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30 agosto 2007

No reino do mais puro relativismo

Neste dia 30 de agosto, a Folha On Line publica artigo do filósofo Hélio Schwartsman com o título Lei e preconceito. Gostaria de fazer uma apreciação crítica a respeito do artigo.

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O trecho que eu gostaria de destacar é o seguinte:


O que dois ou mais adultos fazem consensualmente entre quatro paredes em matéria de sexo é assunto que diz respeito apenas a eles. Desde que em comum acordo e sem envolver menores, não há nada de intrinsecamente errado com homossexualismo, masoquismo, sadismo, voyeurismo, fetichismo, coprofilia, zoofilia (se o animal em questão não se opuser) e nem mesmo com a vida monástica escolhida por alguns. Se há algum comportamento reprovável do ponto de vista da boa convivência democrática, ele está, não no homossexualismo ou naquilo que a psiquiatria designa como parafilias, mas no desejo incontido de tentar controlar a sexualidade alheia.

E, se é justo que casais heterossexuais possam herdar os bens um do outro, estabelecer vínculos previdenciários e adotar crianças, não há nenhuma razão para deixar de estender esses mesmos direitos a pares do mesmo sexo. Um cidadão é um cidadão independentemente do lado pelo qual prefira copular.


Trata-se de uma postura liberal radical por parte do autor, que vai na linha da forte presença atual do relativismo ético, para o qual a moralidade de qualquer comportamento deve ficar confiada à liberdade individual de cada um, conforme a sua consciência.

Ao ler o texto, não pude deixar de me lembrar do caso do "Canibal alemão" em 2003. Vocês podem ver uma matéria a respeito clicando aqui, mas apenas para lembrar:

Armin Meiwes e Bernd-Jurgen Brandes (dois homens), realizaram uma fantasia sexual: Meiwes cortou o pênis de seu amante, flambou o membro e os dois comeram juntos. Por causa da hemorragia, Brandes morreu, foi dissecado e comido por Meiwes, e tudo isso com pleno acordo de vontade entre ambos. Em sua defesa, Meiwes alegou justamente que tudo tinha sido feito em plena liberdade, o que lembra justamente o pensamento do filósofo da Folha On Line quando afirma que não há nada de intrinsecamente errado em matéria de sexo quando feito consensualmente entre quatro paredes.

Diga-se de passagem que a defesa de Meiwes foi bem sucedida: o Ministério Público alemão pediu prisão perpétua, a defesa pediu a desqualificação para "homicídio a pedido", tipo cuja pena é de 5 anos. O acusado foi condenado a 8,5 anos, sendo que em 5 anos já poderia estar em liberdade (ou seja, no ano que vem). Veja essa outra notícia a respeito.

Hélio Schwartsman estaria correto ao afirmar que não existe nada de intrinsecamente errado em qualquer tipo de comportamento sexual, incluindo coprofilia e zoofilia? Apenas para esclarecer: coprofilia é a excitação sexual pelo contato com as fezes do parceiro, incluindo aí a coprofagia (ingestão); zoofilia é a prática de sexo com animais.

A maioria das pessoas, creio eu, diria que tais comportamentos são em si mesmos desordenados, portanto intrinsecamente errados. Mas se perguntássemos quais seriam os critérios objetivos para avaliar se um comportamento é ou não errado do ponto de vista moral, nossa mentalidade relativista teria muita dificuldade para responder.

Por trás de tudo isso, penso haver uma perda do sentido do homem. Quem é o homem? Quem sou eu? Qual o sentido da minha existência? São perguntas-chave para termos critérios objetivos para lidar com tais questionamentos. Acredito, pois, que devemos procurar uma antropologia ontologicamente fundada para termos motivos reais, objetivos, racionais, para avaliar a moralidade dos atos humanos.

28 agosto 2007

Conseqüências psicológicas do aborto

O filme abaixo, com legendas em português de Portugal, traz testemunhos interessantes de mulheres que praticaram o aborto.


27 agosto 2007

Meios de comunicação manipulam cartas de Madre Teresa

Reproduzo, abaixo, a matéria que acaba de ir ao ar no site Aci Digital. Acho de extrema importância que divulguemos rapidamente a resposta aos meios de comunicação, para que a verdade sobre a vida de Madre Teresa seja reestabelecida. Isso, mesmo a preço de promover a venda de um livro oportunista.

Manchetes como "Madre Teresa perdeu a fé?" ou "A Madre Teresa de Calcutá não acreditava em Deus" ocuparam nas últimas horas as primeiras páginas de meios de comunicação de ampla audiência para "informar" sobre a existência de umas cartas escritas pela beata onde narra a dolorosa experiência de deserto espiritual que sofreu por longos anos.

