo assim, a pesquisa identificou uma tendência queda no uso do preservativo. Passou de 51,6% em todas as parcerias eventuais, em 2004, para 46,5% em 2008", diz a reportagem do site do Ministério.

19 junho 2009

Pais alemães condenados depois de remover filha de aula explícita de educação sexual


Os advogados do Fundo de Defesa Aliança (FDA) estão representando um pai e mãe alemães numa apelação feita no Tribunal Europeu de Direitos Humanos no dia 21 de abril. O pai e a mãe foram condenados pela lei alemã quando escolheram educar sua filha em casa no assunto da sexualidade, em vez de permitirem que ela participasse de uma curso de quatro dias de “educação sexual” e produção teatral relacionada na escola dela. Tanto o curso quanto a produção teatral ensinavam perspectivas da sexualidade que violam a fé cristã da família.

“Os pais, não o governo, são os responsáveis máximos pelas escolhas educacionais de seus filhos”, disse o advogado Roger Kiska, assessor jurídico do FDA.

Os pais, Eduard e Elisabeth Elscheidt, e seus três filhos são membros ativos da Igreja Batista Cristã. Os Elscheidts estavam preocupados em permitir que sua filha de 11 anos Franziska assistisse a aulas de quatro dias de “educação sexual” e uma peça teatral obrigatória interativa intitulada “Mein Körper gehört mir” (Meu Corpo É Meu) em fevereiro de 2007. Eles classificaram a peça e as lições como moralmente prejudiciais.

Os pais, convencidos de que estavam dentro de seus direitos legais e morais de proteger sua filha, a removeram da peça e lições ofensivas, optando em vez disso por educá-la de acordo com seus próprios princípios acerca da sexualidade durante aqueles dias. Eles não removeram sua filha de nenhum outro programa ou aula da escola. Os pais crêem que a peça e as lições eram não apenas opostas à sua fé, mas também destruíam seus direitos sob o Protocolo 1, Artigo 2, da Convenção Européia dos Direitos Humanos.

Os Elscheidts demonstraram para um tribunal alemão que não existia nenhuma prova científica de que as aulas de educação sexual impedem abuso de crianças (que era o propósito declarado da peça) mas, pelo contrário, educam as crianças a se tornarem sexualmente ativas ensinando no final das contas o princípio de que se algo nos faz sentir bem sexualmente, então é certo fazê-lo. Apesar disso, o tribunal condenou e multou os Elscheidts em junho de 2008.

Duas apelações subseqüentes foram rejeitadas, resultando na apelação diante do Tribunal Europeu de Direitos Humanos feita em 21 de abril. A apelação objeta às medidas punitivas impostas pelo tribunal alemão ao condenar os apelantes e busca estabelecer que a escolha de não participar de aulas de “educação sexual” estão em harmonia com a Convenção Européia dos Direitos Humanos Protocolo 1, Artigo 2.

O Dr. Kiska, do FDA, disse: “Esses pais estavam bem dentro de seus direitos sob a Convenção Européia dos Direitos Humanos ao escolherem remover sua filha das aulas de educação sexual a fim de ensiná-la uma perspectiva de sexualidade que está de acordo com suas próprias convicções religiosas em vez de enviá-la a uma aula e peça teatral que eles achavam condenável. Esses tipos de casos são batalhas cruciais no esforço de impedir que decisões judiciais ruins de outros países sejam usadas por ativistas que atacam os direitos dos pais em nosso país”.

Fonte: Notícias Pró-Família

O original em inglês está aqui

18 junho 2009

Dormir ajuda a resolver problemas, diz estudo

Dormir pode ajudar uma pessoa e resolver problemas, dizem cientistas americanos. Eles concluíram que uma boa soneca com sonhos estimula a criatividade.

A equipe da University of California San Diego fez experimentos para verificar se "incubar" o problema aumenta as chances de soluções inspiradas.

E descobriu que sim, especialmente quando as pessoas entram na fase conhecida como REM (sigla inglesa para Rapid Eye Movement ou movimento rápido do olho), estágio do sono em que ocorrem os sonhos mais vívidos.

O trabalho foi publicado na revista científica "Proceedings of the National Academy Of Sciences".

Experimento

Na manhã dos testes, um grupo de 77 voluntários recebeu uma série de problemas para resolver. Eles foram orientandos a pensar sobre o problema até a tarde daquele dia, seja descansando sem dormir ou dormindo.

Os que dormiram tiveram seu sono monitorado pelos cientistas.

Comparados aos participantes que apenas descansaram ou que dormiram sem alcançar o estágio REM, os voluntários que dormiram e atingiram o estágio REM apresentaram maior probabilidade de sucesso na resolução do problema.

O estudo revelou que o grupo que atingiu a fase REM durante o sono melhorou sua habilidade de resolver problemas criativamente em cerca de 40%.

Os resultados indicam que não são apenas o sono ou a passagem do tempo que determinam o sucesso na resolução de problemas e, sim, a qualidade do sono.

Para os autores do estudo, apenas o sono onde o estágio REM é atingido tem o poder de melhorar a criatividade.

Eles acreditam que o sono REM permite que o cérebro forme novas conexões nervosas sem a interferência de outras conexões de pensamento que ocorrem quando estamos acordados ou dormindo sem sonhar.

"Nós propomos que o sono REM é importante para a fusão de novas informações com experiências passadas para criar uma rede mais rica de associações para uso futuro", disseram os autores à revista.

17 junho 2009

Teologia do corpo: "A solidão original do homem e a sua consciência de ser pessoa"

6ª catequese do Papa João Paulo II sobre o amor humano no plano divino, ou, mais precisamente, a redenção do corpo e a sacramentalidade do matrimônio. Alocução da Audiência Geral de Quarta-Feira, 24 de outubro de 1979, publicada no L'Osservatore Romano n. 43, de 28 de outubro de 1979.

