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28 novembro 2006

Por que o Natal existe?

Conversando, semana passada, com uma amiga, que é professora de uma série da educação infantil, fiquei assustada com o seu relato. Ela me dizia que ao perguntar para a sua turma quem havia nascido no Natal, mas da metade da turma havia dito que tinha sido Papai Noel.

Afinal, de onde vem essa história do bom velhinho, como foi criada?

Papai Noel foi inspirado em São Nicolau Taumaturgo, Arcebispo de Mira, no século IV. Nicolau costumava ajudar, anonimamente, quem estivesse em dificuldades financeiras. Colocava o saco com moedas de ouro a ser ofertado na chaminé das casas. Foi declarado santo depois que muitos milagres lhe foram atribuídos. Sua transformação em símbolo natalino aconteceu na Alemanha e daí correu o mundo. (fonte:Wikipedia)

Esse símbolo do Natal hoje perdeu o seu real significado, o do século IV. O símbolo de ajuda, de doação se desvirtuou com o consumismo que há hoje.

O Natal virou apenas um momento onde as crianças esperam os presentes mais caros, que pediram aos seus pais durante todo ano; onde as pessoas pensam em que roupa vão usar na noite de Natal; o que vamos comer na ceia de Natal; onde será a ceia. Mas espere aí! Ceia porque? O que estamos comemorando mesmo? Afinal porque estamos reunidos?

Aí percebemos, estamos em um mesma mesa, nos encontramos em família, com os que mais amamos para comemorar o Natal, o nascimento do Senhor Jesus, o nosso Salvador, Redentor, que morreu pagando pelos meus e pelos seus pecados, sendo inocente, que morreu por nos amar demais, morreu para que nós vivamos e vivamos eternamente.

Pois é, sem nos lembrarmos Dele, não existe Natal. É um aniversário onde o aniversariante faltou. Que estranho! Que raro! Isso é impossível! Não podemos comemorar sem a presença do aniversariante. Mas infelizmente é isso que acontece em muitos lares na noite de Natal.

Então vamos pedir a Ela, a Virgem Maria, a primeira que O aceitou, a mãe do Senhor Jesus, que traga ele para dentro dos nossos corações e assim no dia de Natal entenderemos o porque de estarmos reunidos, o que estamos comemorando e o principal, saberemos Porque existe o Natal.

P.S: Só por curiosidade, ontem saiu uma matéria dizendo que na Alemanha, país onde Papai Noel originalmente se transformou como um símbolo do Natal, agora quer proibir a figura do Papai Noel, justamente pelo apelo consumista...

27 novembro 2006

O que está faltando?


Quando leio artigos como o abaixo, sobre certos pais que vêem os filhos como um "erro", ou um dano, ou quando vejo notícias diárias sobre o desrespeito a vida, tal como podemos ver também no artigo Aborto Liberdade ou Tirania?, fico pensando... o que está faltando? Quando vejo pessoas pensando em colocar preço (ou encarar como custos os filhos), a pergunta que me vêm a cabeça é a mesma...

O que você acha que está faltando?

24 novembro 2006

"Dano" ou "Dom"?


Como pai e como professor de Direito, fico estarrecido diante da notícia de que um casal pretende indenização por danos morais porque o preservativo teria falhado e desse "evento danoso" foi concebido um filho. Fico me perguntando se um filho é um dano ou um dom...

O juiz de primeira instância julgou procedente o pedido. Mas não deixe de ler a manifestação de um desembargador, do Tribunal de Justiça de MG, que reverteu a situação. Agora, o assunto foi parar no Supremo.

19 novembro 2006

O rosário em família


"Do mesmo modo que, quando a vinha floresce, as serpentes fogem para longe, assim os demônios fogem das almas que exalam o perfume da devoção a Maria" (São Bernardo de Claraval).

O rosário é uma das melhores orações para serem feitas em família, pois tem uma estrutura muito simples e pode ser feita em qualquer situação (há famílias que aproveitam para rezar o rosário quando estão viajando no carro, há pessoas que rezam enquanto fazem exercícios físicos...).

Se você quer conhecer como se reza o rosário, clique aqui.

É muito recomendável que os casais encontrem o tempo necessário para rezarem o rosário em família. Para isso, convido você a essas singelas considerações sobre a oração em geral, e sobre o rosário em particular:

1. Como muitos erroneamente pensam, a oração cristã não é uma simples operação psicológica ou um esforço de concentração para se chegar ao vazio mental. É, pelo contrário, um diálogo com o Deus vivo.

