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30 dezembro 2006

Da família nasce a paz da família humana

No dia 1º de janeiro, a Igreja celebra a festa de Santa Maria, Mãe de Deus. O dia também é chamado Dia Mundial da Paz.

Apresentamos a mensagem do Papa João Paulo II para a celebração do XXVII Dia Mundial da Paz - 1º de janeiro de 1994, ano dedicado pela Igreja à família.


O mundo anela pela paz, tem extrema necessidade de paz. E, no entanto, guerras, conflitos, violência crescente, situações de instabilidade social e de pobreza endémica continuam a ceifar vidas inocentes e a gerar divisões entre os indivíduos e os povos. Às vezes, a paz parece uma meta verdadeiramente inacessível! Num clima enregelado pela indiferença ou mesmo envenenado pelo ódio, como esperar o advento duma era de paz, que apenas sentimentos de solidariedade e amor podem propiciar?

Mas não devemos render-nos. Sabemos que a paz, apesar de tudo, é possível, porque inscrita no projeto divino original.

Deus quis para a humanidade uma condição de harmonia e de paz, colocando o seu fundamento na própria natureza do ser humano, criado "à sua imagem". Esta imagem divina realiza-se não só no indivíduo, mas também naquela singular comunhão de pessoas que é formada por um homem e uma mulher, de tal modo unidos no amor que se tornam "uma só carne" . Assim está escrito: "Criou-o à imagem de Deus; Ele os criou homem e mulher" . A esta comunidade específica de pessoas, confiou o Senhor a missão de dar a vida e dela cuidar formando uma família, e contribuindo assim de maneira decisiva para a tarefa de administrar a criação e prover ao futuro mesmo da humanidade.

A harmonia inicial foi quebrada pelo pecado, mas o plano original de Deus mantém-se. A família permanece, por isso, o verdadeiro fundamento da sociedade , constituindo, como se diz na Declaração Universal dos Direitos do Homem, o seu "núcleo natural e fundamental" .

O contributo que aquela pode oferecer para a salvaguarda e promoção da paz é tão determinante que quereria aproveitar o ensejo que me é proporcionado pelo Ano Internacional da Família para dedicar esta Mensagem do Dia Mundial da Paz à reflexão sobre a íntima ligação existente entre a família e a paz. Espero, com efeito, que o referido Ano constitua para todos quantos intentam contribuir para a busca da verdadeira paz —Igrejas, Organismos Religiosos, Associações, Governos, Instâncias Internacionais— uma válida ocasião para estudarem juntos o modo de ajudar a família a cumprir plenamente a sua insubstituível missão de construtora de paz.

A família: comunidade de vida e de amor

A família, enquanto fundamental e indispensável comunidade educadora, é o veículo privilegiado para a transmissão daqueles valores religiosos e culturais que ajudam a pessoa a adquirir a própria identidade. Baseada no amor e aberta ao dom da vida, a família leva em si o futuro mesmo da sociedade; tarefa sua muito particular, é a de contribuir eficazmente para um futuro de paz.

Isso será conseguido, antes de mais, mediante o amor recíproco dos cônjuges, chamados à plena e total comunhão de vida pelo sentido natural do matrimônio, e mais ainda, se cristãos, pela sua elevação a sacramento; e, depois, através do adequado cumprimento do dever educativo, que empenha os pais a formarem os filhos para o respeito da dignidade de cada pessoa e para os valores da paz. Tais valores, mais do que "ensinados", devem ser testemunhados num ambiente familiar que viva, em seu seio, aquele amor oblativo capaz de acolher o outro na sua diversidade, assumindo as suas necessidades e exigências e fazendo-o participante dos próprios bens. As virtudes domésticas, que se baseiam no respeito profundo da vida e da dignidade do ser humano e concretizam-se na compreensão, na paciência, no encorajamento e no perdão mútuo, dão à comunidade familiar a possibilidade de viver a primeira e fundamental experiência de paz. Fora deste contexto de afetuosas relações e de operosa e recíproca solidariedade, o ser humano "permanece para si próprio um ser incompreensível, e a sua vida é destituída de sentido, se não lhe for revelado o amor, (...) se o não experimenta e se o não torna algo seu próprio" . Um tal amor, aliás, não se identifica com uma emoção passageira, mas é uma intensa e duradoura força moral que procura o bem alheio, inclusive à custa do próprio sacrifício. Além disso, o amor verdadeiro sempre inclui a justiça, tão necessária à paz. Aquele debruça-se sobre quantos se encontram em dificuldade: os que não têm família, as crianças privadas de assistência e afeto, as pessoas abandonadas e marginalizadas.

A família que vive, mesmo se ainda de modo imperfeito, este amor, abrindo-se generosamente à restante sociedade, constitui o agente primário dum futuro de paz. Uma civilização de paz não é possível, se falta o amor.

A família: vítima da ausência de paz

Em contraste com a sua original vocação de paz, a família revela-se, infelizmente e tantas vezes, lugar de tensão e prepotência ou, então, vítima inerme das numerosas formas de violência que caracterizam a sociedade atual.

Tensões registram-se, às vezes, nas relações entre os seus membros. Freqüentemente, ficam-se a dever ao esforço por harmonizar a vida familiar, quando o trabalho mantém os cônjuges separados um do outro, ou a sua falta e precariedade os constringe à angústia da sobrevivência e ao íncubo de um futuro incerto. Não faltam, ainda, tensões originadas por modelos de comportamento inspirados no hedonismo e no consumismo, que impelem os membros da família a buscar mais as gratificações pessoais do que uma serena e diligente vida comum. Brigas freqüentes entre os pais, recusa da prole, abandono e maus tratos de menores são os tristes sintomas de uma paz familiar já seriamente comprometida, e que não pode ser restituída, por certo, pela lamentável solução da separação dos cônjuges, e, menos ainda, pelo recurso ao divórcio, verdadeira "epidemia" da sociedade atual .

Depois, em muitas partes do mundo, há nações inteiras arrastadas na espiral de cruentos conflitos, dos quais, tantas vezes, as primeiras vítimas são as famílias: ou vêem-se privadas do principal, quando não único, membro que ganha, ou são forçadas a abandonar casa, terra e bens, fugindo para o desconhecido; ou acabam, de qualquer modo, sujeitas a transes tão penosos que põem em dúvida qualquer certeza. Como não recordar, a propósito disto, o sangrento conflito entre grupos étnicos, que perdura ainda na Bósnia Herzegovina? E é apenas um caso entre tantos cenários de guerra espalhados pelo mundo!

Face a estas tristes realidades, a sociedade mostra-se, freqüentemente, incapaz de oferecer uma válida ajuda, ou mesmo culposamente indiferente. As carências espirituais e psicológicas de quem sofreu os efeitos dum conflito armado são tão urgentes e graves como as necessidades de alimento ou de um lar. Fariam falta estruturas específicas, tendentes a desenvolver uma ação de apoio às famílias atingidas por imprevistas e dilacerantes desgraças, de modo que elas, apesar de tudo, não cedam à tentação do desânimo e da vingança, mas sejam capazes de inspirar os seus comportamentos no perdão e na reconciliação. Muitas vezes, de tudo isso nem vestígios, infelizmente!

Não se deve esquecer, ainda, que a guerra e a violência não constituem forças desagregadoras apenas no sentido de enfraquecer e destruir as estruturas familiares; mas exercem uma influência nefasta também sobre os ânimos, chegando a propor e quase a impor modelos de comportamento diametralmente opostos à paz. A propósito disto, há que denunciar um dado bem triste: hoje infelizmente, adolescentes —senão mesmo crianças— de ambos os sexos, tomam parte, realmente e em número sempre maior, nos conflitos armados. Vêem-se obrigados a arrolar-se em milícias armadas e têm de combater por causas que nem sempre compreendem. Noutros casos, vivem imersos numa verdadeira e própria cultura da violência, onde a vida pouco conta e matar não parece imoral. No interesse da sociedade inteira, há que fazer com que estes jovens renunciem à violência e se encaminhem pela via da paz, mas isso supõe uma paciente educação, conduzida por pessoas que creiam sinceramente na paz.