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1. Na reflexão precedente, começamos a analisar o significado da solidão original do homem. A sugestão foi-nos dada pelo texto javista, e em particular pelas seguintes palavras: Não é conveniente que o homem esteja só: vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele[i]. A análise das relativas passagens do Livro do Gênesis (cap. 2) levou-nos já a conclusões surpreendentes que dizem respeito à antropologia, isto é à ciência fundamental acerca do homem, contida neste Livro. De fato, relativamente em poucas frases, o antigo texto delineia o homem com pessoa com a subjetividade que a caracteriza.

Quando Deus-Javé dá a este primeiro homem, assim formado, a ordem que diz respeito a todas as árvores que crescem no "jardim do Éden", sobretudo a do conhecimento do bem e do mal, aos delineamentos do homem, acima descritos, junta-se o momento da opção e da autodeterminação, isto é da vontade livre. Deste modo, a imagem do homem, como pessoa dotada de uma subjetividade própria, aparece diante de nós como acabada no seu primeiro esboço.

No conceito de solidão original está incluída quer a autoconsciência, quer a autodeterminação. O fato de o homem estar "só" encerra em si tal estrutura ontológica e ao mesmo tempo é um índice de autêntica compreensão. Sem isto, não podemos compreender corretamente as palavras seguintes, que constituem o prelúdio da criação da primeira mulher: "vou dar-lhe uma auxiliar". Mas, sobretudo, sem aquele significado tão profundo da solidão original do homem, não pode ser compreendida nem corretamente interpretada a situação completa do homem criado "à imagem de Deus", que é a situação da primeira, ou melhor da primitiva Aliança com Deus.

2. Este homem, de quem a narração do capítulo primeiro diz que foi criado "à imagem de Deus", manifesta-se, na segunda narração, como sujeito da Aliança, isto é, sujeito constituído como pessoa, constituído à altura de "companheiro do Absoluto", dado dever discernir e escolher conscientemente entre o bem e o mal, entre a vida e a morte. As palavras da primeira ordem de Deus-Javé[ii] que se referem diretamente à submissão e à dependência do homem-criatura do seu Criador, revelam de modo indireto precisamente tal nível de humanidade, como sujeito da Aliança e "companheiro do Absoluto". O homem está "só": isto quer dizer que ele, através da própria humanidade, através daquilo que ele é, é ao mesmo tempo constituído numa única, exclusiva e irrepetível relação com o próprio Deus. A definição antropológica contida no texto javista aproxima-se, por seu lado, daquilo que exprime a definição teológica do homem, que encontramos na primeira narração da criação ("Façamos o homem à Nossa imagem, à Nossa semelhança"[iii]).

3. O homem, assim formado, pertence ao mundo visível, é corpo entre os corpos. Retomando e, de certo modo, reconstruindo o significado da solidão original, aplicamo-lo ao homem na sua totalidade. O corpo, mediante o qual o homem participa no mundo criado visível, torna-o ao mesmo tempo consciente de estar "só". De outro modo não teria sido capaz de chegar àquela convicção a que, efetivamente, como lemos chegou[iv], se o seu corpo o não tivesse ajudado a compreendê-lo, tornando o fato evidente. A consciência da solidão poderia ter enfraquecido, precisamente por causa do seu próprio corpo. O homem, 'adam, teria podido, baseando-se na experiência do próprio corpo, chegar à conclusão de ser substancialmente semelhante aos outros seres vivos (animalia). E afinal, como lemos, não chegou a esta conclusão, pelo contrário chegou à persuasão de estar "só". O texto javista não fala nunca diretamente do corpo; até mesmo quando diz que "o Senhor Deus formou o homem do pó da terra", fala do homem e não do corpo. Apesar disto, a narração tomada no seu conjunto oferece-nos bases suficientes para perceber este homem, criado no mundo visível, exatamente como corpo entre os corpos.

A análise do texto javista permite-nos também relacionar a solidão original do homem com a consciência do corpo, mediante o qual o homem se distingue de todos os animalia e "se separa" deles, e também mediante o qual ele é pessoa. Pode-se afirmar com certeza que aquele homem assim formado tem contemporaneamente o conhecimento e a consciência do sentido do próprio corpo. E isto baseado na experiência da solidão original.

4. Tudo isto pode ser considerado como implicação da segunda narração da criação do homem, e a análise do texto permite-nos um amplo desenvolvimento.

Quando no início do texto javista, ainda antes de se falar da criação do homem do "pó da terra", lemos que "ninguém cultivava a terra e fazia jorrar da terra a água dos canais para regar o solo"[v], associamos justamente este trecho ao da primeira narração, em que está expressa a ordem divina: enchei e dominai a terra[vi]. A segunda narração alude de modo explícito ao trabalho que o homem realiza para cultivar a terra. O primeiro meio fundamental para dominar a terra encontra-se no próprio homem. O homem pode dominar a terra porque só ele —e nenhum outro ser vivo— é capaz de "cultivá-la" e transformá-la segundo as próprias necessidades ("fazia jorrar da terra a água dos canais para regar o solo"). E então, este primeiro esboço de uma atividade especificamente humana parece fazer parte da definição do homem, tal como emerge da análise do texto javista. Por conseguinte, pode-se afirmar que tal esboço é intrínseco ao significado da solidão original e pertence àquela dimensão de solidão através da qual o homem, que desde o início, está no mundo visível como corpo entre os corpos, descobre o sentido da própria corporalidade.

Sobre este assunto voltaremos na próxima reflexão.


[i] Gn 2, 18.

[ii] Gn 2, 16-17.

[iii] Gn 1, 26.

[iv] Cfr. Gn 2, 20.

[v] Gn 2, 5-6.

[vi] Gn 1, 28.

16 junho 2009

Expor emoções ajuda criança a desenvolver compreensão social

O modo como as mães falam com seus filhos quando eles são pequenos tem um efeito duradouro nas habilidades sociais das crianças, concluiu um estudo realizado pela Universidade de Sussex, no Reino Unido.