2. A oração é um mistério que ultrapassa nossa consciência e nosso inconsciente. Daí que sua "eficácia" não pode ser medida por critérios verificáveis pela razão, pela ciência, nem pode ser colocada dentro dos padrões de produção e rendimento. Deus realmente ouve nossa oração, mas nem sempre da maneira como gostaríamos, pois ele quer nos dar muito mais do que ousamos pedir.

3. A oração não está em contradição com a ação. Ela não está divorciada da vida cotidiana. Equivocam-se aqueles que pensam que a oração é uma fuga da realidade e que, portanto, o mais importante seria se dedicar inteiramente à ação.

4. A oração não é fruto apenas de nossa vontade, pois também procede do Espírito Santo. É dom de Deus, e não uma conquista humana que se aperfeiçoa tão somente através de métodos e técnicas.

5. Não devemos desanimar diante de nossas distrações na oração. Como ensina o Catecismo, uma distração nos revela aquilo a que estamos amarrados e essa tomada de consciência humilde diante do Senhor deve despertar nosso amor preferencial a Ele, oferecendo-lhe resolutamente nosso coração para que ele o purifique. Aí se situa o combate; a escolha do Mestre a quem servir. Não podemos cair no erro de perseguir obsessivamente a distração, pois isso seria cair em sua armadilha.

6. Muitos pensam que a oração do rosário é repetitiva, monótona. Mas na cadência das Ave-Marias, somos levados pelas mãos de nossa Mãe à contemplação do rosto de Cristo. É como quando nos colocamos diante do mar: a repetição das ondas nos conduzem à meditação. No terço é algo ainda maior: à medida em que vamos rezando, vamos também penetrando no mistério de Cristo. Não de um forma qualquer, e sim da forma como a própria Mãe de Deus o contempla.

7. A oração do rosário pode ser resumida nisso: é contemplar o rosto de Cristo com os olhos de Maria.

Aquele que persevera nessa devoção não leva muito tempo para perceber o quanto de progresso espiritual consegue.

17 novembro 2006

A História do Nascimento

É extremamente interessante que os filmes com conteúdo católico estejam voltando a cena. Tenho a impressão que A Paixão, de Mel Gibson, abriu um caminho importante neste sentido.

The Nativity Story, (ou a História do Nascimento, como poderia ser traduzido) terá sua primeira exibição no Vaticano no fim do mês, e deve chegar ao Brasil no fim do ano.

Você poderá visitar o site e acessar os trailers (muito bons) clicando aqui. A dica foi do Rafael de La Piedra.

TV atrapalha o sono das crianças

Em reportagem de Jeffrey Kluger, a edição on line da revista Time (02/06/06) publicou que as crianças dormem melhor se assistem menos televisão.

Essa foi a conclusão de um novo estudo finlandês, veiculado no Journal of Sleep Research . Os pesquisadores analisaram 321 pais de crianças entre cinco e seis anos, com o objetivo de identificar os hábitos familiares em relação à TV e os efeitos que causam no sono das crianças.

De acordo com a reportagem, todas as famílias do estudo tinham ao menos um televisor em casa e o mantinham ligado por cerca de 4.2 horas por dia. As crianças assistiam em torno de 1.4 horas e estavam expostas passivamente a outras 1.4 horas. Em 21% dos lares, as crianças tinham TV no quarto.

O estudo ressaltou que quanto mais tempo a criança assiste ou está exposta às imagens televisas, mais problemas terá para dormir, acordar e evitar o cansaço durante o dia.

Contudo, os especialistas afirmam que nem todo modo de assistir TV tem o mesmo impacto. Assistir sozinho ou durante o horário de dormir causa maior mal.

De acordo com o estudo, os pais devem limitar o número de horas que as crianças assistem TV e manter o aparelho desligado o máximo possível.


Eduardo Gamam, jornalista, publicitário e mestrando em Letras pela USP.
Fonte: Portal da Família

12 novembro 2006

Aborto: liberdade ou tirania?


Temos recebido muitas visitas de amigos portugueses. Naquele país, está sendo preparado um referendo a respeito do aborto. Por isso, publicamos aqui um artigo de nossa autoria aparecido no jornal Tribuna de Petrópolis há alguns meses.

Recentemente, foi publicado na Tribuna um artigo sobre o chamado “direito à maternidade”, defendendo a legalização do aborto a partir dos chamados “direitos reprodutivos”. Cuida-se de um tema que deve ser tratado com cautela, para que em seu nome não sejam cometidos atentados contra os direitos humanos, especialmente daqueles que não podem decidir por si mesmos diante da arbitrariedade dos que podem decidir.