Neste ponto, não posso deixar de mencionar outro sério obstáculo ao desenvolvimento da paz, na nossa sociedade: muitas, tantas crianças vivem privadas do calor de uma família. Umas vezes, esta, de fato, está ausente: dominados por outros interesses, os pais abandonam os filhos a si mesmos. Outras vezes, a família pura e simplesmente não existe: há, assim, milhares de crianças que não têm outra casa senão a estrada, e não podem contar com qualquer outro recurso além de si mesmas. Algumas destas crianças da rua encontram tragicamente a morte. Outras são encaminhadas para o consumo ou mesmo o tráfico da droga, para a prostituição, e não raro acabam nas organizações criminosas. Não é possível ignorar situações assim escandalosas e, no entanto, tão difusas! Está em jogo o próprio futuro da sociedade. Uma comunidade que rejeita as crianças, as marginaliza ou reduz a situações sem esperança, jamais poderá conhecer a paz.

Para poder contar com um futuro de paz, é preciso que cada pequenino ser humano experimente o calor de um afeto carinhoso e constante, e não a traição ou a exploração. E, se o Estado muito pode fazer fornecendo meios e estruturas de apoio, insubstituível permanece o contributo da família para assegurar aquele clima de certeza e confiança, que tanta importância tem para induzir as crianças a olharem com serenidade o futuro e prepará-las para, quando adultas, participarem responsavelmente na edificação de uma sociedade de autêntico progresso e de paz. As crianças são o futuro já presente no meio de nós; é necessário poderem experimentar o que significa paz, para serem capazes de criar um futuro de paz.

A família: protagonista da paz

Uma ordem duradoura de paz precisa de instituições que exprimam e consolidem os valores da paz. A instituição que corresponde, de modo mais imediato, à natureza do ser humano é a família. Só ela garante a continuidade e o futuro da sociedade. Por isso, a família é chamada a tornar-se ativa protagonista da paz, graças aos valores que ela exprime e transmite no seu próprio seio e, mediante a participação de cada um dos seus membros, à vida da sociedade.

Núcleo originário da sociedade, a família tem direito a todo o apoio do Estado, para cumprir plenamente a sua missão peculiar. Por isso, as leis estatais devem ser orientadas para a promoção do seu bem-estar, ajudando-a a realizar as tarefas que lhe competem. Perante a tendência, hoje cada vez mais insistente, de legitimar, como sucedâneos da união conjugal, formas de união que, pela sua intrínseca natureza ou intencional transitoriedade, não podem de modo algum exprimir o sentido e assegurar o bem da família, é dever do Estado encorajar e proteger a autêntica instituição familiar, respeitando a sua fisionomia natural e os seus direitos congênitos e inalienáveis . Fundamental dentre eles, é o direito dos pais decidirem livre e responsavelmente, com base nas suas convicções morais e religiosas e na sua consciência adequadamente formada, quando chamar à vida um filho, e depois educá-lo segundo tais convicções.

Um papel relevante tem ainda o Estado na criação das condições que permitam às famílias prover às suas necessidades primárias de maneira consentânea à dignidade humana. A pobreza, antes, a miséria —ameaça perene à estabilidade social, ao progresso dos povos, à paz— atinge hoje tantas famílias. Sucede, às vezes, que, por falta de meios, os casais jovens retardam a constituição de uma família ou vêem-se mesmo impedidos de a formar, enquanto que as famílias a braços com a indigência não podem participar plenamente na vida social ou são constrangidas a uma situação de total marginalização.

Mas, o dever do Estado não isenta o simples cidadão: a verdadeira resposta às mais graves solicitações de cada sociedade é assegurada efetivamente pela solidariedade concorde de todos. De fato, ninguém pode sentir-se tranquilo enquanto o problema da pobreza, que grava sobre famílias e indivíduos, não tiver encontrado uma solução adequada. A indigência é sempre uma ameaça para a estabilidade social, para o desenvolvimento econômico, e conseqüentemente, em última análise, para a paz. Esta permanecerá insidiada, enquanto pessoas e famílias se virem obrigadas a lutarem pela sua própria sobrevivência.

A família: ao serviço da paz

Quereria, agora, dirigir-me diretamente às famílias; em particular, às famílias cristãs.

"Família, torna-te aquilo que és!" —escrevi na Exortação Apostólica Familiaris consortio . Ou seja, torna-te "íntima comunidade da vida e do amor conjugal" , chamada a dar amor e a transmitir a vida!

Família, tens uma missão de primária importância: a de contribuir para a construção da paz, bem indispensável ao respeito e desenvolvimento da própria vida humana . Consciente de que a paz não se obtém duma vez para sempre , nunca te deves cansar de a procurar! Com a própria morte na cruz, Jesus deixou à humanidade a sua paz, assegurando a sua presença perene . Exige esta paz, reza por esta paz, trabalha por esta paz!

A vós, pais, compete a responsabilidade de formar e educar os filhos para serem pessoas de paz: para isso, sede vós mesmos, primeiro, construtores de paz.

Vós, filhos, lançados para o futuro com o ardor da vossa idade jovem, repleta de projetos e sonhos, apreciai o dom da família, preparai-vos para a responsabilidade de a construir ou promover, segundo a respetiva vocação, no amanhã que Deus vos conceder. Cultivai aspirações de bem e desígnios de paz.

Vós, os avós, que, com os outros membros da casa, representais na família laços insubstituíveis e preciosos entre as gerações, dai generosamente o vosso contributo de experiência e testemunho para ligar o passado ao futuro num presente de paz.

Família, vive concorde e plenamente a tua missão!

Como esquecer, enfim, tantas pessoas que, por vários motivos, se sentem sem família? Quereria dizer-lhes que, também para elas, existe uma família: a Igreja é casa e família para todos . Ela abre de par em par as portas para acolher todos quantos vivem sozinhos e abandonados; neles, vê os filhos prediletos de Deus, independentemente da idade, e quaisquer que sejam as suas aspirações, dificuldades e esperanças.

Possa a família viver em paz, de modo que dela brote a paz para a família humana inteira!

Eis a prece que, por intercessão de Maria, Mãe de Cristo e da Igreja, elevo Àquele, "do Qual toda a paternidade, nos Céus como na Terra, toma o nome" , na aurora do Ano Internacional da Família.

Vaticano, 8 de Dezembro do ano 1993.

27 dezembro 2006

O Peregrino do Amor

Nos dias atuais temos escutado muito sobre guerras, sobre pessoas que não respeitam o seu semelhante, que não respeitam a vida, que são capazes de matar inocentes.

Hoje estava pensando sobre todo o cenário que nos é mostrado e me lembrava do nosso querido Papa João Paulo II, que com toda a sua debilidade física em nenhum momento deixou de proclamar o amor, de mostrar a que veio, de não calar frente as injustiças, de falar o que o mundo não gosta de ouvir, de ser um verdadeiro apóstolo e cumprir o que lhe é pedido pela sua missão levar a mensagem de Cristo a todos os povos "Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo".

Que nesse novo ano possamos nos inspirar na figura desse santo homem. Que alentados por Santa Maria possamos dizer não ao que nos afasta do Caminho, da Verdade e da Vida. Aqui uma homenagem muito bonita ao Santo Padre:

24 dezembro 2006

Como teria nascido Jesus

Belo texto de Maria Valtorta, mística italiana, atribuído a revelações privadas. Sem que queiramos tomar posição a respeito de sua autenticidade, apresentamos como leitura que pode ser edificante.