Os pesquisadores descobriram que crianças cujas mães falam frequentemente com elas sobre sentimentos, crenças, desejos e intenções desenvolvem uma compreensão social melhor do que os filhos que têm mães que não costumam incluir esses temas em suas conversas.

O estudo acompanhou crianças de três a 12 anos de idade e avaliou a habilidade que elas têm de realizar tarefas designadas para medir sua compreensão social.

Em uma das atividades, os pesquisadores observaram como cada uma das mães falou com seus filhos de três anos enquanto olhavam juntos uma série de figuras. Eles viram que as crianças cujas mães descreviam frequentemente o estado mental de pessoas representadas nas imagens -as emoções ou o que elas poderiam estar pensando- foram particularmente bem nas tarefas.

A relação entre conversas precoces sobre estados mentais e o desenvolvimento da compreensão social se mostrou mais forte no início da infância, quando as crianças são mais influenciadas por suas mães, e não parece estar relacionada ao QI da mãe ou ao nível de compreensão social que ela mesma apresenta.

O estudo também revelou que compreender os sentimentos dos outros é uma coisa e mudar o comportamento em relação a eles é outra.

Os autores se surpreenderam ao ver que as crianças com maior compreensão de situações sociais também exibiram comportamentos negativos em relação a suas mães em uma tarefa em que deveriam trabalhar juntos.

15 junho 2009

Como escolher um animal de estimação para seu filho

Cachorro, gato, coelho, calopsita ou peixe. São inúmeras as opções para um animal de estimação. Confira as dicas para escolher o mais adequado para sua família.

11 junho 2009

Mães são detidas por mau comportamento dos filhos

A reportagem abaixo é da Agência Estado. Limita-se a um promotor de justiça específico em uma cidade específica (Mirassol), o que me deixa dúvidas se é um caso isolado, dependendo da cabeça do promotor da vez. De qualquer maneira, o tema requer muita cautela, para não se penalizar os pais por coisas que eles não podem controlar.

Duas mulheres foram detidas ontem depois de uma audiência com o promotor José Heitor dos Santos, no Ministério Público de Mirassol, no interior de São Paulo, devido à ausência na escola e ao mau comportamento dos filhos. Segundo informações da Delegacia de Defesa da Mulher, para onde foram levadas, esta é a quarta prisão de mães na cidade este mês. As últimas duas aconteceram na semana passada. Elas foram ouvidas e liberadas em seguida.

Segundo o promotor José Heitor, as famílias de jovens que apresentam problemas nas escolas estão sendo acompanhadas há anos. "Os filhos estão sendo acompanhados. Muitos deles são usuários de drogas, não comparecem à escola e as mães não conseguiram explicar ontem na audiência o motivo de os filhos estarem nas ruas e não na escola", explica.

Ainda de acordo com o promotor, o Código Penal e o Estatuto da Criança e do Adolescente citam que todo pai e mãe que deixem de zelar pela educação dos filhos estão cometendo o crime de abandono intelectual. "Quando os pais não cuidam adequadamente dos filhos, que ficam pelas ruas em meio às pessoas que usam drogas, os pais estão cometendo outro crime, o de abandono de incapaz. E é isso que esses pais estão fazendo", enfatiza o promotor.

Outros 200 pais serão chamados pela promotoria ao longo do ano e já está marcado, para o dia 21 de agosto, uma audiência com outros 150 menores, a maioria com 14 anos, e seus pais. Eles foram pegos na madrugada em uma chácara da cidade, em companhia de membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), onde muitas pessoas estavam usando drogas, inclusive os menores, explica o promotor. Conselheiros tutelares do município foram chamados para orientar as famílias das mães detidas, que agora vão passar por acompanhamento psicológico.

10 junho 2009

Teologia do corpo: "O significado da solidão original do homem"


5ª catequese do Papa João Paulo II sobre o amor humano no plano divino, ou, mais precisamente, a redenção do corpo e a sacramentalidade do matrimônio. Alocução da Audiência Geral de Quarta-Feira, 10 de outubro de 1979, publicada no L'Osservatore Romano n. 41, de 14 de setembro de 1979.


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1. Na última reflexão do presente ciclo, chegamos a uma conclusão introdutória, tirada das palavras do Livro do Gênesis, sobre a criação do homem como macho e fêmea. A estas palavras, ou seja, ao "princípio", referiu-se o Senhor Jesus na sua conversa sobre a indissolubilidade do matrimônio[i]. Mas a conclusão, a que chegamos, não termina ainda a série das nossas análises. Devemos, de fato, reler a narração do primeiro e do segundo capítulo do Livro do Gênesis num contexto mais largo, que nos permitirá estabelecer uma série de significados do texto antigo, a que se referiu Cristo. Hoje refletiremos portanto sobre o significado da solidão original do homem.

2. O ponto de partida para esta reflexão vem-nos diretamente das seguintes palavras do Livro do Gênesis: Não é conveniente que o homem (macho) esteja só; vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele[ii]. É Deus-Javé que pronuncia estas palavras. Fazem parte da segunda narrativa da criação do homem e provêm portanto da tradição javista. Como já recordamos precedentemente, é significativo que, no texto javista, a narrativa da criação do homem (macho) seja um trecho completo[iii], que precede a narrativa da criação da primeira mulher[iv]. É, além disso, significativo que o primeiro homem ('adam), criado do "pó da terra", só depois da criação da primeira mulher seja definido como "macho" ('is). Assim portanto, quando Deus-Javé pronuncia as palavras a respeito da solidão, refere-as à solidão do "homem" enquanto tal, e não só à do macho[1].