A agência Associated Press, a revista Time Magazine e a rádio socialista espanhola Cadeia Ser, entre outros meios, abordaram com sensacionalismo o próximo lançamento do livro "O Segredo de Madre Teresa", escrito pelo correspondente da CBS Mark Phillips, que se apóia nas cartas que a religiosa enviou a seu confessor e alguns amigos relatando sua dor espiritual.

Embora os meios se esforcem por apresentar estes textos como "prova" de que a beata realmente não acreditava em Deus e até se sentia hipócrita ante o povo, o certo é que o "deserto espiritual" de Madre Teresa não foi um segredo para a Igreja.

A religiosa pediu que após sua morte em 1997, fossem queimadas estas missivas, mas as cartas foram conservadas pelo sacerdote Brian Kolodiejchuk, postulador de sua causa de beatificação. Para o Pe. Kolodiejchuk , estas cartas ajudam a provar a santidade da religiosa porque permite ter um "novo entendimento, esta nova janela à sua vida interior, que a meu parecer é o mais heróico possível".

Entre os extratos das missivas recolhidos pela imprensa, citam-se parágrafos como: "Sinto que Deus não me quer, que Deus não é Deus, e que ele verdadeiramente não existe". Em um de 1958 se lê: "meu sorriso é uma grande capa que esconde uma multidão de penas".

Em outra carta afirma que "em minha própria alma, sinto uma dor terrível por esta perda. Sinto que Deus não me quer, que Deus não é Deus, e que ele verdadeiramente não existe".

No ano 2002, quando se anunciou a beatificação da religiosa, o Padre Kolodiejchuk ofereceu uma entrevista à agência Zenit em que relatou esta fase na vida de Madre Teresa.

"Antes da inspiração de sua obra, já tinha tido uma experiência de escuridão. Entretanto, é importante levar em conta que esta 'noite’, este sofrimento interior, é fruto de sua união com Cristo, como aconteceu com Santa Teresa de Jesus, ou Paulo da Cruz. Por um lado se dá a união com Jesus e o amor une. E ao unir-se a Cristo, compreendeu o sofrimento de Jesus quando na Cruz gritou: ‘Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?’", assinalou.

Conforme explicou o sacerdote, "esta 'noite', este sofrimento, é provocado também pelo apostolado, o amor a outros. Amando a Cristo, compreende também o sofrimento de outros, sua solidão, e também seu afastamento de Deus".

"A ‘noite obscura’ de Madre Teresa se deveu, portanto, a dupla dimensão que vive o amor dos religiosos: em primeiro lugar, a ‘esponsal’, seu amor a Cristo, que lhe leva a unir-se a seus sofrimentos, e, em segundo lugar, o amor ‘redentor’, que leva a compartilhar a redenção, a anunciar a outros o amor de Deus para que descubram a salvação através da oração e do sacrifício", adicionou.

Segundo o presbítero, "mais que uma prova de fé, era uma prova de amor. Mais que sofrer pela experiência de não sentir o amor de Jesus, sofria por causa de seu desejo de Jesus, sua sede de Jesus, sua sede de amor. A meta a da Congregação é precisamente saciar a sede de Jesus na cruz através de nosso amor a ele e nossa entrega às almas".

"A Madre compartilhava não só a pobreza física e material dos pobres, sentia a sede, o abandono que experimentam as pessoas. De fato, a pobreza maior é não ser amado, ser rechaçado", indicou.

22 agosto 2007

Programa sobre aborto

Rolam no Youtube alguns videos reproduzindo o programa Canal Livre, da rede Bandeirantes, no qual se discutiu o aborto.

Foram entrevistados três convidados, Euzimar Coutinho, Frei Antonio Moser e Silas Malafaia. Destes, a reprodução se refere ao último convidado, pastor evangélico da Igreja Assembléia de Deus. Não encontrei as outras partes do programa, mas se alguém tiver pode enviar o link para que apresentemos o debate completo.


O grande silêncio

Veja abaixo um trailler do filme "O grande silêncio", que estréia na Espanha depois de ter sido um sucesso na Alemanha, batendo inclusive o bruxinho Harry Potter.

Trata-se de um documentário sobre a vida dos cartuchos, ordem monástica, em que não há uma só palavra ou uma só sonoplastia de fundo que já não estivesse presente no próprio ambiente do mosteiro.

Para saber mais, você pode visitar o blog do Rafael de la Piedra, Razones para creer.