Vejo ainda o interior deste pobre refúgio pedregoso, onde, compartilhando a sorte dos animais, Maria e José encontraram asilo.
A pequena fogueira vai-se apagando, tal como vai adormecendo o seu guardião.

Maria levanta docemente a cabeça da almofada e olha. Ela vê José, com a cabeça inclinada sobre o peito, como se refletisse, e pensa que a fadiga triunfou sobre a sua vontade de permanecer acordado. Ela age com um grato e doce sorriso.

Fazendo menos barulho do que o que poderia ser feito por uma borboleta pousando numa rosa, ela senta-se e depois ajoelha-se. Reza com um sorriso radioso no seu rosto. Reza com os braços estendidos - não precisamente em cruz, mas quase -, com as palmas das mãos dirigidas para o alto e para a frente, não parecendo fatigada com esta dolorosa postura. Depois, prostra-se com o rosto sobre o feno, ainda numa oração mais profunda. Uma oração prolongada.

José acorda. Ele vê o fogo quase a apagar-se e o estábulo mergulhado na escuridão. Lança um punhado de ramitos e as chamas revitalizam-se. Então ele junta ramos mais grossos, depois ainda mais volumosos, que o frio deve ser intenso, o frio da noite invernosa e tranquila que penetra por várias partes dessas ruínas.

O pobre José, muito perto que está da porta - chamemos assim à abertura que o seu manto procura tapar -, deve estar gelado. Aproxima as mãos das chamas, descalça as sandálias e aquece-se. Quando o lume está bem ateado e a sua claridade é boa, volta-se. Não vê ninguém, nem mesmo a brancura do véu de Maria, que traçava uma linha clara sobre o fundo escuro. Levanta-se e lentamente aproxima-se da encherga.
...

Maria levanta a cabeça, como chamada pelo Céu, e ajoelha-se novamente. Oh, como isto é maravilhoso! Ela levanta a cabeça, que parece resplandecer com a luz branca da Lua, e é transfigurada com um sorriso angélico. Que é que ela vê? Quem é que ela espera? Que é que ela sente? Só ela poderia dizer aquilo que vê, entende e sente, na hora fulgurante da sua Maternidade.

Dou-me somente conta que à volta dela a luz cresce, cresce, cresce. Dir-se-ia que essa luz desce do Céu, que ela emana das pobres coisas que a rodeiam, que ela emana sobretudo dela própria. O seu vestido, de azul carregado, tem presentemente a cor dum azul de doçura celestial, de miosotis; as mãos e a cara parecem azuladas, como se estivessem debaixo do fogo de uma imensa e clara safira. Esta cor lembra-me, embora mais ligeiramente, aquela que observei no santo Paraíso, e também a da visão da chegada dos Magos. Ela difunde-se cada vez mais sobre as coisas e revela-as, purifica-as, comunicando-lhes o seu esplendor.

A luz desprende-se cada vez mais do corpo de Maria, absorve a luz da Lua, e dir-se-ia que atrai sobre ela tudo o que pode descer do Céu. Apesar disso, é ela que é depositária da Luz, aquela que gera a própria Luz ao Mundo. E esta radiosa, irresistível, imensa e eterna Luz Divina, que vai ser dada ao Mundo, anuncia-se como uma alvorada, um esplendor de luz, um coração de átomos luminosos que crescem, que rebentam como uma maré que sobe em ondas e desce em torrentes, desenrolando-se como uma vela.
...

Cada pedra é um bloco de prata, cada fissura uma claridade opalina, cada teia de aranha um brocado de prata e diamantes. Um lagarto gordo, entre dois blocos de pedra, parece um colar de esmeraldas esquecido por uma rainha; um cacho de morcegos gordinhos assemelha-se à preciosa claridade do ónix.

Do feno que pende da manjedoura, a parte mais alta já não é erva, são fios de prata pura e ondulam com a graça dos cabelos flutuando ao vento. A manjedoura inferior, em madeira grosseira, tornou-se um bloco de prata fulgurante. As paredes estão cobertas de um brocado, onde a brancura da seda desaparece debaixo dum bordado de pérolas em relevo. E o chão... o que é agora o chão? Um cristal iluminado por uma luz branca. As pedras parecem rosas luminosas, lançadas sobre o chão em sinal de homenagem; e os buracos, preciosas taças, donde se desprendem aromas e perfumes.

A luminosidade cresce cada vez mais e os meus olhos não a podem suportar. Nela, como absorvida por um véu de luz incandescente, desaparece a Virgem... e daí emerge a Mãe. Sim, quando a luz se torna suportável para os meus olhos, eu vejo Maria já com o seu encantador Filhinho nos braços!
...

José - que estava extasiado, rezava com tanta intensidade que se tinha abstraído de tudo o que o rodeava - estremeceu e, por entre os seus dedos com os quais tapava a cara, nota a filtragem duma luz desconhecida. Descobre o rosto, levanta a cabeça e volta-se. O boi de pé esconde Maria, mas ela chama-o carinhosamente: "José, vem".

José apressa-se, mas perante aquele maravilhoso espectáculo, pára, mas logo, como que acometido de profunda reverência, vai prostrar-se de joelhos diante do Menino ao colo de Maria.
...

Depois, Maria inclina-se e diz-lhe: "Toma, José". E ela oferece-lhe a Criancinha.

"Eu? A mim? Oh, não! Eu não sou digno!" José está trémulo e hesitante com a ideia de tocar no Deus Menino.

E Maria insiste, sorrindo: "Tu és muito digno. Ninguém o é mais que tu. É por isso que Deus te escolheu. "Toma-O, José, e segura-O enquanto eu procuro as faixas".

José, com muita delicadeza e reverência, estende os braços e agarra no Pequenino rechonchudo, que chora porque tem frio. Quando ele O tem nos braços, não insiste na intenção de O afastar de si devido ao respeito. Aperta-O contra o seu coração e desabafa, dizendo: "Oh, Senhor! Meu Deus!" E inclina-se para beijar os seus pezinhos, mas sente-os gelados.
...

José pega num grosso manto feito de lã azul, prepara-o e coloca-o na manjedoura. A primeira cama do Salvador está pronta. E a Mãe, com o seu cuidadoso andar, leva-O e coloca-O na manjedoura, cobrindo-O com o manto, que ela coloca também em volta da cabecinha nua aconchegada ao feno.

Só fica a descoberto o pequenino rosto, do tamanho de um punho, e os santos Esposos, extasiados e radiantes, admiram o primeiro sono de Deus Menino. O calor das lãs e do feno pararam o choro e trouxeram o sono ao doce Jesus...

Nota: Maria Valtorta foi uma mística italiana, falecida em 1961. Você pode ver maiores informações neste site. Ali se diz que nasceu em Caserta no dia 14 de março de 1897, filha única de um Oficial da Cavalaria e de uma ex-professora de francês, ambos lombardos. Criou e formou-se em várias cidades do norte (Faenza, Milão, Voghera) mostrando um caráter forte, ressaltados a capacidade humana e extraordinários dotes espirituais. Completou os seus estudos no prestigioso Colégio Bianconi de Monza. Durante a 1a. guerra mundial foi enfermeira “samaritana” no Hospital Militar de Florença, cidade em que morou por muito tempo e onde foi marcada pelas provas mais duras, provocadas pela terrível mãe, que por duas vezes infringiu um seu legítimo sonho de amor, e por um subversivo, que pela rua lhe desferiu uma paulada nos rins. Recobrou-se, em parte, com umas férias de dois anos em Reggio Calábria, junto a parentes ricos e dedicados. Em 1924 estabelecia-se com os pais em Viareggio, onde aplicou-se, na Paróquia, como delegada da cultura para os jovens de Ação Católica. No entanto, os seus sofrimentos aumentavam e a sua ascensão culminava em heróicas ofertas de si por amor a Deus e à humanidade. A sua verdadeira missão, aquela de escritora mística, amadureceu e desdobrou-se nos anos centrais da sua longa enfermidade, que a obrigou a estar de cama desde 1934 até à sua morte, ocorrida em Viareggio no dia 12 de outubro de 1961. Em 1943 [época em que foi tirada a foto ao lado], enferma há nove anos, Maria Valtorta aderiu a um pedido do confessor e escreveu a sua Autobiografia. Revelando o seu talento de escritora, preencheu, em um lance, sete cadernos para narrar sem reticências a própria vida, humana até à passionalidade, ascética até ao heroísmo. Logo em seguida dava início a uma produção literária prodigiosa. A maior obra de Maria Valtorta, publicada em 10 volumes, é "O Evangelho como me foi revelado". Estando sentada no leito, Maria Valtorta escrevia de seu punho em cadernos comuns, de um lance, sem preparar esquemas nem corrigir. Freqüentemente alternava a versão dos episódios da obra maior com aquela de outros argumentos, que teriam depois dado corpo às obras menores. Estas últimas foram publicadas – além do volume da Autobiografia – em cinco volumes: - três volumes de miscelânia intitulados Os cadernos (respectivamente dos anos de 1943, 1944, 1945-50); - o volume intitulado Livro de Azaria; - o volume das Lições sobre a Epístola de Paulo aos Romanos.