É difícil porém, só com base neste fato, chegar muito longe tirando conclusões. Apesar disso, o contexto completo daquela solidão de que fala o Gênesis 2, 18, pode convencer-nos que se trata aqui da solidão do "homem" (macho e fêmea) e não apenas da solidão do homem-macho, causada pela falta da mulher. Parece, por conseguinte, com base no contexto inteiro, que esta solidão tem dois significados: um que deriva da própria criatura do homem, isto é, da sua humanidade (o que é evidente na narrativa de Gn 2), e o outro que deriva da relação macho-fêmea, o que é evidente, em certo modo, com base no primeiro significado. A análise particularizada da descrição parece confirmá-lo.

3. O problema da solidão manifesta-se unicamente no contexto da segunda narrativa da criação do homem. A primeira não conhece este problema. Nesta aparece o homem criado num só ato como "macho e fêmea" (Deus criou o homem à sua imagem... criou-os homem e mulher[v]). A segunda narrativa que, segundo já mencionamos, fala primeiro da criação do homem e, só depois, da criação da mulher da "costela" do macho, concentra a nossa atenção em o homem "estar só". Isto apresenta-se como problema antropológico fundamental, anterior, em certo sentido, ao problema apresentado pelo fato de tal homem ser macho e fêmea. Este problema é anterior não tanto no sentido cronológico quanto no sentido existencial: é anterior "por sua natureza". Tal se revelará também o problema da solidão do homem do ponto de vista da teologia do corpo, se conseguirmos fazer uma análise profunda da segunda narrativa da criação em Gênesis 2.

4. A afirmação de Deus-Javé, "não é conveniente que o homem esteja só", aparece, não só no contexto imediato da decisão de criar a mulher ("vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele"), mas também no contexto mais amplo de motivos e circunstâncias, que explicam mais profundamente o sentido da solidão original do homem. O texto javista liga primeiramente a criação do homem com a necessidade de cultivar a terra[vi], o que, na primeira narrativa, corresponde à vocação de encher e dominar a terra[vii]. Além disso, a segunda narrativa da criação fala de o homem ser colocado no "jardim do Éden", e deste modo introduz-nos no estado da sua felicidade original. Até este momento o homem é objeto da ação criadora de Deus-Javé, que ao mesmo tempo, como legislador, estabelece as condições da primeira aliança com o homem. Já com este recurso é sublinhada a subjetividade do homem. Esta encontra nova expressão quando o Senhor Deus, após ter formado da terra todos os animais dos campos e todas as aves dos céus, os conduziu até junto do homem (macho), a fim de verificar como ele lhes chamaria[viii]. Logo o primitivo significado da solidão original do homem é definido em função dum "test" específico, ou dum exame a que o homem é sujeito diante de Deus (e em certo modo também diante de si mesmo). Graças a esse "test", o homem toma consciência da própria superioridade, quer dizer, de não poder colocar-se em igualdade com nenhuma outra espécie de seres vivos sobre a terra. Na verdade, como diz o texto, o homem impôs os nomes para que todos os seres vivos fossem conhecidos pelos nomes que o homem lhes desse[ix]. O homem designou com nomes todos os animais domésticos, todas as aves dos céus e todos os animais ferozes; contudo —termina o autor— o homem (macho) não encontrou para si uma auxiliar adequada[x].

5. Toda esta parte do texto é, sem dúvida, preparatória da narrativa da criação da mulher. Esta parte do texto possui contudo significado próprio e profundo, mesmo independente desta criação. É o seguinte: o homem criado encontra-se, desde o primeiro momento da sua existência, diante de Deus quase à busca da própria "entidade". A verificação de o homem "estar só" no meio do mundo visível e, em especial, entre os seres vivos, tem nesta busca significado negativo, na medida em que exprime o que ele "não é". Apesar disso, a verificação de não se poder essencialmente identificar com o mundo visível dos outros seres vivos (animalia) tem, ao mesmo tempo, aspecto positivo para esta busca primária: embora esta verificação não seja ainda uma definição completa, constitui todavia um dos seus elementos. Se aceitamos a tradição aristotélica, na lógica e na antropologia, seria necessário definir este elemento como "gênero próximo" (genus proximum)[2].

6. O texto javista consente-nos todavia descobrir ainda novos elementos naquele admirável trecho, em que o homem se encontra só, diante de Deus, sobretudo para exprimir, através duma autodefinição, a própria autoconsciência, como primitiva e fundamental manifestação de humanidade. O autoconhecimento acompanha o conhecimento do mundo, de todas as criaturas visíveis, de todos os seres vivos a que o homem deu nomes para afirmar em confronto com eles a própria diversidade. Assim portanto, a consciência revela o homem como o ser que possui a faculdade cognoscitiva a respeito do mundo visível. Com este conhecimento que o faz sair, em certo modo, fora do próprio ser, ao mesmo tempo o homem revela-se a si mesmo em toda a peculiaridade do seu ser. Está não apenas essencialmente e subjetivamente só. Solidão, de fato, significa também subjetividade do homem, a qual se forma através do autoconhecimento. O homem está só, porque é "diferente" do mundo visível, do mundo dos seres vivos. Analisando o texto do Livro do Gênesis, tornamo-nos, em certo sentido, testemunhas do modo como o homem "se distingue", diante de Deus-Javé, de todo o conjunto dos seres vivos (animalia) como o primeiro ato de autoconhecimento, e de como, por conseguinte, se revela a si mesmo e ao mesmo tempo se afirma no mundo visível como "pessoa". Aquele processo delineado de modo tão enérgico em Gênesis 2, 19-20, processo de busca duma definição de si mesmo, não leva só a indicar —voltando nós à tradição aristotélica— o genus proximum, que no capítulo 2º do Gênesis é expresso com as palavras "deu os nomes", a que corresponde a "diferença específica" que é, segundo a definição de Aristóteles, noûs, zoón noetikón. Tal processo leva também à primeira delineação do ser humano como pessoa humana, com a própria subjetividade sua característica.

Interrompamos aqui a análise do significado da solidão original do homem. Retoma-la-emos daqui a uma semana.