19 agosto 2007

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15 agosto 2007

Dependência de "junk food" começa no útero materno

A dependência de "junk food" ("comida lixo"), uma das causas principais de obesidade na infância, pode começar no útero materno, segundo um estudo publicado pelo "British Journal of Nutrition".

Os hábitos nutricionais das crianças podem estar condicionados pelo que suas mães comeram durante a gravidez, diz o estudo. Segundo os cientistas, as mães que comem alimentos pouco saudáveis enquanto amamentam também podem influir negativamente no peso de seus filhos.

Ler mais aqui.

13 agosto 2007

A casa destruída

A Veja São Paulo apresentou, em 8 de Junho, uma excelente crônica de Walcyr Carrasco sobre o comportamento dos filhos versus a apatia dos pais...

Um casal de amigos avisa que vem me visitar. Sinto um arrepio de terror. Não por eles. Somos próximos desde antes de seu casamento. Mas devido aos dois filhos pequenos! Corro para colocar os objetos no alto de estantes, dentro dos armários da cozinha etc. Somem vasos, castiçais, cinzeiros. Arrumo a mesa de centro com copos, queijo, bolachas, docinhos. Escondo um patê no fundo da geladeira, assim como um vidro de berinjela no azeite. "Tudo o que possa derramar será derramado", aviso a mim mesmo.

As crianças são umas gracinhas. Lindas. Inteligentes. Ágeis. Mas os pais são incapazes de dizer "não". Logo depois que eles chegam, a casa parece ter passado por um arrastão. Restam os copos, é claro. Assim que sirvo o refrigerante, o garoto arrebenta o seu contra a mesinha. Posso parecer rabugento. Mas qual o motivo de ele sorrir alegremente? A mãe também sorri:

– Quebrou! Quer tomar do meu copo, filhinho?

– É melhor recolher os cacos, senão as crianças podem se cortar – diz o pai, imóvel.

Enxugo. Limpo a mesa, o tapete. Minha amiga indaga distraidamente:

– Era parte de algum jogo?

– Não faço questão de ter copos iguais, vivem quebrando.

Por que disfarço? Para preservar a amizade. Se disser um "ai", ela se voltará contra mim. Não admite que alguém dê bronca nos filhos! Ouço um grito. É a menina. Acaba de derrubar meu vaso de violetas preso na parede. Ficou na pontinha dos pés e puxou. O pai vai abraçá-la.

– Machucou, bonitinha? Não chora, não chora...

Agora é a vez de varrer o chão. Ganhei as violetas de presente há alguns anos. Eram a lembrança de uma grande amizade. Saio da recordação ao ouvir novo grito lancinante. O garoto escorregou. Bateu o queixo e está sangrando.

Enquanto a mãe lava o ferimento e passa remédio, ele consegue atirar meu sabonete perfumado dentro do vaso. Olha para mim e sorri. Arreganho os dentes de volta. Aproveito e faço uma expressão monstruosa. Ele grita e se refugia nos braços maternos. Ela me encara com horror.

– Só brinquei – digo inocentemente.

– Viu? Era só o tio! Vai, abraça o tio.

Ele vem para meu colo. Há um instante de trégua. Até ele puxar minha corrente com o crucifixo. Os elos arrebentam. A mãe observa fracamente.

– Ih! Arrebentou a correntinha do tio.

– Corram aqui! – grita o pai.

A garotinha acaba de botar a cruzinha de ouro na boca. Eu seguro seus braços, a mãe a cabeça, e o pai abre os dentes cerrados. Consegue agarrar o pequeno crucifixo antes que seja engolido. Quando terminamos, cadê o garoto? Procuramos pela casa desesperadamente. Ouço um latido. Ele fugiu pelo portão! Tenta agarrrar o dobermann do vizinho, que passeava com o cão. O dono puxa a coleira, para impedir que o cachorro triture a criança. Berra:

– Sai daqui, sai daqui!

A mãe afasta o menino, furiosa:

– Não grita com meu filho!

O anjinho chora mansamente, magoado!

Sirvo rapidamente os bombons guardados na geladeira. As crianças adoram. Aproveitam para exercer suas habilidades artísticas no sofá branco e nas almofadas, em que passam os dedos com as mãos imundas de chocolate.

– Vocês sujaram o rosto! – descobre a mãe.

Olho em torno, desconsolado. Onde estará o tira-manchas?

O casal despede-se.

– As crianças precisam tomar banho. Foi uma tarde ótima.

Caio sentado no sofá. Vejo uma cadeira virada, mas não tenho forças para arrumá-la. Por que alguns pais e mães são incapazes de dizer "não"? E mais: como serão essas crianças quando se transformarem em adultos, crescendo assim, sem noção de limites?