23 dezembro 2006

Um Capítulo Perdido...

Atualização em 28 de outubro de 2008: os links para "A lost chapter..." já não funcionam. Foram tirados do ar. Mas aqui vai um texto da Arquidiocese de Denver, sobre o conto.

C.S. Lewis, o famoso escritor britânico de As Crônicas de Nárnia, escreveu um interessante conto chamado "Xmas and Christmas. A Lost Chapter from Herodotus". Neste conto, ele relata as experiências de um povo bárbaro que vive num reino chamado Niatirb (anagrama de Britain, a Grã-Bretanha), e seus estranhos costumes de fim de ano.

Abaixo segue um ensaio despretensioso que está buscando trazer para o idioma português e também para o contexto do nosso tempo o excelente escrito de C.S. Lewis. Se você for fluente em Inglês, leia o texto no original.

"Muito além do nosso oceano, além do horizonte que podemos ver, existe uma terra distante - de costumes diferentes dos nossos -chamada Sabril. Esta terra é habitada por pessoas de idiomas e roupas mais ou menos similares aos nossos, os sabrileiros.

Mais ou menos no meio do verão, quando o calor começa a incomodar, eles tem uma grande festividade, chamada Latan, para a qual eles se começam a se preparar cerca de cinquenta dias antes. Primeiro de tudo, cada cidadão é obrigado a mandar para seus amigos e conhecidos um pedaço retangular de papel dobrado, com uma figura e com dizeres do lado de dentro, que na língua deles se chama Cartão de Latan. Mas as figuras de ditos papéis tem imagens de pássaros, arvores verdes com frutos brilhantes, ou ainda casas com o telhado coberto de neve, ainda que no Sabril neve praticamente não exista. Mas os sabrileiros insistem que estas figuras tem a ver com a festividade, guardando (como eu suponho) um certo mistério sagrado. Como todos devem mandar este tipo de papel, o mercado está inundado deles, e as pessoas compram e enviam.

Após comprar e enviar tantos quanto eles acreditem suficiente, eles voltam para casa e verificam que receberam papéis similares de outras pessoas. E se eles recebem um papel de alguém que eles também mandaram, eles jogam fora e agradecem os deuses que o seu trabalho está completo até o fim do próximo ano. Mas se eles recebem um Cartão de Latan de alguém que eles não mandaram, eles esbravejam e rogam pragas contra estas pessoas, e novamente saem no calor, enfrentado filas e filas para mandar para estes o seu pedaço de papel.

Eles também mandam presentes uns para os outros, sofrendo mais ou menos o mesmo que os cartões, ou pior. Para cada presente recebido eles precisam tentar adivinhar o valor do presente para poder retribuir com um presente de cifra aproximada, possam eles pagar ou não. E eles compram presentes para os outros que jamais comprariam para si mesmos. Os vendedores, entendendo o costume, colocam a venda todo tipo de tranqueira ridícula e inútil a venda como presente de Latan.

E durante estes cinquenta dias, cada vez mais apressadamente, as pessoas se atropelam nas lojas e lugares de compras, e também ficam cansadas de tantas coisas para carregar. Alguns homens se vestem com barbas postiças e roupas vermelhas, e ficam passeando pelo comércio.

E quando chega o dia da festividade eles dormem até tarde, tentando descansar das confusões do dia anterior. e na noite, comer cinco vezes mais do que comem normalmente e por vezes bebem mais o que durante o ano todo. No final da noite ou no dia seguinte, reconhecem o exagero que fizeram na comida ou nas despesas com os presentes. E estes são os costumes do Latan.

Porém poucos destes sabrileiros também tem um festival separado e para eles chamado Antal, que acontece no mesmo dia do Latan. E estes que guardam o Antal, ao contrário da maioria dos outros, acordam cedo no dia e vao para um templo, onde existe preparado uma cena sobre uma história de uma mulher justa que teve seu Filho numa manjedoura, cercada de animais e de pastores, adorando-O.

Mas eu um dia conversei com um dos sacerdotes destes templos,perguntando por que eles realizavam aquela comemoração no mesmo dia no Latan, o que para mim parecia inconveniente. Foi quando ele me respondeu que as pessoas estavam tão atordoadas pelo Latan que tinham esquecido das coisas sagradas. e que para eles não era possível mudar a data, embora muitos preferissem que o Antal nem existisse."

Quando ele me disse que o Antal e o Latan eram a mesma coisa, eu praticamente não acreditei. Primeiro por que as imagens dos papeis não tinham nada a ver com a história da criança nascida, e segundo por que os sabrileiros, não acreditando na religião da minoria, passariam por tanta confusão, comilança e bebedeira? Nenhum homem, desta ou de outra terra deve sofrer tanto e fazer tantas coisas por causa de uma coisa que ele não acredita".

Feliz Natal para todos!

22 dezembro 2006

Natal: a salvação veio de uma "gravidez não planejada"

"Maria, porém, disse ao Anjo: ‘Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum?’" (Lc 1,34)

Deus nos escolheu antes da criação do mundo (cf. Ef 1,4). Portanto, para ele, não há vida humana que não esteja no seu plano. Também a vinda de seu Filho ao mundo estava obviamente no seu plano.

E Maria, como todos os israelitas, ansiava pela vinda do Messias. Mas não estava absolutamente no plano da Virgem de Nazaré que fosse ela a mãe do Messias. Sua gravidez, planejada por Deus desde toda a eternidade, não havia sido "planejada" por ela. Surpreendida pelo anúncio do anjo, ela pergunta: "Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum?" (Lc 1,34). Aliviada com a resposta do anjo de que ela conceberia por obra do Espírito Santo, sem perder a virgindade, responde: "Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!" (Lc 1,38).

Assim, graças a uma gravidez "não planejada", mas aceita com amor, é que a salvação chegou ao mundo.

* * *

A expressão "planejamento familiar" — que a Igreja sempre tem evitado usar — dá a entender que o casal tem autonomia absoluta para escolher o número de seus filhos e o espaçamento entre eles. Essa idéia é falsa.

Na verdade, quem escolhe é Deus. Só ele é o Senhor da Vida. O que o casal pode e deve fazer é ficar atento aos sinais de Deus para descobrir qual é sua vontade, e pô-la em prática.