[1] O texto hebraico chama constantemente ao primeiro homem ha-'adam, ao passo que o termo 'is ("macho") só é usado quando aparece o confronto com a 'issa ("fêmea").

Solitário estava pois "o homem" sem referência ao sexo.

Na tradução para algumas línguas européias, é difícil porém exprimir este conceito do Gênesis, porque "homem" e "macho" são definidos ordinariametne com um vocábulo único: "homo", "uomo", "homme", "hombre", "man".

[2] "An essencial (quidditive) definition is a statement which explains the essence or nature of things.

It will be essential when we can define a thing by its proximate genus and specific differentia.

The proximate genus includes within its comprehension all the essential elements of the genera above it and therefore includes all the beings that are cognate or similar in nature to the thing that is being defined; the specific differentia, on the other hand, brings in the distinctive element which separates this thing from all others of a similar nature, by showing in what manner it is different from all others, with which it might be erroneously identified.

"Man" is defined as a "rational animal"; "animal" is his proximate genus, "rational" is this specific differencia. the proximate genus "animal" includes within its comprehension all the essential elements of the genera above it, because an animal is a "sentient, living, material substance" (...) The specific differentia "rational" is the one distinctive essential element which distinguishes "man" and every other "animal". It therefore makes him from every other "animal" and every other genus above animal, including plants, inanimate bodies and substance.

Furthermore, since the specific differentia is the distinctive element in the essence of man, it includes all the characteristic "properties" which lie in the nature of man as man, namely, power of speech, morality, government, religion, immortality, etc. —realitis which are absent in all other beings in this physical world" (C.N. Bittle, The Science of Correct Thinking, Logic, Milwaukee 1947, p. 73-74).



[i] Cfr. Mt 19, 3-9; Mc 10, 1-12.

[ii] Gn 2, 18.

[iii] Gn 2, 7.

[iv] Gn 2, 21-22.

[v] Gn 1, 27.

[vi] Gn 2, 5.

[vii] Cfr. Gn 1, 28.

[viii] Gn 2, 19.

[ix] Ibid.

[x] Gn 2, 20.

09 junho 2009

Minha filha faz um aninho hoje!

Esse é um dia muito especial para mim. Queria compartilhar com um vídeo que fiz há um ano, quando do nascimento da Isabela, minha segunda filha.

Bem-vinda, lindinha! from Vivendo em família on Vimeo.


08 junho 2009

Anencefalia: documentário revela a emocionante vida de Marcela

Enquanto se discute sobre o aborto de anencéfalos, encontrei no youtube um emocionante documentário sobre a menina Marcela, que nasceu com anencefalia e viveu até 1 ano e 8 meses. Os depoimentos de sua mãe, seu pai, sua irmã e sua médica falam por si mesmo. Não deixe de ver.




05 junho 2009

Voo 477 da Air France: um pai fala da perda de seu filho

A entrevista publicada na Revista Época me conforta. Não esperava outra postura do D. Antônio, sabendo da fé sincera e profunda que o anima, bem como a toda a família. Ele certamente não sabe, mas ele foi um exemplo para mim, na época em que estava começando a namorar com minha esposa (ela dava aula de catequese para o Rafael, filho homem mais jovem do casal). Vendo a família nas missas (na época, principalmente na Igreja N. Sra. da Glória, no Morin, bairro onde vive a família), eu pensava: "É assim que minha família tem que ser".

04 junho 2009

Mãe desafia risco de morte e leva gravidez adiante

Gabriela, 36, publicitária de São Paulo, tem deficiência do fator 10, uma doença hereditária rara que dificulta a coagulação sanguínea e a predispõe a graves hemorragias. Sem controle, essa "prima" da hemofilia pode matar. E foi justamente esse argumento usado por médicos para tentar persuadir Gabriela a desistir da gravidez.

Para quem desde a infância já brincava de ser mãe da irmã caçula, nove anos mais nova, o prognóstico médico foi um duro golpe. "Fiquei sem chão."

Mas Gabriela não desistiu. Pesquisou e encontrou uma dupla de médicos --o hematologista e imunologista Nelson Hamerschlak e o obstetra Renato Kalil-- que topou o desafio de acompanhá-la na gravidez.

"A literatura médica é muito pobre sobre essa doença e vários colegas acharam melhor convencê-la a desistir da gravidez. Foi quase um ano de conversas, de aconselhamento e cumplicidade entre eu, ela e o marido. Queria ter certeza de que era aquilo mesmo que eles queriam", diz Hamerschlak.

Em 2006, fazendo uma busca na literatura internacional, os médicos encontraram oito casos iguais aos de Gabriela em que as mulheres haviam conseguido ter seus bebês. No Brasil, não havia situações relatadas.

"Eles me alertaram que seria uma gravidez arriscada, especialmente entre a 20ª e a 25ª semana, mas que era um risco controlado", lembra Gabriela.

Em março de 2006, a arquiteta engravidou naturalmente. Nas primeiras 22 semanas, fazia ultrassons semanais. Depois, a cada 15 dias. "Tinha tanta certeza de que tudo ocorreria bem que fiquei supertranquila, nem enjoo tive. Até na hora do parto, na 39ª semana de gestação, estava bem, serena."

Kalil, por sua vez, não estava nada tranquilo. "No pré-natal, esperava que ela tivesse um abortamento --ocorrência frequente nessa doença. No parto, tinha medo que ela sofresse uma hemorragia incontrolável. Fiz a cesárea muito rápido, como se não quisesse dar tempo de o vaso [sanguíneo] saber que estava sendo operado."

Antes do parto, Gabriela recebeu um complexo protrombínico --medicação que evita a hemorragia. "O sangramento durante o parto foi zero, sucesso total", conta Hamerschlak.

Uma equipe de oito médicos, entre obstetras, anestesistas, hematologistas e cirurgiões-vasculares, estava no centro cirúrgico do hospital Albert Einstein, no momento em que Sofia nasceu, no dia 5 de dezembro de 2006. Outros sete especialistas esperavam no corredor para agir em uma situação de emergência.