Acreditamos que uma adequada perspectiva para interpretar tais direitos reprodutivos é o daquilo que chamaremos de “ecologia humana”. Assim como o meio ambiente é dotado de uma realidade objetiva, que deve ser respeitada, sob pena de se gerar os mais graves desequilíbrios ecológicos, também o próprio ser humano possui uma realidade que ultrapassa a arbitrariedade do poder e do domínio. Assim como todos os elementos de um ecossistema devem ser mantidos em harmonia para que todo ele se desenvolva adequadamente, também os elementos típicos do homem devem ser vistos em harmonia e não em oposição um ao outro.

Destacamos, aqui, dois desses elementos: a liberdade e a solidariedade. Os direitos e deveres humanos devem visar a que cada homem seja, ao mesmo tempo, livre e solidário. O equilíbrio entre direitos e deveres aponta para uma liberdade solidária assim como uma solidariedade na liberdade.

Os direitos reprodutivos não seriam adequadamente concebidos se a liberdade dos que podem decidir (mãe, profissionais de saúde, etc.) servisse como pretexto para a anti-solidariedade com os que ainda não o podem fazer (nascituros). A absolutização da liberdade, a ponto de subtrair a solidariedade, leva ao desequilíbrio. Tanto mais quando significa anular aquele tipo de solidariedade mais fundamental para a vida social: a solidariedade entre mãe e filho.

Por outro viés, a “ecologia humana” nos faz acreditar que os homens são, sim, capazes de criar um habitat em que possam viver e desenvolver sua personalidade em sociedade. Mas para isso, é preciso reter dois princípios jurídicos fundamentais, afirmados pela ONU: a indivisibilidade e a unidade dos direitos humanos. Esses direitos só podem ser corretamente efetivados quando respeitados de maneira integral e holística. Mais do que isso: o implemento de um deve levar ao reforço de outro, como que por retroalimentação. Assim, não pode haver oposição entre liberdade e solidariedade. Alguém que exigisse, por exemplo, “liberdade total para os contratos de trabalho” e com isso levasse à desigualdade entre capital e trabalho, estaria contrapondo um direito humano (liberdade) a outro (igualdade), o que afeta o direito-dever de solidariedade. Não se trata de contrabalançar direitos opostos, simplesmente porque não se opõem. Trata-se de compreender os direitos num sistema de integração e mútuo reforço, numa perspectiva de equilíbrio. No exemplo, tal compreensão passaria pela reinterpretação da liberdade, não como agir arbitrário ou luta cega por se impor ao outro, mas como possibilidade de realizar seu próprio interesse através da solidariedade.

Desta maneira, afirmar o aborto como um “direito“ decorrente de uma liberdade absolutizada significa sustentar que um direito humano (liberdade) pode implicar na subtração ou relativização de outro (vida) ao mero arbítrio de quem detenha o primeiro. É contrapor o “eu” ao “outro” (portanto, radicalmente anti-solidário). Em última instância, é manifestação de ceticismo na realização conjunta dos direitos humanos e de pessimismo diante do futuro e da possibilidade de que se possa de fato construir uma sociedade livre, justa e solidária para todos, e não só para os autônomos ou viáveis. Mais: é sinal de intolerância diante do outro, do inocente, do indefeso.

Opor a liberdade do “eu” à vida do “outro”, ainda que no afã de privilegiar a primeira, cria uma ruptura em todo o sistema de direitos humanos a ponto de comprometer a mesma liberdade. É fácil perceber que o “discurso da liberdade” esquece a liberdade do nascituro.

É necessário questionar, pois, o que se entende por “direito à maternidade”, quando a partir dele se deduz um direito ao aborto. A absolutização da liberdade, que chega às raias do fundamentalismo, deturpa inclusive o sentido da paternidade, maternidade, filiação. O filho passa a ser visto como um “projeto”, como fruto de uma decisão calculada, como originado de um ato de poder da vontade autônoma. Obscurece-se, assim, o sentido de alteridade do filho, como alguém que chega e surpreende, como um dom que se acolhe. Instaura-se a lógica da dominação sobre o outro.

A suposta “liberdade para abortar” é uma máscara retórica que esconde uma pretensão arbitrária, qual seja, a possibilidade de uma pessoa -até por capricho- eliminar o mais frágil e indefeso. O Direito existe para que o forte não domine sobre o fraco, para que vença não a razão da força, mas a força da razão. Pretender que a lei confira um direito potestativo a uma categoria de pessoas para eliminar ou tirar a esperança de vida de todo um outro grupo de indivíduos humanos é o contra-senso do Direito e da justiça. É um ataque à própria democracia. É pretender que se crie uma nova classe de excluídos e marginalizados: os que não podem decidir, indesejados, inconvenientes ao interesse dos que podem. É abrir espaço à tirania.