Dentro do matrimônio, a regra é gerar filhos. Não gerá-los é a exceção. É o que se conclui da seguinte passagem da histórica encíclica Humanae Vitae (1968), do Papa Paulo VI, falando sobre a paternidade responsável:

Em relação às condições físicas, econômicas, psicológicas e sociais, a paternidade responsável exerce-se tanto com a deliberação ponderada e generosa de fazer crescer uma família numerosa, como com a decisão, tomada por motivos graves e com respeito pela lei moral, de evitar temporariamente, ou mesmo por tempo indeterminado, um novo nascimento. (Humanae Vitae, n. 10)


Note-se como a Igreja elogia a família numerosa e como, ao mesmo tempo, só admite evitar um novo nascimento "por motivos graves" e com respeito pela lei moral. Jorge Scala, em seu livro "IPPF: a multinacional da morte", adverte para a mudança de mentalidade que veio com a pílula anticoncepcional:

A partir de 1965, e como conseqüência da entrada no mercado das pílulas anticoncepcionais, a fecundidade humana modifica-se radicalmente: antes da pílula existiam alguns métodos de regular eficácia para limitar os nascimentos; depois da pílula, requer-se uma decisão positiva para ter filhos... (1)


Nos dias de hoje, até entre os cristãos, gerar filhos tornou-se algo de excepcional na vida conjugal. Gerá-los, só depois de um cuidadoso "planejamento" .

Jorge Scala, em seu mesmo livro, cita Pierre Chaunu, que fala, em tom de poesia, sobre o valor da surpresa e do imprevisto na vida conjugal:

Nenhuma sociedade pode contentar-se com os filhos desejados; necessita primeiro e sobretudo dos filhos aceitados. O filho desejado não é o filho mais amado. Não se deseja um filho como se deseja um automóvel, uma roupa, um artefato; por uma razão muito simples: ninguém se separa de um filho como de um objeto. A relação que nos liga a ele durará por toda a vida. Sabe-se que a vida consta de muitos riscos. Isso é o que lhe dá seu sabor. Uma vida em que cada instante se desenvolve segundo o projeto do começo, seria mais triste que a morte. Na realidade, seria uma morte eterna. O risco de viver inclui o risco de transmitir a vida e isso requer a aceitação do risco... Ora, no filho que vai nascer, tudo é novo; é um pouco de si mesmo, um pouco da pessoa que se ama e um ser totalmente diferente [...], como ele mesmo, uma centelha de eternidade(2)

* * *

Continência periódica é a abstenção do ato conjugal durante os períodos férteis com o fim de evitar, por razões graves, uma nova gravidez. É vulgarmente conhecida como "método natural" de regulação da procriação. No entanto, ela não é só um "método", mas sobretudo uma virtude. Significa autodomínio e renúncia. Não pode ser vista como um meio eficiente de se evitar uma coisa indesejável chamada "filho". Não pode ser empregada com o mesmo espírito com que se usa um método anticoncepcional. Sobre isso, assim se exprimia o então Cardeal Karol Wojtyla, futuro Papa João Paulo II, em sua obra Amor e Responsabilidade:

A continência interesseira, ‘calculada’ desperta dúvidas. Ela, como qualquer outra virtude, deve ser desinteressada, concentrada na ‘retidão’ em si, não só na ‘utilidade’. [...] Se a continência deve ser virtude e não só ‘método’, no sentido utilitarista, não pode contribuir para a destruição da disponibilidade procriativa daqueles que convivem ‘maritalmente’ como esposos. [...] E por isso não se pode falar da continência como virtude quando os esposos aproveitam os períodos de infertilidade biológica unicamente para não ter filhos, e convivem só e exclusivamente nestes períodos para o próprio conforto. Proceder assim equivale a aplicar o ‘método natural’ em contradição com a sua natureza. Opõem-se tanto à ordem objetiva da natureza, como à essência do amor.(3)


Nas palavras de Dom Rafael Llano Cifuentes,

já que o matrimônio se ordena, por sua própria natureza, aos filhos, esta decisão [de praticar a continência periódica] só se justifica em circunstâncias graves, de ordem médica, psicológica, econômica ou social.(5)

Segundo ele, as razões médicas

poderiam reduzir-se a duas:

1º) perigo real e certo de que uma nova gravidez poria em risco a saúde da mãe;

2º) perigo real e certo de transmitir aos filhos doenças hereditárias.(6)
As razões psicológicas estão constituídas por determinados estados de angústia ou ansiedade anômalas ou patológicas da mãe diante da possibilidade de uma nova gravidez.(7)
As razões econômicas e sociais são aquelas situações problemáticas nas quais os cônjuges não podem suportar a carga econômica de um novo filho; a falta de moradia adequada ou a sua reduzida dimensão, etc.
Estas razões são difíceis de avaliar, porque o padrão mental é muito variado e porque se introduzem também no julgamento outros motivos como o comodismo, a mentalidade consumista, a visão hipertrofiada dos próprios problemas, o egoísmo, etc.(8)


Para evitar que o casal decida valer-se da continência periódica por motivos egoísticos, a Igreja dá aos confessores a seguinte orientação:
... será conveniente [para o confessor] averiguar a solidez dos motivos que se têm para a limitação da paternidade ou maternidade e a liceidade dos métodos escolhidos para distanciar e evitar uma nova concepção.(9)
Quem se casa, casa-se não apenas para ter filho, mas para ter filhos. O casal não pode ser mesquinho ao continuar a obra da Criação através da procriação. Sobre isso, assim se exprimiu Karol Wojtyla, na mesma obra acima citada:

A família é na realidade uma instituição educadora, portanto é necessário que ela conte, se for possível, vários filhos, porque para que o novo homem forme sua personalidade é muito importante que não seja único, mas que esteja inserido numa sociedade natural. Às vezes fala-se que é ‘mais fácil educar muitos filhos do que um filho único’. Também diz-se que ‘dois não são ainda uma sociedade; eles são dois filhos únicos’.(10)
Para refletir

Santa Gianna Beretta Molla, a médica italiana que em 1962 deu a vida heroicamente pela sua quarta filhinha, foi a décima filha de Maria Micheli e Alberto Beretta. Que teria acontecido se esse casal tivesse decidido "evitar filhos" a partir do segundo ou terceiro nascimento?

Anápolis, 18 de dezembro de 2006.

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz
Presidente do Pró-Vida de Anápolis

(1) SCALA, Jorge. IPPF: a multinacional da morte. Anápolis: Múltipla Gráfica, 2004. p. 81.
(2) Ibidem. p. 279.
(3) WOJTYLA, Karol. Amor e responsabilidade: estudo ético. São Paulo: Loyola, 1982. p. 215-216.
(4) Presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB.
(5) CIFUENTES, Rafael Llano. 274 perguntas e respostas sobre sexo e amor. 2. ed. Rio de Janeiro: Marques Saraiva, 1993. p. 141.
(6) Loc. cit.
(7) Loc. cit.
(8) Loc. cit.
(9) PONTIFÍCIO Conselho para a Família, Vade-mécum para os confessores sobre alguns temas de moral relacionados com a vida conjugal, 1997, n.º 12.
(10) WOJTYLA, Karol. Amor e responsabilidade: estudo ético. São Paulo: Loyola, 1982. p. 216.

Fonte: Veritatis Splendor

Veja também a matéria: Poucos Filhos: crise do amor e da esperança

21 dezembro 2006

Cuidados com as crianças no verão

E, finalmente, o verão... É nessa época que devemos reforçar nossos cuidados com nossos filhos, pois são mais freqüentes casos de intoxicação alimentar, insolação e desidratação.

Com as altas temperaturas - os termômetros já marcaram até 40ºC no RJ nesses últimos dias! - os alimentos se deterioram mais rapidamente e se ingeridos podem causar diarréia, que se persistir por muitos dias, pode levar a desidratação infantil.

Como as crianças freqüentam piscinas e praias mais assiduamente, é comum ingerirem água contaminada que também pode causar diarréia. E por ficarem muito tempo expostos ao sol não estando devidamente protegidos, podem apresentar insolação.