"Foi um alívio quando tudo terminou bem", lembra Kalil. Mal ele sabia que a sensação de alívio duraria pouco. Meses depois, Gabriela procurou novamente os médicos dizendo que queria ter um segundo bebê. "Eu disse que ela era louca, que já tinha uma filha e que não deveria correr novamente o risco de morrer no parto."

Mas Gabriela estava decidida. "Já saí da maternidade querendo um outro filho. Quando olhei para a Sofia pela primeira vez, tive a certeza sobre minha missão nesta vida. Vim para ser mãe. É maravilhoso."

Em 2008, quando Sofia completou um ano e quatro meses, Gabriela engravidou de Lara. Enfrentou alguns sustos, como na oitava semana de gestação, quando sofreu um descolamento da placenta. Depois disso, a gestação seguiu normal.

Em janeiro deste ano, a caminho da maternidade, bateu o medo. "Fiquei apreensiva. Pensei: "Será que devia estar correndo novamente o risco de morrer no parto. E se acontecer alguma coisa, o que será da minha filha?", lembra.

Novamente, os cuidados se repetiram --complexo protrombínico antes e após o parto-- e a cesárea transcorreu sem problemas. Agora, Kalil e Hamerschlak preparam um artigo em que vão relatar o caso de Gabriela em uma revista médica internacional.

"Foi muito gratificante, mas chega de tensão. Falei para ela [Gabriela]: "Não quero te ver mais grávida!'", brinca Kalil.

Gabriela nem discute. "Se pudesse teria um monte de filhos, mas duas está mais do que bom", diz. Nenhuma das meninas herdou a doença da mãe.

03 junho 2009

Roupa atraente: aquela que realça a imagem de Deus presente na mulher

A Andrea Patrícia traduziu dois interessantes textos sobre a modéstia e as vestes femininas (Modéstia e beleza – a conexão perdida e Uma perspectiva diferente sobre a questão da modéstia). Embora o segundo texto seja uma certa crítica ao primeiro, há elementos de convergência muito interessantes que podem servir para as mulheres católicas empenhadas na evangelização. A roupa é uma forma eloquente de falar da dignidade de quem a veste e estou convencido de que as saias longas (como citado nos textos) e outros elementos atraem a sensibilidade masculina para perceber uma mulher de maneira mais integral e, portanto, mais atraente. Além disso -e principalmente-, é uma forma de fazer brilhar a beleza dos valores femininos, que trazem em si uma específica maneira de ser imagem de Deus. Talvez aqui esteja o segredo: vestir-se de forma a anunciar a imago Dei presente na pessoa da mulher. E isso inclui a síntese entre o esplendor e a humildade.

Teologia do corpo: "Relação entre a inocência original e a redenção operada por Cristo"


4ª catequese do Papa João Paulo II sobre o amor humano no plano divino, ou, mais precisamente, a redenção do corpo e a sacramentalidade do matrimônio. Alocução da Audiência Geral de Quarta-Feira, 26 de setembro de 1979, publicada no L'Osservatore Romano n. 39, de 30 de setembro de 1979.

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Veja todas as catequeses que o FN publicou até agora clicando em Teologia do Corpo.

1. Cristo, respondendo à pergunta sobre a unidade e indissolubilidade do matrimônio, apelou para aquilo que sobre o tema do matrimônio foi escrito no Livro do Gênesis. Nas nossas duas precedentes reflexões sujeitamos a uma análise tanto o chamado texto eloísta[i] como o javista[ii]. Desejamos hoje tirar dessas duas análises algumas conclusões.

Quando Cristo se refere ao "princípio", pede aos seus interlocutores que transponham, em certo sentido, o confim que, no Livro do Gênesis, separa o estado de inocência original e o de pecaminosidade, iniciado pela queda original.

Simbolicamente pode-se ligar este confim com a árvore do conhecimento do bem e do mal, que no texto javista delimita duas situações diametralmente opostas: a situação de inocência original e a do pecado original. Estas situações têm dimensão própria no homem, no seu íntimo, no seu conhecimento, na sua consciência, escolha e decisão, tudo isto em relação com Deus Criador que no texto javista[iii] é, ao mesmo tempo, o Deus da Aliança, da mais antiga aliança do Criador com a sua criatura, isto é, com o homem. A árvore do conhecimento do bem e do mal, como expressão e símbolo da aliança com Deus quebrada no coração do homem, delimita e contrapõe duas situações e dois estados diametralmente opostos: o da inocência original e o do pecado original, e ao mesmo tempo da pecaminosidade hereditária do homem que do último deriva. Todavia as palavras de Cristo, que se referem ao "princípio", permitem-nos encontrar no homem certa continuidade essencial e um laço entre estes dois estados diversos ou duas dimensões do ser humano. O estado de pecado faz parte do "homem histórico", tanto daquele a que se refere Mateus 19, isto é, do interlocutor de Cristo nessa altura, como também de qualquer outro interlocutor, potencial ou atual, de todos os tempos da história, e portanto, naturalmente, também o homem de hoje. Tal estado porém —o estado "histórico" precisamente— em qualquer homem sem nenhuma exceção, mergulha as raízes na sua própria "pré-história" teológica, que é o estado da inocência original.

2. Não se trata aqui somente de dialética. As leis do conhecimento correspondem às do ser. É impossível compreender o estado de pecaminosidade "histórica" sem referência ou alusão (e Cristo de fato alude) ao estado de original (em certo sentido, "pré-histórica") e fundamental inocência. Surgir portanto a pecaminosidade como estado, como dimensão da existência humana, está desde os princípios em relação com esta real inocência do homem como estado original e fundamental, como dimensão do ser criado "à imagem de Deus". E assim acontece não só com o primeiro homem, macho e fêmea, como drámatis personae e protagonistas dos acontecimentos descritos no texto javista dos capítulos 2 e 3 do Gênesis, mas também assim acontece com o inteiro percurso histórico da existência humana. O homem histórico está portanto, por assim dizer, radicado na sua pré-história teológica revelada; e por isso cada ponto da sua pecaminosidade histórica explica-se (tanto para a alma como para o corpo) com a referência à inocência original. Pode-se dizer que esta referência é "co-herança" do pecado, e precisamente do pecado original. Se este pecado significa, em todos os homens históricos, um estado de graça perdida, então ele comporta também uma referência àquela graça, que era precisamente a graça da inocência original.