Danilo Badaró Mendonça
Mestre em Direito

08 novembro 2006

Um pensamento para hoje. E amanhã.

Cuidado com os teus pensamentos: eles transformam-se em palavras.
Cuidado com as tuas palavras: elas transformam-se em ação.
Cuidado com as tuas ações: elas transformam-se em hábitos.
Cuidado com os teus hábitos: eles moldam o teu caráter.
Cuidado com o teu caráter: ele controla o teu destino.


02 novembro 2006

Exposição de "arte" ridiculariza símbolos católicos

Recebemos a notícia abaixo do boletim Cooperatores Veritatis. Acreditamos que os casais católicos, formadores de opinião e de gerações, devem estar atentos para exigir nosso direito a sermos respeitados, pois uma exposição como essa riduculariza não apenas nossa fé, mas também nosso modo de viver, especialmente em uma das vocações mais sublimes da vida matrimonial que é o serviço à vida.

Entre os dias 23 e 27 de outubro realizou-se a XXII UNIARTE, semana de artes da UNIGRAN – Centro Universitário da Grande Dourados/MS. Neste evento, mais uma vez, em nome de um falso conceito de liberdade de expressão, a Arte Contemporânea utilizou símbolos católicos de modo irreverente.

Conforme explicou o Pe. Crispim Guimarães – Assessor Diocesano de Comunicação da Diocese de Dourados – em e-mail enviado ao Prof. Felipe Aquino: “usaram terços com camisinhas no centro, uma Cruz feita de caixas de anti-concepcionais, Jesus Cristo com os órgãos sexuais expostos, animais transando sobre símbolos católicos, etc”.

Cooperatores pode constatar que uma das “obras de arte” é formada por 50 caixas de anticoncepcionais colocadas lado a lado, sobre um pano, formando o desenho de uma cruz. Entre as hastes da cruz há mais de uma dezena de terços abertos em formato triangular, cada um com uma embalagem de camisinha no centro. Há ainda outras embalagens de preservativos em volta dos terços.

Segundo o site da UNIGRAN, a reitora da instituição, professora Rosa De Dea, disse que a Semana de Artes é um espaço de formação artística dos alunos e da comunidade, que aguça o senso crítico e amplia a criatividade dos participantes. “Todos os alunos, ou grande parte deles, saem com opiniões formadas depois de participarem da UNIARTE, e é isso que é tão relevante nesse evento”, falou.

A reitora destaca a participação dos jovens e das crianças na mostra:

“A UNIARTE traz para a UNIGRAN milhares de pessoas da nossa população, entre elas, muitos jovens e crianças, e é por isso que a UNIGRAN existe: para proporcionar conhecimento para todos, e esse evento torna-se, então, um diferencial na Instituição, proporcionando conhecimento com muita beleza e sensibilidade”.

Podemos constatar em uma foto publicada em um jornal local – O Progresso - a participação maciça de crianças. Junto a foto há a informação: “Envolver as crianças com as diferentes formas de arte tem sido uma das missões da Uniarte”.

Reação da Diocese de Dourados-MS

Em uma louvável atitude o Bispo da Diocese de Dourados, Dom Redovino Rizzardo, CS, escreveu uma Carta Aberta, em 27/10, ao Deputado Federal e Vice-Governador eleito do Mato Grosso do Sul, Murilo Zauith. O deputado é também o presidente de honra da UNIGRAN.

Na Carta Aberta – publicada na imprensa local – Dom Redovino expõe sua perplexidade com a “obra de arte” exposta, dizendo que não se pode concordar “com a exposição apresentada nestes dias nos recintos da Universidade, na qual acabou sendo ridicularizada a crença e a devoção de nossa Igreja”. Em seguida o bispo questiona: “qual o objetivo que levou seus organizadores a juntar uma devoção popular, como é o rosário, com as camisinhas?”

Por fim Dom Redovino cobra uma atitude do Dep. Murilo:

“Tudo quanto conheço de Vossa Ex.ª me garante que a exposição foi feita à sua revelia e que fatos ou eventos semelhantes não sintonizam com sua personalidade esclarecida e aberta ao diálogo.” [Leia no tópico abaixo a íntegra da Carta Aberta de Dom Redovino]

UNIGRAN pede desculpas ao Bispo de Dourados

Não demorou muito para que os protestos do Bispo Diocesano de Dourados fossem ouvidos. Cinco dias após a publicação da Carta Aberta de Dom Redovino a Coordenadora do Curso de Artes Visuais da UNIGRAN, Cláudia Ollé, também escreveu uma Carta Aberta.