Algumas dicas para a saúde das crianças nesse período:

· Ofereça sempre líquidos ao seu filho, de preferência água filtrada ou fervida, água de côco e suco de frutas à vontade;

· Sirva-lhe uma dieta mais leve, rica em verduras e legumes, evitando frituras e alimentos com conservantes e corantes;

· Se achar que a aparência e odor do alimento a ser servido a seu filho está diferente, não o sirva;

· Várias bactérias que causam diarréia não alteram as características do alimento, portanto saiba sua procedência e se é fresco;

· Ofereça-lhe uma dieta fracionada, ou seja, seu filho poderá fazer até 06 refeições por dia (café da manhã, lanche, almoço, lanche, jantar e ceia); · Deixe seu filho com roupas leves (de algodão);

· Coloque chapéu ou boné;

· Evite sol entre 10h e 15h;

· Faça uso do protetor solar a cada 2 horas e/ou a cada banho de piscina/mar;

· Em caso de aparecimento de diarréia, ofereça-lhe muita água filtrada ou fervida, ou soro caseiro (copo de água com 1 pitada de sal e uma colher de chá de açúcar) e procure um médico.

19 dezembro 2006

Como você quer que seu filho lembre o Natal de 2006?

Você já reparou que as crianças, muito comumente, adoram brinquedos simples e se enfadam rapidamente com os mais sofisticados? Os valores dos adultos não são os da criança. O texto abaixo nos convida a dar importância a coisas aparentemente menores no Natal, mas que fazem a diferença. Não seria difícil nos darmos conta disso: basta pensarmos "que alegria mais gostosa eu guardo na lembrança das noites de natal?". A maioria esmagadora das pessoas não se recorda dos presentes, mas da família reunida, da beleza da noite santa.

Antes de você ler o texto, convido a refletir que Natal é Jesus, e todos os detalhes da festa devem nos ajudar a tratar com carinho o bebê pelo qual céus e terra foram feitos.

E, depois de ler, considere a sugestão de resolução concreta que apresentamos ao final do texto.


O valor do Natal



Como já terminou o ano escolar, as crianças pedem um prêmio porque entregaram os boletins escolares e se qualificaram para a próxima série. Normalmente meu filho pede que eu lhe compre brinquedos ou coisas que o atraem, e normalmente eu não compro, não só porque às vezes excede o preço que posso pagar, mas também porque o deixo como um desafio para o filho de que se ele realiza isso bem, então ganhará um prêmio.

Em um destes dias de muito calor eu ia de carro com meu filho quando passamos em frente a uma sorveteria, e ele me pediu que lhe comprasse um sorvete porque terminaram as aulas. Um sorvete é o presente mais barato que alguém pode dar ao filho, e não necessita que se espere o fim das aulas para dá-lo. Porém me chamou a atenção a expressão de alegria no meu filho só porque eu aceitei a proposta.

Depois de eu lhe comprar o sorvete, ele me agradeceu e disse em voz alta: "Que férias legais vou ter dessa vez !". Me surpreendi com o que um simples sorvete podia fazer. E então pensei nos valores que inculcamos em nossos filhos para este Natal.

Será que nossos filhos gostam dos detalhes do Natal, preparar o presépio, pôr os enfeites, preparar o pasto para as ovelhas, fazer juntos em família o presépio, preparar a estrela de Belém com papéis brilhantes. Ou será que vamos em uma loja, compramos o presépio e mandamos a empregada colocar em um canto da casa, ou talvez o montemos sem grande interesse.


De: Alicia ABZ, no site Encuentra.com

Sugestão de resolução concreta para você colocar em prática essas belas coisas no natal:

A partir do dia 23 de dezembro, não se dedique mais às compras de final de ano. Reserve suas energias para rezar, contar a história do natal a seus filhos, ensinar uma canção natalina para eles (cantem juntos!). Fuja da dispersão das ruas. Procure o silêncio interior. Ali você poderá escutar o balbucio do Menino Jesus. Você vai ver que natal maravilhoso vai passar!

18 dezembro 2006

Jesus sim, Igreja não?

"Padre: para mim o não crer na Igreja não significa que eu também não creia em Jesus. Ademais, creio que se Jesus retornasse novamente à Terra destruiria todas as igrejas e as criaria novamente. Porém, por não 'crer' na Igreja, não significa que eu deixo de crer em Deus. Tento seguir ao máximo os passos do meu Criador'".

São palavras enviadas ao Pe. Jordi Rivero, cuja resposta foi publicada em espanhol no site Corazones.com, e traduzida pela equipe do site Veritatis Splendor.


Essa é uma postura muito difundida, e são vários os motivos pelos quais ela é tão popular:

  • o relativismo religioso - pelo qual cada um se pauta pelas próprias opiniões a respeito da fé. Como acima, "para mim"...
  • a aproximação individualista à experiência religiosa - pela qual, esquece-se o aspecto social do próprio ser humano. Ao contrário do que pode parecer, uma experiência "pessoal" com Deus envolve tanto o aspecto individual como comunitário do ser humano, pois a pessoa humana é criada à imagem e semelhança do Deus "uno" e ao mesmo tempo "trino". Procurar Deus fora da comunidade dos fiéis é amputar a experiência verdadeiramente "pessoal"
  • os pecados dos membros da Igreja - pelos quais muitos são tentados a ver na Igreja uma instituição meramente humana e cheia de defeitos
  • e essas são algumas das causas possíveis para esse fenômeno.

Diante deste cenário, cabe-nos - a nós, famílias católicas - reafirmar com força, alegria e altivez: "Creio na Santa Igreja Católica"! É que a família cristã é "igreja doméstica" e a relação conjugal que lhe dá origem possui uma participação muito especial no "grande mistério" da relação entre Cristo e sua Igreja. Esse artigo pode nos ajudar a entender as razões de nossa esperança.

(a imagem que ilustra essa matéria simboliza a totalidade da Igreja: a que hoje combate na terra, a que hoje padece no purgatório e a que hoje já triunfa no céu).

14 dezembro 2006

Educar para a sobriedade

A organização dos pertences de seu filho é fundamental para educá-lo na sobriedade e no equilíbrio. Essas virtudes podem parecer abstradas para os pequenos, mas uma forma concreta de conquistá-las é levando a criança a adquirir o hábito de organizar seus brinquedos e seu quarto, evidentemente de maneira adequada para cada idade. Ajudamos a organizar seu interior a partir das coisas exteriores.


Um quarto bagunçado acaba bagunçando a cabeça da criança. O hábito de deixar as coisas em ordem dá paz à pessoa, e a conduz a uma disciplina libertadora porque a torna dona de si mesma. Isso porque, normalmente, a desorganização é fruto da preguiça - aquela resistência ao esforço, que nos leva a procurar fazer tudo e somente o que é cômodo e agradável. Habituando a criança a resistir, por um momento, ao ímpeto de brincar para organizar o que bagunçou, vamos ajudando a ordenar as paixões e desejos, a colocar prioridades, a viver a caridade para com os outros membros da família (especialmente as mães!).

Para isso, é preciso que nós mesmos nos eduquenos na organização. Aqui também se aplica o ditado: os defeitos dos filhos são filhos dos defeitos dos pais. Se vamos nos habituando a deixar tudo para depois, deixando um copo sujo aqui, um sapato jogado ali, uma toalha molhada acolá, uma capa de DVD aberta sobre o móvel, uma lâmpada queimada, a pasta de dentes destampada... dificilmente criaremos as condições para nossos filhos experimentarem a liberdade interior que nasce da temperança. Se vierem a se tornar organizados, isso acontecerá apesar de nós, e não por causa de nós.

Em um ambiente cultural marcado pelo hedonismo, pela busca do prazer fácil (uma das raízes do problema das drogas, do baixo rendimento escolar, da apatia da juventude, etc.), é preciso nadar contra a corrente apontando a alegria da virtude cardeal da temperança, pela qual ordenamos o impulso ao prazer e usamos equilibradamente os bens. Podemos traduzir temperança por sobriedade, equilíbrio, autodomínio, liberdade, paz interior.