3. Quando Cristo, segundo o capítulo 19 de Mateus, apela para o "princípio", com esta expressão não indica só o estado de inocência original como horizonte perdido da existência humana na história. Às palavras, que Ele pronuncia mesmo com a sua boca, temos o direito de atribuir ao mesmo tempo toda a eloqüência do mistério da redenção. De fato, já no mesmo texto javista de Gn 2 e 3, somos testemunhas de o homem, macho e fêmea, depois de ter quebrado a aliança original que tinha com o seu Criador, receber a primeira promessa de redenção nas palavras do chamado Proto-evangelho em Gn 3, 15[1], e começa a viver na perspectiva teológica da redenção. Assim, portanto, o homem "histórico" —quer o interlocutor de Cristo naquele tempo de que fala Mt 19, quer o homem de hoje— participa desta perspectiva. Participa, não só da história da pecaminosidade humana, como sujeito hereditário e ao mesmo tempo pessoal e não repetível desta história, mas participa igualmente da história da salvação, também agora como seu sujeito e concriador. Ele está portanto não só fechado, pela sua pecaminosidade, à inocência original, mas ao mesmo tempo aberto para o mistério da redenção, que se realizou em Cristo e por meio de Cristo. Paulo, autor da epístola aos Romanos, exprime esta perspectiva da redenção em que vive o homem "histórico", quando escreve: ... também nós próprios, que possuímos as primícias do espírito, gememos igualmente em nós mesmos, aguardando... a libertação do nosso corpo[iv]. Não podemos perder de vista esta perspectiva quando seguimos as palavras de Cristo que, na sua conversa sobre a indissolubilidade do matrimônio, recorre ao "princípio". Se aquele "princípio" indicasse só a criação do homem como "macho e fêmea", se —como já insinuamos— conduzisse os interlocutores só atravessando o confim do estado de pecado do homem até à inocência original, e não abrisse ao mesmo tempo a perspectiva duma "redenção do corpo", a resposta de Cristo não seria de fato entendida de modo exato. Precisamente esta perspectiva da redenção do corpo assegura a continuidade e a unidade entre o estado hereditário do pecado do homem e a sua inocência original, se bem que esta inocência tenha sido historicamente perdida por ele, de modo irremediável. É também evidente ter Cristo o máximo direito de responder à pergunta que Lhe foi feita pelos doutores da Lei e da Aliança (como lemos em Mt 19 e em Mc 10), na perspectiva da redenção sobre que se baseia a Aliança mesma.

4. Se no contexto substancialmente assim descrito pela teologia do homem-corpo, pensamos no método das análises seguintes a respeito da revelação do "princípio", em que é essencial a referência aos primeiros capítulos do Livro do Gênesis, devemos logo dirigir a nossa atenção para um fator que é especialmente importante para a interpretação teológica: importante, pois consiste na relação entre revelação e experiência. Ao interpretarmos a revelação a respeito do homem, e sobretudo a respeito do corpo, temos por motivos compreensíveis de referir-nos à experiência, porque o homem-corpo é percebido por nós sobretudo na experiência. À luz das mencionadas considerações fundamentais, temos pleno direito de alimentar a convicção de esta nossa experiência "histórica" dever, em certo modo, fazer alto no limiar da inocência original do homem, porque relativamente a ele mantém-se inadequada. Todavia, à luz das mesmas considerações introdutórias, devemos chegar à convicção de a nossa experiência humana ser, neste caso, um meio dalgum modo legítimo para a interpretação teológica, e ser, em certo sentido, indispensável ponto de referência, para que devemos apelar na interpretação do "princípio". A análise mais particularizada do texto permitir-nos-á chegar a uma visão mais clara.

5. Parece que as palavras da epístola aos Romanos 8, 23, que citamos, indicam do melhor modo a orientação das nossas investigações centradas na revelação daquele "princípio", a que se referiu Cristo na sua conversa sobre a indissolubilidade do matrimônio[v]. Todas as análises seguintes, que a este propósito serão feitas com base nos primeiros capítulos do Gênesis, refletirão quase necessariamente a verdade das palavras paulinas: Nós próprios, que possuímos as primícias do espírito, gememos igualmente em nós mesmos, aguardando a libertação do nosso corpo. Se nos colocamos nesta posição —tão profundamente concorde com a experiência[2]— o "princípio" deve falar-nos com a grande riqueza de luz que provém da revelação, à qual deseja responder sobretudo a teologia. O prosseguimento das análises explicar-nos-á porquê e em que sentido deve esta teologia ser teologia do corpo.



[1] Já a tradução grega do Antigo Testamento, a dos Setenta, que remonta a cerca do século II a.C., interpreta Gn 3, 15 no sentido messiânico, aplicando o pronome masculino autós referido ao substantivo neutro grego sperma (semen na Vulgata). A tradição judaica continua esta interpretação.

A exegese cristã, a começar por Santo Ireneu (Adv. Haer. III, 23, 7), vê este texto como "proto-evangelho", que prenuncia a vitória sobre satanás, obtida por Jesus Cristo. Embora nos últimos séculos os especialistas em Sagrada Escritura tenham interpretado diversamente esta perícope e alguns tenham contestado a interpretação messiância, nos últimos tempos está-se a voltar a esta sob um aspecto um pouco diverso. O autor javista une, de fato, a pré-história com a história de Israel, que atinge o seu vértice na dinastia messiânica de Davi, a qual levará ao cumprimento a promessa de Gn 3, 15 (cf. 2Sm 7, 12).