Na Carta, Cláudia Ollé diz ter esclarecido pessoalmente a questão com Dom Redovino e afirma:

“... preservando o recíproco sentimento de respeito e consideração, a Coordenação do curso de Artes Visuais se desculpa que uma das obras expostas tenha gerado perplexidade ou constrangimento ao sentimento religioso da comunidade católica”.

Por fim promete maior cuidado na seleção das obras a serem expostas nas próximas edições da Mostra:

“O curso de Artes Visuais da UNIGRAN, reforçando seu compromisso de promover novos eventos, em que brilham a liberdade de expressão artística e cultural, zelará para que nesses eventos o crescimento da consciência crítica se desenvolva na pluralidade, respeito e tolerância ao outro”.

Carta aberta ao Dep. Murilo Zauith

27 de outubro de 2006

Ex.mo Sr. Dep. Murilo Zauith!

Primeiramente, quero apresentar-lhe meus mais cordiais parabéns pela confiança que a imensa maioria do povo sul-mato-grossense depositou em sua pessoa, ao escolhê-lo, junto com André Puccinelli, para dirigir os destinos do Estado no período 2007/2010.

Peço a Deus que ilumine, sustente e abençoe a ambos, não apenas porque grandes e inadiáveis são os desafios que os esperam em nível de Mato Grosso do Sul, mas também porque Vossa Ex.ª faz parte do exíguo grupo de políticos que representam a nossa cidade em Campo Grande e em Brasília!

Na medida do possível e daquilo que depender de mim, poderá contar sempre com o meu apoio e a minha solidariedade.

Outro motivo que me leva a lhe expressar minhas congratulações é que precisamente hoje, dia 27, está sendo comemorado o 30° aniversário da UNIGRAN, uma Instituição benemérita para um número incalculável de cidadãos que, graças a ela, prestam um serviço mais qualificado na construção do nosso País.

Confiando na compreensão, na serenidade e no equilíbrio que o caracterizam como homem público, peço vênia para tratar de um assunto que não deixou de causar perplexidade e preocupação a mim e a muitos cristãos que fazem parte da Igreja Católica de Dourados.

Como Vossa Ex.ª sabe, na UNIGRAN são numerosos os estudantes – e, talvez, até mesmo os professores – que professam a religião católica e que, por isso, não podem concordar com a exposição apresentada nestes dias nos recintos da Universidade, na qual acabou sendo ridicularizada a crença e a devoção de nossa Igreja.

Juntamente com eles, são várias as perguntas que nos fazemos, e das quais não encontramos resposta: qual o objetivo que levou seus organizadores a juntar uma devoção popular, como é o rosário, com as camisinhas? Teriam eles a coragem de fazer algo semelhante em relação a Maomé, se morassem na Arábia Saudita? E já que – pelo que me disseram – foi montada pelos alunos do Curso de Artes Visuais, o que pode haver de artístico numa exposição dessas?

Foi-me referido que um de seus idealizadores teria respondido, a quem não concordava com a exposição, que a arte tem suas leis, e que no Brasil existe a liberdade de opinião.

A meu ver, a arte é a expressão do belo, da ordem, da harmonia, numa palavra, de tudo o que faz a grandeza do homem e da natureza. Não é seu objetivo satisfazer uma sensualidade doentia. Jamais pode associar-se à ridicularização dos sentimentos mais nobres, como são os que se relacionam com a família e a religião, nem prescindir da ética e de uma moral sadia e serena.

Por fim, poder-se-ia perguntar: o que significa liberdade e até onde alguém pode agir em seu nome? Antigamente dizia-se que a minha liberdade termina onde começa a liberdade dos outros. Posso pegar o meu carro e sair por aí dirigindo como quero? As leis do trânsito são uma limitação ou uma defesa da liberdade? Sou livre quando faço o que quero, sem me importar se estou ofendendo ou prejudicando os demais?

Não terá sido por isso que uma das vítimas da liberdade, ao ser decapitada, exclamou: «Liberdade, liberdade, quantos crimes se cometem em teu nome»?

Tudo quanto conheço de Vossa Ex.ª me garante que a exposição foi feita à sua revelia e que fatos ou eventos semelhantes não sintonizam com sua personalidade esclarecida e aberta ao diálogo. Sei também que já tomou as devidas providências para que não se repitam, pois em nada contribuem para que Dourados seja de verdade uma “cidade educadora” e a “terra de todos os povos,” alicerçada na tolerância e no respeito pelas crenças e culturas de quem quer que seja – inclusive da Igreja Católica!


Dom Redovino Rizzardo, cs
Bispo Diocesano de Dourados