Eis aí um desafio educativo para os pais! E é sempre bom lembrar que pela educação os pais prestam um serviço aos filhos, concretizando nossa vocação ao amor, entendido como dom sincero de si mesmo (Gaudium et spes, 24). Portanto -e atenção!-, quando exigimos que o filho arrume seu quarto não podemos perder de vista que se trata de um serviço: é nossa tarefa específica ajudá-los a conquistar a liberdade interior, para que possam viver a vida cristã em plenitude. Assim, não percamos o foco, pois nossas exigências não podem ter em vista apenas o benefício imediato que a disciplina pode propiciar para nós, e sim os benefícios que serão trazidos a longo prazo para nossos filhos. Irritação, gritaria, chantagem para que eles sejam disciplinados revelam aquilo que está no coração da mãe ou do pai, e muitas vezes significa perda do horizonte e egoísmo. É evidente que a temperança dos filhos traz benefícios para os pais, mas não é isso que devem procurar em primeiro lugar. Aqui podemos pensar no que ensinou o Senhor: "Procurai, antes, o reino dos céus, e tudo mais vos será dado por acréscimo".

Vale a pena colocar em prática algo que já vi em vários escritórios e demais lugares de trabalho, como que regras de boa convivência, e que podem ser adaptados à vida familiar:

Você abriu, feche
Acendeu, apague.
Ligou, desligue.
Desarrumou, arrume.
Sujou, limpe.
Está usando algo, trate-o com carinho.
Quebrou, conserte.
Não sabe consertar, chame quem saiba.
Para usar o que não lhe pertença, peça licença.
Pediu emprestado, devolva-o.
Não sabe como funciona, não mexa.
É de graça, não desperdice.
Não lhe diz respeito, não se intrometa.
Não sabe fazer melhor, não critique.
Não veio ajudar, não atrapalhe.
Prometeu, cumpra.
Ofendeu, peça perdão.
Falou, assuma.
Assim, viverás melhor.

09 dezembro 2006

Doeu mais do que depilação

Estes dias, fui a uma depiladora, e como sempre o papo aparece naturalmente, até mesmo pra diminuir a atenção sobre a dor que a gente sofre. É difícil ser mulher!

Pior do que a dor que eu sentia na depilação foi ouvir um absurdo tão grande da profissional, que me fez pensar em algumas coisas.

Na conversa, quando perguntei se ela tinha filhos, ela me disse com toda a certeza: “quando tiver trinta anos, vou ter uma produção independente.” Não deu para segurar, foi mais forte que eu, caí na gargalhada.

Quando me viu rindo, perguntou: “o que foi?”. Então respondi: “Por que aos trinta e não aos trinta e um ou aos vinte e nove?” Ela sem jeito não sabia me dar uma razão por tal decisão.

Neste momento, eu que há pouco me tornei mãe, fiz ela pensar em algumas coisas. Primeiro que uma decisão pra ter um filho não pode ser tão infundada e tão sonhadora. Segundo que não dá para ser independente, porque sempre precisamos de alguém para nos ajudar, ainda mais na vida de um filho. Expliquei para ela, que para eu estar naquele momento me depilando, estava contando com a ajuda, muito gentil, de uma vizinha para olhar meu filhote.

O que na verdade me espantou foi a completa ilusão ou imaturidade, que aquela jovem de pouco mais de vinte anos, já uma profissional, tem a respeito do seu futuro, da sua vida.

Será que os jovens hoje estão mais anestesiados com as verdadeiras preocupações da vida, ou simplesmente fazem dela um acaso?

07 dezembro 2006

Um aniversário sem aniversariante?

Essa semana saiu uma notícia no “O Globo” que dizia: “Para os internautas, o Natal é cada vez mais, um evento comercial”. Das 1.169 pessoas que opinaram entre o 17 e 23 de novembro, 86% fazia mérito ao titular da notícia. Por outro lado, quando foi lhes perguntado o que era o primeiro que lhes vinha à mente quando pensavam no Natal, quatro em cada dez respondeu que “Papai Noel” e pelo contrário, o nascimento de Cristo ocupou só o quarto lugar entre as menções. Outro dado interessante: o 79% que respondeu a pesquisa não sabia qual era o verdadeiro motivo da celebração.

Alguma vez celebramos um aniversário sem saber quem era o aniversariante? Parece que isto está ficando de moda. As pessoas estão antecipando os presentes e as celebrações de Natal sem saber o que celebram! Embora pareça ilógico, a realidade fala disto. Acredito que este fenômeno não evidencia somente um problema religioso, mas também uma falta de reflexão em geral. Como celebrar se não sei o que estou celebrando? por que me alegrar se não sei qual é o motivo? O comércio, as luzes, os presentes, e todo o ambiente festivo levam as pessoas a alegrar-se, mas não são poucas as que não sabem por que celebram.

Quando na escola ou universidade se ensina a abordar um tema ou fazer uma investigação, o primeiro que se ressalta é: qual é o aspecto mais importante disto? o que é o essencial?, para depois ocupar-se dos detalhes de tal forma que os elementos acessórios ajudem a esclarecer e aprofundar naquilo que é central.

Com o Natal parece que acontece o contrário. As pessoas já não param para pensar o que é o mais importante desta festa, mas se concentram naquilo que adorna, que é acessório e que deveria contribuir a enriquecer a compreensão do essencial. Assim, terminam fazendo da celebração uma realidade vazia, sem sentido. Alguns a chamam simplesmente de “festa da paz” ou “festa da família”, mas sem saber por que. Não que o Natal não celebre a paz ou que não seja uma instância para que toda a família se reúna, mas isto tem um sentido mais profundo e que lhe dá consistência: o nascimento do Reconciliador da humanidade, o Senhor Jesus.

Por que foi tão fácil e rápido o esquecimento? O consumismo, a rapidez da mudança, as múltiplas ofertas que se oferecem evidentemente influenciam com força. Mas este fenômeno não seria tal se existisse maior reflexão e consciência cristã da realidade. Basta nos perguntar: o que celebramos? ou qual é o sentido da festa? para recordar que o Natal é Jesus e que sem Ele, o aniversário não tem aniversariante.

A celebração natalina é efetivamente uma festa de paz, de reconciliação e particularmente uma festa familiar. E isto é porque nos alegramos pelo dom do nascimento daquele que veio para nos trazer a harmonia que necessitamos, a paz que deseja o coração e o amor sem limites de Deus que não mede forças para que sejamos felizes. Como não nos alegrarmos imensamente por isso? Natal é Jesus!

04 dezembro 2006

6 de dezembro: viva Papai Noel!

Há casais cristãos que, no intuito de ensinarem a seus filhos o verdadeiro sentido do natal (Jesus Cristo), fazem de tudo para que eles esqueçam a figura de Papai Noel (os amigos portugueses, que tanto visitam essa nossa página, chamam de Pai Natal). Será essa a melhor opção?

Não me parece que isso seja possível, e talvez nem mesmo necessário, até porque há algo de bom nesse velhinho: ele representa a figura real de São Nicolau, bispo que viveu no século IV. Em informações colhidas em vários sites da internet, era um santo muito querido na Idade Média. Quando da reforma protestante, sendo proibido aos cristãos de certos países a veneração por santos católicos, as famílias continuavam a contar a história para seus filhos, já não agora chamando o santo por seu nome (talvez para evitar sanções das autoridades), mas com nomes como Pere Noel e Christ Kindle. Os EUA receberam a figura de São Nicolau de imigrantes alemães (que o chamavam Sinter Klaas), sendo que em Nova York passou a ser chamado de Santa Claus.

Ora, se é assim, estamos diante de uma grande oportunidade de evangelização! Para evitar o total desvirtualmento do Natal - como apontou minha amiga Patrícia em post recente - , creio que a melhor opção é vincular essa figura ao Menino Jesus, fonte da caridade em que se inspirou São Nicolau. E nada melhor do que o dia 6 de dezembro para isso, data em que a Igreja o celebra.