O Novo Testamento explicou o cumprimento da promessa na mesma perspectiva messiância; Jesus é o Messias, descendente de Davi (Rm 1, 3; 2Tim 2, 8), nascido de mulher (Gl 4, 4), novo Adão-Davi (1Cor 15), que deve reinar "até que ponha todos os inimigos debaixo dos pés" (1Cor 15, 25). E por fim Ap 12, 1-10 apresenta o cumprimento final da profecia de Gn 3, 15, que embora não sendo anúncio claro e imediato de Jesus como Messias de Israel, leva todavia a Ele por meio da tradição real e messiância que une o Antigo e o Novo Testamento.

[2] Falando aqui da relação entre a "experiência" e a "revelação", mais, duma surpreendente convergência entre elas, queremos só fazer notar que o homem, no seu atual estado do existir no corpo, experimenta múltiplos limites —sofrimentos, paixões, fraquezas e por fim até a morte—, os quais, ao mesmo tempo, referem este seu existir no corpo a outro estado diverso ou outra dimensão. Quando São Paulo escreve sobre a "redenção do corpo", fala com a linguagem da revelação; a experiência, na verdade, não é capaz de atingir este conteúdo, ou antes, esta realidade. Ao mesmo tempo, no total deste conteúdo, o autor de Rm 8, 23 retoma tudo quanto, não só a ele mas também em certo modo a cada homem (independentemente da sua relação com a revelação), é oferecido através da experiência da existência humana, que é existência no corpo.

Temos portanto o direito de falar da relação entre a experiência e a revelação, mais, temos o direito de apresentar o problema da relação recíproca entre as duas, ainda que para muitos passe entre ambas uma linha de demarcação que é linha de antítese total e de antinomia radical. Esta linha, segundo julgam, deve sem mais ser traçada entre a fé e a ciência, entre a teologia e a filosofia. Ao formular este ponto de vista, são sobretudo tomados em consideração conceitos abstratos e não o homem como sujeito vivo.



[i] Gn 1.

[ii] Gn 2.

[iii] Gn 2 e 3.

[iv] Rm 8, 23.

[v] Mt 19 e Mc 10.

01 junho 2009

Saiba como controlar seu orçamento doméstico

A forma como gastamos revela um pouco de quem nós somos e dos valores que temos em nosso coração. O tema dos gastos familiares está sempre na ordem do dia. Neste post, você pode ver um vídeo, ler um texto e baixar planilhas em Excel que certamente serão de grande ajuda para controlar seus gastos.

Já escrevi aqui sobre o assunto em duas postagens: Supermercado sem trauma e Como economizar na hora das compras. Não deixe de ler.

Hoje, volto ao assunto, com a matéria publicada no site Globo.com. Copio e colo o texto e o vídeo, além das excelentes planilhas também oferecidas pelo site.

Como manter sob controle o seu orçamento doméstico? O segredo está em anotar todos os gastos detalhadamente. Economistas e consultores dizem que só se pode ter ideia do rombo nas contas se a gente anotar todos os gastos e, assim, saber para onde vai o dinheiro do salário.

Aquele cafezinho. É uma tradição para Paulo. Na mesma hora, o gasto vai para o papel. “Se você deixar pra fazer isto depois, em casa, você vai acabar esquecendo”, diz Paulo Adriano Borges, consultor financeiro. Ele anota até os centavos numa planilha que carrega na carteira.

“São exatamente estes pequenos gastos que você faz e que acaba não anotando que extrapolam, que furam o orçamento no final do mês”, diz o consultor. Experiência própria. Paulo já foi empresário, mas teve prejuízos e se endividou.

As planilhas revelaram o que ele evitava ver. “Uma das coisas mais difíceis, por incrível que pareça, é você colocar todas as suas dívidas no papel, porque vai ter um contato direto exatamente com o tamanho do seu rombo”, diz o consultor.

A planilha não é apenas para anotar os gastos, mas principalmente para se planejar as despesas. Ela deve ter uma coluna para cada mês e você deve estabelecer um limite para cada compra, como por exemplo, aluguel, supermercado, transporte, água, luz, telefone. E não se esqueça, no caso de compras a prazo, as prestações devem ser anotadas uma a uma, até a última.

Separe ainda uma reserva para poupança e gastos extras que você já sabe que vai ter em datas especiais como aniversário, dias das mães, natal. Economistas sugerem que pelo menos 20% do salário sejam reservados para isso. A soma de todas as despesas do mês, é claro, não pode ser maior do que a renda da família.

Dona Olívia, consultora de Orçamentos Domésticos, diz que o primeiro passo é juntar todos os recibos de gastos durante três meses. “A partir do momento em que eu guardei estes três meses, conheci toda a minha base de cálculo, então eu vou determinar: este é o meu padrão”, diz Olivia Cicci, consultora de orçamento doméstico.

O segundo passo é reconhecer quando se está gastando demais. Se for necessário, negociar a dívida e pensar bem antes de fazer uma compra extra. “Primeiro: tenho dinheiro? Segundo: preciso disto? E terceiro: tem que ser agora?”, diz a consultora.

Mudanças de comportamento que acabaram com a insônia de Paulo. Organizando as contas ele passou de empresário falido a consultor financeiro e hoje consegue guardar 30% da renda. “Se você começa a repetir aquela prática virtuosa de registrar seus gastos, fazer um planejamento, chega num determinado momento você faz isto naturalmente. Igual a tomar banho, escovar o dente, ir para o seu trabalho, é natural”.

Antes de ver o vídeo abaixo, sugiro que você baixe essas duas planilhas: Planejamento financeiro (que permitirá ter uma visão geral de seus gastos no ano) e Consolidação de gastos (em que você pode anotar tim-tim por tim-tim tudo o que sai voando misteriosamente de sua carteira.