Há uma igreja no Rio de Janeiro que, no ano passado, fez um belo presépio e colocou a figura de Papai Noel, em tamanho natural, ajoelhado diante do Menino e de Sua Mãe. Uma imagem surpreendente e que levou muitos visitantes a se ajoelharem comovidos ao lado da escultura, contemplando (certamente, em comunhão com S. Nicolau), o Verbo feito carne.

Outra bela imagem é a figura que ilustra essa postagem. Papai Noel vem chegando, com o maior dos presentes nos braços. Dessa forma, vamos incutindo em nossos filhos e em todas as pessoas a centralidade de Jesus Cristo. Do encontro com ele, nasce a caridade, simbolizada pelo Papai Noel.

Há também um lindo desenho animado que vale a pena comprar: "Papai Noel: a verdadeira história" conta a história de Nicolau, um garoto que amava e cuidava dos pobres e que posteriormente se tornaria Bispo da Igreja Católica. Eu já encomendei o meu, e espero vê-lo em breve com toda a criançada do meu grupo de Nazaré. É belo ver como o menino cresce, e já adulto é preso até sair da prisão velhinho, vestido de vermelho e disposto a voltar a fazer o que seu coração lhe mandava desde pequeno: dar presentes no natal.

Também fica a sugestão para quem gosta de se vestir de Papai Noel para colocar algum símbolo cristão, como uma cruz bem visível sobre o peito.

Por fim, veja abaixo o trailler (em inglês) de um filme que será lançado em breve, contando a história de São Nicolau. O trailler e outras informações você pode encontrar na matéria abaixo. Imperdível!

Penso que é com esses e outros recursos que vamos abrindo o espaço para que o Senhor Jesus retome o lugar central em nossas celebrações.
Filme: Saint Nicholas of Myra




Trailler de um novo filme sobre São Nicolau. Veja maiores comentários na matéria "6 de dezembro: viva Papai Noel!"

Para maiores informações sobre o filme, clique aqui.

03 dezembro 2006

Nossa atitude na Santa Missa

Texto de nosso querido amigo Joathas Bello, do Movimento de Vida Cristã do Rio de Janeiro. O matrimônio cristão se sustenta na força da Eucaristia. É vivendo "o mistério da fé" que seremos como a Sagrada Família de Nazaré. Além disso, se queremos educar nossos filhos na vida cristã, precisamos viver profundamente o mistério do Sacramento da Eucaristia.


A Santa Missa é a atualização do Sacrifício do Senhor Jesus na Cruz. E nossa postura, durante a celebração eucarística, deve ser a de quem contempla esse mistério infinito de amor, de dor e alegria à vez: alegria pela redenção obtida, e dor pelo modo como foi obtida, a preço do Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo; em suma, uma alegria contrita, profunda, que não nos impeça, por excesso de barulho exterior, de mergulhar no Mistério que se atualiza diante de nós, a fim de que possamos beber, diretamente da fonte de nossa Redenção, a graça necessária à vida cristã no dia-a-dia.

Diante do Sacrifício de Cristo, então, devemos nos colocar na situação da Virgem Maria, do Apóstolo Amado, de Madalena... ao pé da Cruz, compadecendo-nos das dores de Nosso Amado Senhor Jesus, com os sentimentos e atitudes que Nossa Mãe portava naquela Hora: dor pelos pecados dos homens – nossos pecados – que rejeitavam Seu Filho inocente; alegria e esperança porque a redenção se realizava e a Cruz e a morte não teriam a última palavra, e sim a Ressurreição e a Vida.

Muitos provavelmente estarão pensando que "Jesus ressuscitou", que a "Missa não tem de ser triste", que "a Missa (também) é um banquete", etc. É certo que há uma parte de verdade nessas afirmações, mas são verdades incompletas: diante da própria ressurreição devemos ter uma atitude de "assombro" (lembremos Maria Madalena, se ajoelhando, e o Senhor dizendo "não me retenhas"); uma atitude contrita, sóbria, reverente, não é sinônimo de tristeza; e só pode participar do Banquete do Cordeiro quem passa pela sua Cruz.

O clima de excessiva festa não ajuda a contemplar o Mistério da Cruz: a Missa é, essencialmente, da parte dos fiéis, contemplação da Cruz – ao contrário do que se pensa, a contemplação é a atividade mais plena, mais "ativa" do ser humano, um concentrar de todas as suas forças naquilo que se contempla – no sacrifício atualizado pelo sacerdote (e todos os esforços para ajudar à "participação ativa" devem levar em consideração essa verdade sobre a contemplação da Cruz). Os gestos e os cantos devem nos ajudar a ter a correta disposição interior contemplativa: não devem expressar nem uma alegria superficial, nem um sentimentalismo piegas, mas uma alegria profunda, que não condiz com a música barulhenta, sensual (dançante), com o bater de palmas.

Pode-se dizer: "ah, mas o Glória é um Hino de Louvor, o Aleluia e o Hosana do Santo nos falam que se trata de cantos que devem ser bem animados". Lembremos, em primeiro lugar, que "louvor" não é sinônimo de "algazarra", mas de profunda comoção interior, e que o Glória é um hino que se origina no Natal, e que esse canto deveria gerar em nós as disposições que teríamos se contemplássemos a manjedoura (que não deixa de ser uma prefiguração da cruz). Depois, que "animação" é sinônimo de "vida", e a vida que está em jogo na Liturgia é, antes de tudo, nossa vida espiritual, e todos os gestos e atitudes exteriores (como o cantar, o ficar de pé ou ajoelhar-se) devem nascer do fundo de nossa intimidade, e não apenas de um gesticular os braços e articular as cordas vocais e os lábios que estejam desarticulados ou em desarmonia com um coração que adora reverentemente a Deus. O Santo, por exemplo, recorda a visão de Isaías, do Deus "Três vezes Santo" (uma alusão à Trindade), uma visão que deveria nos encher de comoção e maravilha; recorda também a alegria do Domingo de Ramos, que não pode ser uma alegria entusiástica, pois o Senhor está entrando na cidade santa para entregar-se amorosamente – na Missa, o sacerdote está iniciando a Oração Eucarística, na qual o Senhor, por suas mãos, se entrega ao Pai, na mesma entrega do Calvário.

Esperamos que essas pequenas indicações, com o intuito de ajudar a que se tome consciência do valor da Santa Missa e, em decorrência, de qual deve ser nossa atitude interior e postura exterior na mesma, possam ajudar a uma participação "frutuosa" na Sagrada Liturgia, como pede o Concílio.

01 dezembro 2006

Pingüins

Ontem assisti a um filme que inicialmente não me chamou muito a atenção. Por que me interessaria pela vida dos pingüins? Porém, com a insistência de algumas indicações, fui à locadora e tomei coragem!

Durante o filme, fui me vendo encantada com a história desses pequenos animais e com a forma séria e dedicada que eles se dão a seus filhotes.

Realmente é impressionante ver como os animais em muitas situações parecem mais “humanos” do que muitos de nós.

O carinho com o cônjuge, a dedicação pela vida e o respeito intacto pela sua existência, me fizeram pensar em como eles são muito melhores na convivência animal, do que a relação pessoal de muitos conhecidos meus com sua família.

Numa geração individualista e egoísta fica difícil a gente ver algum homem se dedicando a sua esposa e filhos como os pingüins, fica difícil ver mulheres deixando seus projetos pessoais para a dedicação completa a seu filho e não cometendo os absurdos do aborto.

Um filme realmente pró vida, e que faz pensar... Será que eu não sou mais que um pingüim? Por que então não tenho mais respeito pela família que Deus me concedeu?

Um filme diferente, que não é um documentário, mas que ensina e muito a gente a viver melhor!